“Da terra para o copo” é o mote do novo wine bar do Porto, com vista para a cidade e o rio Douro. O objetivo é privilegiar o trabalho de pequenos produtores, a agricultura familiar e o meio ambiente. O conceito inovador, que torna mais sustentável o consumo de vinho, servindo-o diretamente em torneiras, nasceu em São Paulo, no Brasil, e acaba de abrir a sua primeira casa na Europa e em Portugal.
“Queremos promover a sustentabilidade, reduzindo a produção, transporte e descarte de embalagens de vidro, promover a economia circular e facilitar o acesso a vinhos de qualidade a preços competitivos. Procuramos aproximar o público a uma nova geração do vinho português, com quem trabalhamos de forma muito próxima”, começam por contar à NiP, Carlos e Aana Carolina Chaves, casal e sócio da casa Tão Longe, Tão Perto, no Porto, juntamente com Ariel Kogan.
Natural da Argentina, Ariel, tal como os portugueses, está habituado ao alto consumo diário de vinho, seja em simples refeições, em celebrações, para pôr a conversa em dia com amigos, ou mesmo para aproveitar a nossa própria companhia em casa. Ficou surpreendido quando decidiu abrir uma importadora de vinhos no Brasil e reparou que o consumo do vinho nesse país, não era tão acessível e democrático, como no seu país natal.
Na altura da pandemia decidiu, juntamente com a sommelier e empresária brasileira Gabriela Monteleone, fundar um conceito revolucionário no Brasil: vinho em torneira. “No nosso espaço em São Paulo salvámos mais de quatro mil garrafas de vidro. Entre 2023 e maio deste ano, já poupámos mais de duas mil. Estes números provam o nosso compromisso com a sustentabilidade, tanto ambiental como financeira”, reforça Ariel.
Apesar da sustentabilidade ser um fator importante da marca, inicialmente nasceu, com o objetivo de trazer o produtor para a casa dos clientes. “Foi logo no primeiro dia da pandemia que surgiu esta ideia. Os restaurantes estavam a fechar e só nos perguntávamos o que viríamos a fazer. Tudo fez sentido, estávamos longe, mas tínhamos de garantir a proximidade dos clientes com os produtores, daí o nome Tão Longe, Tão Perto”, explicam.
A dinâmica era simples, os clientes recebiam em casa uma garrafa de vinho e um folheto a falar sobre a bebida em si, bem como do produtor. Era como uma conversa à volta do vinho, à distância. Quando as restrições levantaram, surgiu a necessidade de criar um local onde as pessoas pudessem juntar-se, abrindo em 2023 o wine bar em São Paulo. “A nossa ideia era oferecer um vinho de qualidade, num formato sustentável e a um preço justo”, acrescentam.
A vida de Carlos e Ariel viriam a cruzar-se quando Ariel casou com a irmã de Carlos e juntamente com a sua mulher, Ana Carolina, começariam a aventurar-se também no mundo dos vinhos. Ana é formada em publicidade, Carlos em finanças e ambos estavam à procura de um novo desafio, fora das suas áreas profissionais. Há um ano, o casal decidiu emigrar para o Porto. Exercendo em teletrabalho as suas profissões principais, começaram a explorar a possibilidade de abrir a casa Tão Longe, Tão Perto na cidade.
“Era a combinação ideal. Ariel era o expert em vinhos, eu em comunicação e o Carlos em finanças, não tinha como dar errado”, confessa Ana Carolina. Ariel, que sempre teve um fascínio pela Europa, não desistiu da ideia e seguiu o cunhado e a mulher até ao outro lado do mundo, à procura de produtores locais e nacionais para privilegiar no seu projeto.
Assim nasceu, no dia 8 de junho, o primeiro wine bar da cidade a servir vinho diretamente de torneiras. Das disponíveis jorram seis vinhos, dois tintos, dois brancos, um rosé e um orange, de quatro primeiros produtores parceiros, a Quinta do Javali e Pormenor, do Douro; APRT3 — Wine Creators, de Lisboa e, Textura Wines, do Dão. Projetos emergentes, muito focados em práticas sustentáveis, que resultam em vinhos com baixa intervenção.
O vinho é servido diretamente da torneira num jarro e levado até à mesa para o cliente se servir no copo. Os tamanhos vão de 100 mililitros (3,50€) a um litro (27€) e também há cálices de vinho do Porto da Quinta do Javali Tawny (5€) e Reserva White (7,50€), assim como garrafas growlers, de 500 mililitros e um litro, para poder levar para casa e voltar a encher quando quiser. Estas garrafas incluem um código QR com indicações de como ser limpa.
“Armazenados em barris de 20 ou 30 litros, permanentemente reabastecidos, esta é uma solução prática e simples capaz de preservar a qualidade e a frescura do vinho sem oxidação durante vários meses. A valorização do trabalho dos produtores faz parte da alma do Tão Longe, Tão Perto. Em breve, teremos também disponível uma sidra portuguesa, da marca Humus Wines”, explicam os responsáveis do projeto.
Para acompanhar os vinhos, existe uma seleção de queijos e enchidos artesanais, assinados por pequenos produtores portugueses. A tábua de queijos (15€) do restaurante e queijaria Ponte dos Cavaleiros reúne queijos de cabras e ovelhas nativas da Serra da Estrela, curados por até 120 dias, já os enchidos (17€), feitos a partir do Porco Preto de Raça Alentejana, criado com alimentação natural e curado até 36 meses, chega da marca Absoluto. Além da tábua mista de queijos e enchidos (19€), há ainda azeite da Quinta do Noval (Douro), azeitonas da Quinta Mourisca e pão de fermentação natural vindo diretamente da Padaria Madan, na Foz do Douro.
O wine bar situa-se numa artéria da cidade que desagua na Ribeira e fica próximo da estação de metro do Jardim do Morro. Ocupa ainda um edifício com mais de 70 anos de história, onde as paredes de granito foram preservadas e saltam à vista as torneiras de vinho, o sofá, as mesas altas, o balcão exterior e uma grande janela com vistas para as caves de vinho do Porto, o Rio Douro e as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia.
A banda sonora selecionada e o horário de funcionamento prolongado até ao pôr do sol fazem desta nova casa portuense dedicada em exclusivo ao vinho, um espaço que privilegia o convívio e a partilha, num ambiente descontraído e acolhedor, como se estivesse em casa. A dinâmica do espaço prevê ser rotativa, para mostrar as propostas dos mais diversos pequenos produtores nacionais ao longo de todo o ano.
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