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Alerta, gulosos: os Doces Conventuais de Arouca chegaram (finalmente) ao Porto

Jorge perpetua o legado da avó e do pai, com a abertura da loja no coração da cidade. A produção continua a ser artesanal.
Jorge e a loja no Porto.

Arouca, município da Área Metropolitana do Porto, guarda uma espécie de joia monumental no centro da vila. Falamos do Mosteiro de Santa Maria, onde nasceram as receitas de doçaria conventual criadas pelas freiras e que têm vindo a ser passadas de geração em geração, como uma herança que se pode provar desde o dia 7 de janeiro, terça-feira, no coração do Porto.

“Sentíamos a necessidade de ter uma loja física, especialmente no Porto. Arouca é uma vila pequena e é próxima do Porto. E notávamos que, à exceção dos habitantes locais, muitas pessoas nos procuravam não só para consumo próprio, mas para oferecer estas especialidades em datas comemorativas”, diz à NiP Jorge Bastos, responsável pelo negócio familiar, acrescentando: Somos muito procurados por quem trabalha no Porto ou em Aveiro. Há muito tempo que queríamos expandir um pouco o negócio. Por cá, temos muitas pessoas com uma ligação a Arouca, por isso, éramos uma referência. Agora, estamos mais próximos dos portuenses e de quem visita a cidade”.

Outro dos motivos que trouxe a marca à maior cidade do norte prendeu-se com o facto de Arouca ter mostrado à Doçaria o valor do turismo, tal como revela o jovem de 39 anos. Jorge veio de uma família que herdou estas receitas e que, atualmente, continuam a ser produzidas na Fábrica dos Doces Conventuais, em Arouca, e trazidas diariamente para o centro do Porto.

Trata-se de um negócio muito antigo, que começou com a tia avó que, não sendo freira, foi parar ao Mosteiro, porque as monjas da época tinham dificuldade em fazer as tarefas diárias necessárias, dada a dimensão do espaço. Aqui, iam buscar criadas para ajudar na limpeza e na cozinha. Esta tia avó foi das últimas criadas do Mosteiro, tendo ficado lá até à morte da última freira.

“Na data da morte da última freira, o Mosteiro ficou desabitado e esta tia avó decidiu levar para fora de portas as receitas e começou a comercializá-las. Passou as receitas à minha avó, ao meu pai e depois para mim. Ainda cheguei a ajudar a minha avó na produção”, recorda o jovem.

Uma herança para provar.

Formado em Fisioterapia, Jorge não conseguiu desligar-se da herança na doçaria. Inicialmente, o pai vendia os doces em cafés da vila ou no porta a porta. A partir de 2018, começaram a investir em lojas pop up, tanto no El Corte Inglês Gaia como no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, em datas festivas como a Páscoa ou o Natal, com o intuito de chegar a mais pessoas. Contudo, existia sempre a ambição de ter uma loja.

“Sempre tentámos ter alguns dos nossos produtos em confeitarias e cafés no Porto. Recebíamos muitos pedidos de espaços que queriam revender os nossos doces. Mas estes, e devido ao seu processo manual e rudimentar de produção, são muito delicados, não é algo para ter na montra mais do que dois dias. Também recebíamos encomendas online e por correio, era pouco sustentável. Precisávamos da loja”, admite.

Nesse sentido, os processos de produção continuam a ser “exatamente iguais”, até porque por se tratarem de processos manuais e pela própria confeção do doce em si, que é demorada e sem conservantes, não daria para alterar o seu processo. Aquilo que, eventualmente, pode ser alterado é a qualidade da matéria-prima, algo que a família tenta “combater a todo custo”.

Já tinha provado algum destes doces?

Apesar de poder provar todos os doces tradicionais, o que desperta mais curiosidade são as morcelas doces. Contudo, por lá encontra a barriga da freira, as roscas de amêndoa, as castanhas doces, os ovos de pega, os charutos de amêndoa ou as pedras parideiras. O preço varia entre os 8€ e os 20€, sendo que dependerá do produto em si e das unidades por caixa, podendo ir até às 12 unidades.

A loja fica junto à sede do Banco de Portugal, no Porto, e conta com uma decoração elegante, contrastando com os tradicionais doces. O espaço tem alguns lugares para se sentar e beber um chá ou café, acompanhado de alguma iguaria. “É uma boa oportunidade para reviver a história, conhecer as nossas origens e manter vivas as nossas tradições”, reforça Jorge. A estação de metro dos Aliados fica próxima da loja dos Doces Conventuais de Arouca.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Rua do Dr. Artur de Magalhães Basto, 12
    4000-096 Porto
  • HORÁRIO
  • Todos os dias das 10h às 20h
PREÇO MÉDIO
Menos de 10€
TIPO DE COMIDA
Doces

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