Não é apenas um bar nem é uma discoteca, é um clube noturno onde vai encontrar um conjunto de diferentes salas com ambientes distintos e sempre envoltos num certo mistério. Depois de algumas semanas em soft opening, o Maria Pistolas abriu a 12 de maio e quer ser um local de culto no Porto.
O projeto começou a ser pensado há cerca de cinco anos, quando os agora responsáveis do espaço faziam aqui algumas festas e produções. Na altura, o conhecido Rádio Bar esteve quase para mudar de mãos, mas uma questão de saúde do dono afastou o negócio. O edifício acabou por ser vendido a um grupo de Lisboa, mas a ideia continuava.
“Durante a pandemia víamos o espaço fechado e tínhamos pena, entrámos no carro e fomos a Lisboa e conseguimos chegar a um acordo para ficar com o espaço. Depois, estivemos algum tempo para decidir o que íamos fazer aqui”, começa por explicar à New in Porto um dos responsáveis, Pedro Sousa. Em conjunto com Tiago Caetano, Miguel Quelhas e António Ribeiro, têm também espaços como o Tiki Taka.
Para quem não conhece, os donos explicam que este edifício na Praça D. Filipa de Lencastre está recheado de histórias. Contam que aqui foi o primeiro tribunal da cidade e que nele foi julgado Camilo Castelo Branco, curiosamente, pelo pai de Eça de Queiroz. Aqui também chegou a ser a morada do Clube Primavera, dos primeiros clubes noturnos do Porto. Além disso, uma das principais salas do espaço aparece em “Porto da Minha Infância”, de Manoel de Oliveira, e terá sido aqui que o próprio cineasta decidiu o nome do seu sucesso “Aniki Bobó”. Posteriormente, chegou até a ser uma central de camionagem.
Quanto ao passado mais recente, os atuais donos ficaram ainda durante algum tempo sem saber ao certo o que iriam querer fazer do espaço. Já em obras, pensaram que queriam um restaurante, depois um bar e depois uma mistura de ambos. A única coisa que tinham clara é que queriam manter os traços mais históricos do local.
“Fizemos questão de estar muito envolvidos na restruturação da obra porque queríamos preservar a essência do edifício”, sublinha Pedro. A ideia passou precisamente por juntar diferentes estilos como o mais clássico e o moderno, o lado histórico do edifício com um toque mais industrial, sempre com o objetivo de provocar várias sensações em quem visita o Maria Pistolas. Isso é visível nas quatro salas do piso de cima e na sala do clube, que fica no piso inferior.
Todo o edifício tem como elemento de ligação a luz, há vários néons com diferentes modos de funcionamento e que criam atmosferas tão diferentes em que é possível descobrir e redescobrir recantos a cada visita. A sala que dá para a frente do edifício mantém as inscrições nas paredes ainda do tempo em que era tribunal e no chão nota-se o estrado onde dançavam as bailarinas do Clube Primavera.
“Fizemos questão de manter esta sala quase intacta, só a parte eletrónica foi adicionada por nós, mas fizemos questão de manter tudo“, diz Tiago Caetano. Existem bares com distintas opções para conjugar com os ambientes e até uma sala mais recatada onde a música está mais baixa e dá para conversar. O piso inferior, por oposição, tem um estilo mais próximo ao de uma discoteca.
Com um espaço total que poderá albergar até cerca de duas mil pessoas, tem outro elemento que é comum às salas do piso superior: a música. Ainda assim, os ambientes das diferentes salas dão outras perspetivas à mesma música.
A programação musical é, aliás, uma das grandes apostas do local, que apresenta semanalmente DJ internacionais e que está aberto a diferentes estilos de música. “Tanto a programação como o espaço estão com uma dinâmica muito cuidada para que as pessoas saiam daqui e passem a palavra”, assegura Tiago.
Com um ambiente mais de bar, à hora de abertura, que se vai transformando em algo mais animado e discoteca com o decorrer da noite, têm vários cocktails de autor. Aqui não há consumo obrigatório para quem entra antes da meia-noite e mesmo depois disso o valor é sempre consumível. Na carta vai encontrar cocktails com significado como o “Camilo Castelo Branco” (12€), o “Clube Primavera” (12€), o “Meu Amor” (12€) ou o “Aqui foi o Rádio” (12€), mas também existem opções sem álcool igualmente carregadas de sentimento como o “Porto da Minha Infância” (7€) ou o “Zé Maria Queiroz” (7€). Quem preferir, também encontra clássicos como a caipirinha (9€), o Porto tónico (9€) ou o negroni (10€).
Com as suas diferentes salas e ambientes, o Maria Pistolas quer ainda chegar a diferentes públicos, com idades variadas e sem excluir ninguém à partida. O objetivo passa até por conseguir agradar a vários tipos de clientes através dos diferentes ambientes disponíveis.
Para o futuro, pensam em alargar a oferta para incluir um restaurante e alguns snacks noite dentro mas, mais do que isso, querem tornar-se uma referência incontornável na noite portuense, tanto para nacionais como para estrangeiros. “Gostaria que fôssemos a Livraria Lello das discotecas ou dos bares”, remata Pedro.
Carregue na galeria para espreitar um pouco do Maria Pistolas.