Tudo começou pela junção de duas áreas que, à partida, seriam distintas — mas que neste spot combinam na perfeição. Kirill Eremenko, de 25 anos, dono e responsável pelo espaço, é barista. Já Francis Espíndola, 32, é escritora e trabalha como produtora cultural e social media no espaço. Um sonhava abrir o seu próprio café; a outra quer abrir bibliotecas comunitárias em toda a cidade. Foi na Rua da Torrinha que os dois sonhos se cruzaram para dar origem ao Kuji Coffee and Community.
Eremenko é formado em Relações Internacionais, mas decidiu seguir a sua paixão pelo arte do café e formou-se como barista, profissão que exerce há quatro anos. Francis é formada em Língua Portuguesa e Literaturas e no seu interesse de montar bibliotecas comunitárias e realizar curadoria de obras, veio contribuir para a vertente cultural que Eremenko queria trazer para o seu café.
“A vontade de abrir um café no Porto que fosse mais um ponto de encontro para a comunidade já era cultivada pelos dois. O nosso foco é dar espaço à cultura e criar oportunidade de encontros com a vizinhança. É a nossa primeira vez na gerência de um café, mas temos uma vasta experiência no atendimento ao público e no ramo da restauração, por isso queremos trazer para o nosso café o que aprendemos e o que gostamos de ver nos ouros espaços”, explicam os dois amigos e sócios à NiP.
Na passada sexta-feira, 2 de agosto, abriu então o Kuji, um espaço arejado, iluminado e no coração do Porto. Estes aspetos eram fundamentais para os sócios, que não procuravam uma localização ao acaso. A decoração é minimalista e em tons terra claros. Para Eremenko, estas escolhas adaptam-se perfeitamente à cultura do café. Por outro lado, este aspeto permite criar um ambiente de pausa e harmonia.
“O nosso objetivo era não trazer nenhum estímulo excessivo, ao contrário. Queremos possibilitar que quem nos visite partilhe um momento de descontração e sossego, na sua própria companhia, com amigos ou até mesmo conhecer alguém novo cá”.
Para isso, a biblioteca dentro do café, os próprios livros, os tons dos móveis, as obras de arte que decoram o espaço, as plantas e os aromas foram pensados para criar uma atmosfera que convidasse a entrar e sossegar. Kuji, promete conquistar os clientes pela sua simplicidade e honestidade. É o local ideal para quem quer mudar o seu estado de espírito apenas com uma pausa para beber uma boa chávena de café.
Ao mesmo tempo, a comida foi pensada a partir de alguns valores em comum entre os dois amigos e empreendedores. Opções caseiras, de diferentes partes do mundo e, principalmente, comida que combina com café. A intenção é não dispor de um menu muito elaborado, mas sim com alguma surpresas para os clientes repetentes.
O bolo do dia, por exemplo, varia pelo menos a cada dois dias. As receitas podem ser de mel, cheesecake, areia, cenoura e outros. Há ainda pudim de chia todos os dias, para quem procura uma sugestão mais saudável. Pode encontrar pão de queijo e, numa versão mais saudável, há o famoso “sochnik” (empanhadinhas de queijo cottage). O preço destas propostas começa nos 2,50€.
O grande protagonista do espaço é o café de especialidade. Entre os valores do Kuji destaca-se a preocupação pela sustentabilidade, daí terem ido buscar os grãos de café a uma roaster dinamarquesa, a Prolog Coffee, que “garante transparência com o impacto ambiental no mundo e na cidade”. Entre as opções há espressos, lattes, capuccinos e ainda café de filtro. Os preços começam nos 2€ e podem ir até aos 4,50€.
Existem ainda sodas artesanais, kombucha, sumo de laranja feito na hora e chá, num espaço totalmente pet-friendly.
No seu esforço para ser um local aberto para a comunidade, o Kuji propõe-se até ao final do mês a promover ciclos de conversas, debates, criar clubes de livro ou grupos de estudo e ainda convidar músicos locais para concertos pocket, artistas de teatro e artistas visuais para realizar exposições temporárias e, claro, democratizar o acesso à leitura. Os livros disponíveis no espaço estão em diversas línguas, para “servir a comunidade do Porto, cada vez mais internacional”, sem deixar de dar espaço aos clássicos da língua portuguesa. Todos os livros podem ser consultados no café.
“Acreditamos que uma cidade melhor para todos é construída comunitariamente, com atenção e respeito às diferenças, conversas, debates e ações. Somos um espaço de encontro para a vizinhança e queremos que os nossos convidados possam usufruir de um momento de harmonia, criatividade, e se revigorar com bebidas e comidas deliciosas, conversas genuínas e estímulos sinceros”, afirmam os responsáveis.
Se continua a perguntar-se sobre o significado do nome do novo café, saiba que Kuji é um termo japonês que significa “nove” ou “nove horas”. Ou, em termos mais especiais, “tirar a sorte grande”. O nove é assim o número favorito do barista, que com certeza trará muita sorte.
“Dizemos que a cada nove horas, há uma nova oportunidade para tirar a sorte grande”.
Carregue na galeria para conhecer o espaço e as suas propostas. A estação de metro da Lapa fica próxima do novo coffee spot do Porto.