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Nestes workshops vai aprender a fazer “o melhor brownie do Porto”

Há receitas para experimentar e bolos para provar, tudo com o selo de garantia Bolinhos do Jorge.
É de aproveitar

Quando o assunto é bolos de aniversário, daqueles deliciosos e que rendem muitos likes nas redes sociais, a oferta é variada. Por isso, é fácil encontrar opções para todos os gostos. Mas há alguns nomes que têm vindo a tornar-se incontornáveis, como é o caso do Bolinhos do Jorge.

Este pequeno negócio ficou conhecido pelo seu famoso brownie, que rapidamente passou a ser apelidado pelos seus clientes como o melhor do Porto. Durante muito tempo, a receita deste incrível doce era um dos segredos mais bem guardados da cidade e nem sequer estava escrita em lugar algum, apenas na memória do seu criador. Agora, é possível descobri-la através dos mais recentes workshops da marca.

Para entender melhor a grandeza deste acontecimento, o melhor é recuar um pouco no tempo. Tudo começou a ser pensado em 2015, quando Jorge Santos estava fora de Portugal. Passou três anos e meio em Londres e os últimos cinco meses na Cornualha. Foi nessa altura que, ao pensar em regressar a casa, começou a desenvolver este projeto que era já um sonho antigo.

“Voltei a Portugal em 2016 e nessa altura a prioridade foi arranjar trabalho e casa e só depois é que comecei a fazer testes com receitas e a comprar material para começar a desenvolver a marca e o que iria sair daqui”, começa por contar à New in Porto o pasteleiro de 33 anos.

Apesar de ser formado em Design de Moda, Jorge acabou por nunca seguir essa carreira. Trabalhou em diversas áreas mas sempre teve este gosto pela pastelaria, que vinha desde miúdo. Lembra-se se começar a interessar-se pelos bolos quando, com cinco anos, passava as férias com a avó materna e esta lhe fazia um bolo simples para o lanche ou de seguir com atenção os passos da mãe quando ao fim de semana não faltava em casa nem nas reuniões familiares um bolo caseiro.

“Desde que me lembro, em casa havia sempre um bolinho — pelo menos ao fim de semana — feito pela minha mãe. Tenho na memória o bolo com natas que ela fazia, coberto com chantilly e morangos frescos, ou o bolo mármore, que também fazia com frequência”, recorda.

Talvez por essas razões faça questão que os seus bolos sejam totalmente caseiros, batidos à mão, de forma tradicional e artesanal e sem ingredientes processados — com excessão da Nutella. É Jorge quem faz as compotas e corantes naturais que utiliza nos seus bolos e até mesmo o seu próprio extrato de baunilha.

Em julho de 2017 passou o projeto para uma loja física na Rua do Heroísmo e foi nessa altura que ganhou mais notoriedade — como se percebe pelos mais de 15 mil seguidores no Instagram. Aí tinha não só os seus bolos mas também um serviço de cafetaria e todos os dias fazia o pão que servia aos clientes, algo que acabou por deixar de fazer devido ao aumento do volume de pedidos de bolos.

“Depois de dois anos a trabalhar assim, havia também uma grande procura pelos bolos inteiros, só que eu não conseguia fazer as duas coisas. Então tomei a decisão de mudar o tipo de negócio, fechei a loja ao público e passei a trabalhar exclusivamente por encomenda. Foi por essa altura que comecei a dar formação.”

Com tudo isto mudou-se para um atelier na zona de Campanhã, em novembro de 2019. Passou a ter um espaço mais amplo para trabalhar e para dar formação e estava tudo a correr bem quando chegou a pandemia. Ou melhor, o trabalho diminuiu drasticamente com o desconfinamento, o que acabou por obrigar Jorge a fechar o espaço, em agosto do ano passado.

Agora, é a partir da cozinha de casa — devidamente licenciada — que faz as suas encomendas e quando tem workshops aluga alguns espaços que já conhece na zona do Grande Porto. Apesar de esta vertente do ensino já estar presente no projeto há vários meses, a partir de agora também tem a oportunidade de aprender a tão famosa receita do brownie de que toda a gente fala.

O famoso brownie

É um dos bolos mais apreciados e durante muito tempo uma das receitas que mais pediam a Jorge. Curiosamente, era também aquela que não divulgava e que nem sequer tinha anotada em lado nenhum. Tudo começou com o pedido de uma amiga para que lhe fizesse o doce e a partir daí foi melhorando a receita até tornar-se na sua imagem de marca.

“Um dia, experimentei e fiz. A nível de sabor, para mim, estava ok. Ela [a amiga] deliciou-se e disse que estavam uma maravilha, mas era aquele típico brownie americano, grande, mais seco, firme, não me convencia. Foi a partir daí que fui trabalhando a receita para chegar àquilo que ele é hoje, um brownie mais cremoso, húmido, com um sabor rico e intenso a chocolate, sem ser muito doce ou enjoativo.”

Como tudo estava a correr de feição, decidiu — como grande parte das pessoas — que 2020 seria o seu ano, o ano em que iria trabalhar mais, fazer mais workshops e fazer evoluir ainda mais o projeto. A pandemia, claro, acabou por trocar-lhe as voltas, mas nem isso o demoveu da ideia que mais terá agradado aos clientes fiéis: ensinar a receita dos brownies.

“Não sei se vou estar nisto dos bolos para sempre e também tenho todo o gosto em partilhar o meu legado, daquilo que faço e desenvolvi até agora, com as outras pessoas”, diz, acrescentando: “Cheguei àquela altura da vida em que pensei que não vale a pena estar toda a vida a guardar a receita a sete chaves porque não sei o dia de amanhã”.

Como era de esperar, alunos não têm faltado e há até quem se desloque do Algarve ou do centro do País para estar presente.

Outra das novidades que Jorge lançou e que se tornou um sucesso durante os confinamentos foi o seu canal de YouTube. Por lá tem partilhado algumas receitas simples mas deliciosas, como a das panquecas, que conta com mais de 6.800 visualizações.

Já este ano, começou também a vender bolos à fatia, um ritual que se repete todas as semanas. Através da sua página no Instagram anuncia as variedades que vai ter nessa semana, os clientes fazem as encomendas e à sexta-feira podem levantar os seus pedidos ou recebê-los em casa através do serviço de entrega com quem o Bolinhos do Jorge tem parceria.

“Havia muitos pedidos, as pessoas tinham interesse e curiosidade. Como há sempre pessoas novas, sobretudo a partir das redes sociais, é mais fácil encomendarem só uma ou duas fatias para poderem provar do que comprometerem-se com um bolo inteiro sem conhecer.”

Os bolos mais pedidos continuam a ser o brownie e o bolo de natas do céu, mas há várias opções por onde escolher, como o cheesecake, o bolo Kinder Bueno, o de lima e pistácio com leite creme ou o de noz com leite creme. Os preços variam entre os 20€ e os 75€ e para encomendar basta entrar em contacto através do Instagram, de email (info@nullbolinhosdojorge.com) ou consultar todas as informações no site.

Para os mais saudosistas fica já o aviso de que será pouco provável encontrar os Bolinhos do Jorge novamente num espaço tipo cafetaria, com porta aberta. Ainda assim, e mediante a evolução da atual situação, é possível que o projeto venha a ter novamente um atelier no futuro.

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