Fundado em 1974, o Barcarola, na Rua Costa Cabral, tornou-se num dos restaurantes mais reconhecidos do Porto. Depois de um período de perda de algum vigor existente aquando do seu lançamento, foi adquirido em 1993 por uma família de portuenses, composta por Manuel e Raquel Leal e João Catanho.
Os três portugueses, emigrantes em Moçambique e África do Sul, trabalharam no ramo junto de comunidades de raiz portuguesa e decidiram voltar à cidade natal para trazer um novo conceito de restauração. Em 1998, Manuel expandiu a marca com a abertura de um Barcarola, no Arrábida Shopping. Esta loja revelou-se um sucesso e motivou a inauguração de mais duas lojas em centros comerciais, com o objetivo de se aproximar cada vez mais dos portuenses.
A primeira foi 2003, no Parque Nascente e a segunda, no centro comercial Dolce Vitta, em 2005. Mais tarde, a loja no Parque Nascente encerrou quando terminou o contrato com o centro comercial. Até à data, mantêm-se as lojas do ArrábidaShopping e do Dolce Vitta, para além da “casa-mãe” na Rua de Costa Cabral, próxima do centro da cidade.
Os três sócios, agora na casa dos 60, continuam ativos no dia a dia do restaurante. Contudo a nova imagem do Barcarola, vem com um novo membro da família a juntar-se à gerência. Mário Leal, filho de Manuel, tem ligação à restauração desde os seus 15 anos. Mário, formado em Gestão Hoteleira e Economia Internacional, ganhou grande parte da sua experiência profissional no setor hoteleiro português e asiático, destacando-se nomes como o Sheraton, Luxury Collecion, o Grupo Sands e o Mandarin Oriental.
A missão do jovem de 36 anos é simples. A hospitalidade sempre foi a palavra-chave do Barcarola, com funcionários com mais de dez a 25 anos de casa, e é isso que procura manter nesta nova imagem e vida do restaurante portuense.
“Na verdade, não havia uma grande necessidade de fazermos uma remodelação aprofundada. As três casas funcionam bem e são espaços bonitos e agradáveis que tiveram uma renovação há oito anos. Contudo, queríamos melhorar alguns pontos e aproveitar para dar algo novo aos nossos clientes, como foi o caso do mobiliário, a iluminação e a zona do bar”, começa por contar o jovem, agora responsável pela marca cinquentenária.
E acrescenta: “Embora a última renovação tenha sido há relativamente pouco tempo, a imagem geral apresentava algum desgaste a vários níveis e consideramos que era o momento certo para nos atualizarmos”, defende.
Apenas o espaço de Costa Cabral foi renovado, começando os trabalhos em junho de 2024, abrindo portas ao público no dia 1 de agosto, quinta-feira. Prevê-se a renovação das lojas no Dolce Vitta e ArrábidaShopping, que deverão decorrer entre novembro deste ano e janeiro de 2025, respetivamente, de forma a uniformizar a nova imagem da marca, que incluiu ainda um novo logotipo e moodboard digital.
“Quisemos que o rebranding fosse mais minimalista, moderno e com um toque divertido. O logotipo é inspirado no nosso primeiro logo, que constava de uma barca ou caravela dos anos 70. Voltamos a trazer o tema do mar mas, desta vez, não de uma forma tão literal, apresentando apenas as velas de forma mais abstratas e o nome do restaurante como se fosse uma onda. O logo acarreta a nossa história, mas de uma forma mais divertida”, explica.
Quanto à decoração do espaço, pode encontrar elementos históricos para sentir um pouco de nostalgia do que o restaurante já foi outrora. Há várias fotografias a preto e branco do espaço original e das mudanças feitas ao longo das décadas. Pode encontrar também um néon do logotipo original, como um tributo histórico.
Outro elemento que se destaca é o mural junto às escadas, que dá acesso ao piso superior do restaurante. Em parceria com a artista portuense Mariana Baldaia, a parede retrata o empregado dos anos 70 a servir a francesinha à Barcarola aos mais variados clientes. Há ainda copos de cerveja a brindar, representando aos fãs da bola, ou uma pintura de uma francesinha desconstruída que representa os miúdos no Barcarola, em que o irmão está a puxar o cabelo ao mais novo, da mesma forma, que está a tirar uma batata.
A renovação criou ainda mais conforto na sala, quer pelas mesas redondas, quer pelo sofá em tecido. A equipa trouxe ainda uma nova dinâmica à zona do bar, com um balcão contemporâneo de bancos altos virados para a sala interior, ideal para os clientes que gostam de um novo dinamismo e onde podem conviver mais com os funcionários de mesa e balcão.
No que toca ao menu há também várias novidades. Em termos de bebidas, há uma limonada sazonal para cada estação do ano. Atualmente é servida uma limonada de pepino que se apresenta lisa e muito fresca. A lista de vinhos também foi renovada, destacando propostas de Trás-os-Montes.
Nos cocktails destaca-se o da casa, que é uma proposta fresca, complexa e cheia de sabor. Em termos de estilo é algo entre uma caipirinha e um pisco sour. Há ainda duas novas torneiras no balcão, com uma proposta alemã, a Paulaner, e uma belga, a Cuvee de Trolls, ideais para acompanhar qualquer refeição.
De quinta-feira a domingo, ao jantar costuma haver menos afluência, por isso decidiram usar a oportunidade para apresentar duas novidades. A posta de vitela à moda da casa, que é um corte nobre do coração de alcatra, na grelha pincelada com um molho de alho e ervas, servida com batata a murro e grelos salteados. O segundo prato é um bife laminado, tenro e servido com um molho de rosbife, com batatas às rodelas e legumes salteados.
Contudo, não podemos deixar de fazer referência a outros pratos da carta que são bastante populares, como é o caso dos bifes (a partir de 10,10€) e da espetada de lulas (9,50€). O prato do dia (a partir de 7,35€) é sempre a opção mais concorrida durante os almoços, variando diariamente.
Outra novidade, durante as tardes, entre as 15 e as 18 horas, o restaurante propõe várias tapas, destacando os preguinhos em pão de carcaça saloia. A grande estrela da carta é, sem dúvida, a francesinha (a partir de 9,50€), a pensar no paladar dos portuenses, com uma receita tradicional com 50 anos de história. Afinal de contas, não é por acaso que o Barcarola seja considerado uma “Catedral das Francesinhas”, contribuindo de forma acentuada para o prestígio daquele que é um ex-libris da gastronomia tripeira.
“O grande segredo, para além da nossa experiência, está na qualidade dos ingredientes. Por exemplo, usamos sempre os enchidos da afamada Salsicharia Leandro, o bife é de alcatra, bom e tenro, o molho é feito diariamente com horas de fogāo, para que o molho fique suave, com uma base de tomate e caldo de carnes, mas apresenta-se complexo, com um trave a picante e cerveja”, reforça Mário.
O Barcarola celebra os 50 anos de história com uma nova imagem, mas sempre a celebrar a gastronomia portuguesa inserida na cultura nortenha. O conceito é de raiz snack-bar portuense e concentra-se em oferecer uma agradável relação preço-qualidade, com base em receitas e métodos de culinária tradicional para especialidades diárias e para as famosas francesinhas, para além de oferecer uma serviço de hospitalidade de uma maneira confortável, descontraída e familiar.
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