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Frágil. Novo cocktail bar do Porto quer “revolucionar” as noites da Baixa

Abriu a 3 de janeiro, na fronteira entre Paranhos, Bonfim e Antas. Serve bebidas autênticas e despretensiosas para a vizinhança (e não só).
O espaço.

Cada vez é mais comum os portuenses fugirem da Baixa quando vão sair à noite. Entre as obras e o mercado saturado, acabam por “escapar” para outras zonas da cidade. Contudo, é pouca ou quase inexistente uma oferta exclusivamente dedicada a cocktails, o que obriga a criar toda uma logística para ganhar coragem e rumar ao centro histórico para beber uns copos com os amigos. 

Se for o seu caso, temos boas notícias. No passado dia 3 de janeiro, saiu a lotaria grande à zona do Bonfim, Antas e Paranhos. António Rosário abriu as portas do Frágil, um cocktail bar “one show man”, pelo menos por enquanto, que quer diversificar a oferta nesta zona da cidade e trazer o que falta e há em excesso no centro do Porto.

“A ideia é mesmo essa. Trazer um pouco do que existe no centro do Porto para esta zona, para preencher essa lacuna. E ao mesmo tempo, trazer uma oferta que já pouco ou nada se vê nos bares na Baixa: um atendimento personalizado”, começa por explicar à NiP, o jovem de 30 anos.

E acrescenta: “Sobretudo às sextas-feiras e sábados, não conseguimos, enquanto bartenders e mixologistas, dar atenção às pessoas que servimos. Os espaços são grandes, a afluência é ainda maior. É saturante. Aqui, a experiência é focada no consumidor”. 

Natural de Viseu, António vive no Porto sensivelmente há uns dez anos, confessando que a cidade nortenha “lhe roubou o coração”. É formado em Design e para pagar os estudos trabalhava num bar na noite portuense. Foi aí que começou a ganhar a paixão pela arte do bom beber — ou fazer, melhor dito.

Ainda chegou a trabalhar na área do design e tecnologia, tendo participado em vários projetos internacionais. Contudo, e apesar de ser um ramo que ainda aprecia, aprendeu a vê-lo com outros olhos enquanto o ‘bichinho’ pelas bebidas só crescia. “Descobri que não era o que queria e não me fazia feliz. Acabo por fazer design de produto — área na qual se especializou — só que de uma forma diferente. Não tanto enquanto o cocktail como produto em si, mas seguindo a linha de pensamento com foco na experiência do consumidor, as texturas, aromas, o espaço”, admite. 

Depois de abandonar o design, passou uns seis anos no mítico bar Terra Plana, antes de seguir com um projeto próprio, o Shake and Stir, em que se focava em dar workshops e ensinar às pessoas o arte da mixologia, num pequeno corner no Centro Comercial de Cedofeita. “Muitas pessoas tinham interesse em aprender a fazer cocktails em casa. O maior desafio foi ensinar o arte dos cocktails de autor e mostrar que este universo vai para além das clássicas bebidas, como mojitos ou piñas coladas”, acrescenta. 

O artista por detrás dos cocktails.

Contudo, com o passar dos anos, o sonho de ter um espaço próprio foi ganhando forma. Em outubro do ano passado, essa vontade começou a virar realidade quando a companheira lhe ofereceu um kit profissional de bartender no seu aniversário. O presente vinha numa caixa de encomenda. “Frágil” era uma das palavras que sobressaía na mesma, indicando que o conteúdo lá dentro era delicado. Como se de uma epifania se tratasse foi aí que surgiu o nome do espaço.

“Por muitos motivos, muitas vezes, sentimo-nos frágeis e vamos ao bar refugiar-nos na bebida. Ou pelo contrário, estamos bem mas depois de uns copos ficamos frágeis”, diz em tom de brincadeira. “Mas por outro lado porque cá é tudo delicado e feito com delicadeza, desde a bebida até o copo onde é servida”, sublinha. 

O Frágil não é como qualquer bar. É uma viagem no tempo que convida a um copo ao final do dia de trabalho ou a longos serões noturnos com amigos. O espaço é acolhedor e faz lembrar as antigas casas de avó. O principal motivo talvez seja a mezzanine, onde encontra diversos quadros e molduras, entre outros objetos que facilmente lhe fazem lembrar a sala da avó. 

“Queria que fosse um espaço íntimo, mas confortável, em que as pessoas se sentissem em casa enquanto bebem um cocktail de autor ou um vinho natural”, conta. Para reforçar esta ideia, algumas das propostas do bartender são servidas em copos de cerâmica, tendo por base um guardanapo que remete para os tecidos em croché feitos por estas figuras maternais.

O espaço é descomplicado, despretensioso e simples — porque afinal, nem sempre há que inventar muita coisa para criar bons momentos de convívio, basta apenas boa música e boas bebidas, e é algo que por cá, está garantido. Entre as propostas, não poderia faltar o Tropicália (10€), o cocktail que lhe deu o segundo lugar ao António na Graham’s Blend Port Competition em 2023, preparado com Graham’s n12 Ruby, goiaba, hibiscus e espumante. 

Há sabores para todos os gostos. Para quem prefere notas tropicais, o “Old Monkey” (10,50€) com Abuelo Añejo, Banana, Imperial Stout e Baunilha, é a proposta certa. Já para quem quer uma rápida viagem até Ásia, aconselhamos o “Fungi” (10,50€) com Nemiroff Vodka, Shitaki, Míscaro e Shimeji.

Pode sempre optar por cocktails clássicos por 9€. E quem preferir, há duas cervejas artesanais nacionais, a Musa e a Dois Corvos. Encontra também sidra ou vinho natural, uma referência em branco e tinto, seja em garrafa (30€) ou em copo (6,50€).

Os cocktails são sempre finalizados — ou levam na sua composição, elementos e ingredientes que são confecionados no laboratório do bar, que encontra no piso da mezzanine. Por lá, acontece a “magia”, onde são criadas infusões, macerações, sodas, em pequenas estufas que completam a experiência servida no copo.

Carregue na galeria para conhecer o espaço. A estação de metro do Marquês fica a poucos passos.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    R. Aurélia de Sousa, 72, R. de Latino Coelho 85 Loja 5
    4000-039 Bonfim
  • HORÁRIO
  • Terça-feira a sábado das 17h à 1h
PREÇO MÉDIO
Entre 10€ e 20€
TIPO DE COMIDA
Cocktail bar

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