Com uma longa história e raízes profundas, A Provinciana remonta aos anos 70. No entanto, foi só em 1982 que a D. Glória e o Sr. Avelino começaram a tomar conta da casa. O casal já tinha trabalhado com o irmão de Glória, que sempre teve vontade de investir e decidiu que a restauração era o negócio ideal.
“O meu padrinho precisava de alguém de confiança na cozinha. Foi por isso que pediu ajuda à minha mãe. Nós somos de uma aldeia de Vila Real e já sabem o que dizem, ninguém cozinha melhor do que as avós, tias, mães da aldeia. Os meus pais eram funcionários do meu padrinho mas, passado uns anos, a minha mãe foi à frente e comprou o restaurante ao meu padrinho”, começa por contar à NiP, Anabela Matos, filha mais velha da D. Glória e o Sr. Avelino, atual gerente d’A Provinciana.
Desde então, as propostas de compra do espaço começaram a chover nas mãos do casal, que sempre se recusou a fazê-lo, sobretudo a D. Glória, conhecida entre os clientes da casa como “Glorinha”, pois ela era a alma da casa. O facto dos clientes serem frequentadores habituais só reforça a ideia de que A Provinciana é mais do que apenas uma tasca, mas um espaço onde as pessoas se reúnem, partilham histórias, entre petiscos e bebidas.
Este spot portuense não só procura preservar as tradições culinárias que bem o distinguem, mas sobretudo o espírito acolhedor que faz com que quem lá entra, se sinta em casa. É um restaurante tradicional português, que tenta manter a essência que, durante tantos anos, a D. Glória construiu.
Anabela tomou as rédeas do restaurante há três anos, altura em que a mãe morreu. “Quando a minha mãe partiu, sentámo-nos e começámos a debater o que iríamos fazer a seguir, sendo que o encerramento estava fora de questão. Trabalhei durante 25 anos na parte de créditos da Auchan, a minha irmã Elisabete é fisioterapeuta e a minha outra irmã, Márcia, é solicitadora. De todas, eu tinha o pior horário de trabalho e não pensei duas vezes. Às vezes, o coração fala mais alto e senti que tinha de dar continuidade ao legado da minha mãe”, admite a responsável de 49 anos.
Apesar da alargada seleção de petiscos, as bifanas d’A Provinciana são as mais famosos entre os clientes, incluindo os turistas. Contudo, também poderá encontrar pratos mais substanciais como os rojões. De momento, o espaço é umas das tascas apuradas no concurso Tascando, que procura eleger o melhor restaurante deste género do País.
Não podendo concorrer com o seu prato estrela que são as bifanas, pois já tinha sido elegido por outro estabelecimento, A Provinciana candidatou-se com o segundo melhor prato que sabem fazer: moelas. Poderá encontrar este petisco diariamente no espaço, por apenas 1,60€.
O que realmente diferencia esta tradicional iguaria portuguesa é a qualidade do produto, a confeção da mesma e, sobretudo, o tempero, que é o que lhe atribui o verdadeiro sucesso ao prato. “Decidimos participar no Tascando porque é algo que vai trazer mais visibilidade ao espaço e ajudar-nos a receber feedback sobre o que devemos manter e o que melhorar”, comenta Anabela.
O espaço é ainda conhecido por receber jantares académicos quase todas as noites. “Adoramos receber os estudantes cá, apesar de que já estarmos cansados de ouvi-los sempre a cantar: ‘Mulher gorda, mulher gorda…’. Mas ajuda sobretudo a trazer outro espírito à casa, cantam, tocam, renovamos o público e garantimos uma diversidade entre a faixa etária que recebemos”, explica.
A Provinciana tem dois menus especiais para o jantar. Um deles tem o valor de 15€. Aqui, os estudantes podem escolher dois entre quatro pratos, sendo eles bifinhos, rojões, lombo ou frango assado. O menu ainda inclui as famosas moelas e pizza caseira. O segundo menu é um rodízio de petiscos por 20€, com direito a broa com chouriço, azeitonas, presunto, queijo, orelheira, alheira, chouriço assado, moelas, rojões, tripa enfarinhada, costelinhas, pataniscas, bifanas, caldo verde e ananás. Ambos os menus incluem bebida à discrição.
Além de ser restaurante no andar de baixo, funciona como pensão no piso superior. A mãe de Anabela trabalhava de perto com a Segurança Social para garantir habitações para as pessoas mais carenciadas. “Não tinha sentido acabarmos com esta vertente após a minha mãe falecer, quase que temos lista de espera com pessoas que precisam um teto. Mas a minha mãe… É o que costumo dizer, gostava de ser metade da mulher que ela foi. Se ela via alguém sem condições, fazia com que as pessoas se sentassem à mesa, servia um prato de comida e só depois as deixava ir. Ela tinha um coração enorme. No funeral, quando veio o caixão, apareceram muitas pessoas que não conhecíamos e todos bateram palmas”, recorda.
Outra curiosidade do espaço é o facto do vinho tinto ser produzido localmente em terras do Sr. Avelino e do sobrinho, o que adiciona um toque extra à experiência. Se está à procura de espaços que ainda celebram a tradição familiar, A Provinciana é o local ideal. A estação de metro do Bolhão fica próxima do espaço.
