No topo do hotel Torel Avantgarde, a poucos passos do centro histórico do Porto, o Digby oferece uma experiência diferenciada. Mas antes de mergulharmos na nova carta de verão e nos sabores que o chef João Figueirinhas preparou, vale a pena conhecer a origem do nome deste espaço tão singular.
O nome do restaurante é inspirado no livro “The Closet of Sir Kenelm Digby Knight Opened”, onde o aristocrata britânico do século XVII, Sir Kenelm Digby, reúne pensamentos, receitas e técnicas que influenciam a cozinha do espaço. Com base neste receituário histórico, desde maio de 2023, o chef Figueirinhas desenvolve uma proposta que combina tradição e inovação, dando primazia aos ingredientes frescos e à sazonalidade.
Natural do Porto, formou-se na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril e tem um percurso marcado pela dedicação à cozinha portuguesa contemporânea. Antes de assumir o Digby, Figueirinhas trabalhou com chefs premiados, o que lhe permitiu desenvolver uma técnica apurada e uma visão criativa da gastronomia nacional. “Vou buscar inspiração à história e cultura portuguesas, mas gosto de explorar a irreverência e a inovação — sem nunca esquecer a qualidade dos produtos,” explica.

A nova carta de verão reflete esta premissa, com uma seleção de pratos que mesclam a riqueza dos sabores tradicionais com técnicas modernas e um toque de sofisticação. Desde as entradas até às sobremesas, cada prato foi pensado pelo chef para surpreender e confortar.
“Para mim, cozinhar é também uma forma de respeito pelo produto e pelo ambiente,” destaca João. Por isso, a nova carta aposta no reaproveitamento consciente: “Utilizamos cascas, aparas e espinhas para criar molhos e caldos ricos, como a tepache feita com cascas de abacaxi ou o garum fermentado que realça a tartelete de sardinha”, explica.
Esta abordagem sustentável revela a habilidade do chef em transformar cada componente, evitando desperdícios e valorizando a tradição dos estufados, fermentações e tartes, inspiração direta da obra do aristocrata Kenelm Digby. “Queremos que cada prato conte uma história, desde a origem do ingrediente até servido,” conclui.
Comecemos então por descobrir os segredos das entradas, que dão o mote para o que virá a seguir. A tartelete de sardinha (10€) é uma homenagem ao peixe tão emblemático da costa portuguesa, servida com um delicado garum — uma fermentação ancestral feita com as partes interiores da sardinha, — que dá uma profundidade inesperada. A sopa de cavalo cansado (9€), típica do Douro e Trás-os-Montes, chega com uma cebola salgada que eleva o tradicional vinho e pão, criando um caldo reconfortante e cheio de personalidade. E para quem gosta de sabores mais contundentes, as bifanas Digby (13€) são servidas em pão de batata com molho tradicional e lombo de porco suculento, um clássico com requinte.
Nos pratos principais, as carnes destacam-se pela qualidade e autenticidade. As icónicas tripas à moda do Porto (22€) são reinventadas com lombinho de porco, feijão e cenourinhas, mantendo o espírito original com uma apresentação mais leve e contemporânea. O arroz de pato (24€) chega com um magret fumado, espuma de queijo e cebolinha, enquanto o leitão com gnocchis fritos e cogumelos shitake (30€) é servido com um molho cremoso de queijo que torna cada garfada uma festa.
Já quem prefere peixe não fica atrás: o robalo assado (25€) acompanha um arroz com o molho do assado e um toque cítrico de limão, e o tamboril com caldeirada (30€) mantém a tradição com batatas e pimentos, num prato reconfortante e equilibrado. As propostas plant based não ficam atrás em criatividade. O cozido à portuguesa vegetariano (10€) é uma terrina de legumes cozidos, rolo de feijão e nabos, uma reinterpretação saudável e saborosa do clássico. O puré de aipo (15€) com aipo tostado e pickles de aipo fecha com chave de ouro esta oferta cheia de frescura.
Para terminar, as sobremesas são um capítulo à parte. A pavlova de lichias e morangos (9€) traz uma leveza frutada e colorida, enquanto o salame de chocolate, cerejas e pistácio (7€) é uma explosão de sabor e textura. Mas a estrela é a rabanada do céu (8€), uma gulodice que junta a tradicional rabanada portuguesa a uma reinterpretação das natas do céu, com caramelo de bolacha Maria e doce de ovos — um final irresistível para quem quer um toque clássico com um twist moderno.
O bar do Digby é também um destaque que merece atenção. Os cocktails de autor (10€ a 15€) são inspirados em figuras do mundo das artes, como Van Gogh e Frida Kahlo, oferecendo bebidas sofisticadas e cheias de personalidade. O Nina Simone, por exemplo, é uma mistura suave e aromática, enquanto o Alfred Hitchcock é um sour de whiskey com maçã, limão, clara de ovo e Angostura Bitter, perfeito para quem gosta de sabores intensos e equilibrados. A carta também inclui tostas e saladas, para quem quiser petiscar.
Aberto todos os dias, das 11h30 às 22h30, o Tenro by Digby (o nome completo do restaurante) oferece menus ao almoço e jantar; o executivo custa 35€ e está disponível de segunda a sexta-feira. As propostas do novo menu estsão disponíveis ao jantar, de segunda-feira a domingo, entre as 19h30 às 22h30. Existe ainda a possibilidade de provar as novidades ao fim de semana, durante a hora do almoço, das 12h30 às 15 horas.
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