Tudo começou em maio de 2021 na Póvia de Varzim. Os dois amigos Pedro Neves e António Pedro decidiram lançar-se abrir uma padaria de fermentação natural na cidade. Uma sociedade que fazia todo o sentido. O primeiro, de 34 anos, tinha experiência em cozinha e no fabrico de pão; o segundo, um ano mais novo, é formado em fotografia mas já tinha posto, literalmente, “as mãos na massa”.
A massa mãe utilizada para fazer o pão de fermentação natural contém “bactérias” que levedam o pão de forma natural, é uma espécie de bicho, e não haveria melhor nome para esta padaria de bairro que posteriormente viria a ganhar uma cafetaria de pequenos-almoços simples.
“Na altura sentíamos que havia uma lacuna enorme na Póvoa nesse sentido — não encontrávamos comida boa sem proteína animal. Por isso, a nossa carta é vegetariana e desde sempre o objetivo do Bicho foi fazer o máximo de coisas de raiz, com produtos de qualidade, sazonais e de proximidade, na sua maioria biológicos”, começa por explicar à NiP, Teresa Justo. A jovem de 30 anos é formada em comunicação, mas a sua paixão pela restauração levou-a a seguir este caminho, juntando-se a Pedro e António.
A Póvoa é uma cidade pequena, por isso mesmo os sócios rapidamente perceberam que teriam de ser criativos para o Bicho ser mais sustentável. Começaram como padaria, mas acabaram por virar café e restaurante, com mais opções de pequenos-almoços e almoços diários, com produção própria de pão e pastelaria e a revenda de produtos.
Em pouco tempo, o projeto poveiro começou a tornar-se famoso. Até havia portuenses (e não só) que viajavam para a Póvoa para provar o aclamado pão do espaço — e outras especialidades. Muitos outros frequentavam o café, depois de terem provado o pão em alguns restaurantes do norte.
Na zona mais alternativa do Porto, os responsáveis pelo Bicho decidiram abrir portas na passada quarta-feira, 24 de julho. Um antigo atelier de restauro dá palco agora a um espaço que, apesar de ser pensado com todo o cuidado e detalhe, tem elementos crus e uma envolvência despretensiosa. Essa negligência q.b. também é cultivada na oferta gastronómica. Os empratamentos são bonitos, mas com algum desleixo propositado e elementos mais brutos.
“Procuramos ser genuínos, de uma forma nua e crua. É neste espaço aberto, grande e airoso que nos despimos de etiquetas e presunções. É importante que o espaço reflicta quem somos. Gostamos da zona de Cedofeita, porque tem vida mas ainda assim é calmo, sem o exagero turístico doutros pontos da cidade”, comentam os sócios-gerentes.
Teresa acrescenta: “Alguns dos elementos da equipa já trabalhamos nesta zona e conhecemos negócios — mesmo sem ser da restauração — com os quais nos identificamos, por isso estar neste bairro fazia sentido. Sabe bem voltar a esta zona e ter a companhia de outros pares. Para nós, é algo muito saudável para um negócio — ter outras pessoas a construir projetos semelhantes ao nosso lado”, defende.
O espaço em si chama a atenção por ser amplo e ter uma fachada envidraçada. Lá dentro, nem parece que o espaço abriu há pouco mais de duas semanas. Os clientes enchem as mesas, e outros esperam por lugar. Há o grupo que vai tomar café e atualizar o feed do Instagram com fotos em mais um spot aesthetic do Porto. Outros aproveitam a pausa laboral para “comer um docinho”. Há ainda o trabalhador remoto para um almoço tardio e à vista também saltam casais e famílias com filhos, um público muito estimado pela gerência.
“Conhecer pessoas, conversar com elas, ver crianças a ficar crescidas… São tudo coisas muito importantes, quando se trabalha em atendimento ao público. O facto de muitas pessoas, sobretudo na Póvoa, terem começado a comer pão de fermentação natural, a experimentar mais comida vegetariana, a conhecer legumes e outros ingredientes que não conheciam, é o que nos dá fôlego para inovar e continuar a apostar na qualidade dos produtos”, afirmam os responsáveis.
Tal como acontece na Póvoa, no espaço do Porto a carta é variada, 100 por cento vegetariana e com opções veganas e isentas de glúten. No menu destacam-se propostas como pão, pão especial do dia ou pão sem glúten e brioche. Estas opções podem ser acompanhadas com manteiga fermentada, azeite, queijo, “queijo” de caju fumado, manteiga de amêndoa, compota caseira ou ovo estrelado. O preço do pão varia entre os 1,50€ e os 3€, já os acompanhamentos vão dos 1,50€ aos 4,50€.
Outras propostas em destaque são as panquecas com fruta e manteiga de amêndoa (9€), iogurte com granola e fruta (6,50€), rabanada de brioche (8€), tosta de queijo gousa, cebola caramelizada e salada ou tosta de ovos, molho de tomate, verde e queijo Terrincho D.O.P, ambas sugestões por 11€.
Os pratos podem ser acompanhados com bebidas como infusão do dia fria, tisana ou chá quente, limonada, sumo de laranja ou maçã e kombucha a pressão. Há ainda cerveja e vinho da casa, bem como o café de especialidade, com uma variedade que vai do espresso até ao flat white (1,50€ até 3,20€).
Carregue na galeria para conhecer o novo coffee shop do Porto com padaria e pastelaria de fabrico próprio. A estação de metro dos Aliados fica a poucos passos do Bicho Porto.