Assim que foi apresentado, ainda em 2018, a polémica estalou. Desenhado pelo arquitecto Eduardo Souto Moura, projetava-se a construção de uma torre de ferro com 21 metros de altura, lado a lado com a icónica Estação de São Bento.
A estrutura, inspirada nos antigos reservatórios de água das estações ferroviárias, continuaria a inspirar dúvidas e receios. Foi preciso esperar seis anos para que, a 3 de maio, o espaço pudesse finalmente ser visitado. Aninhado num dos recantos de São Bento, entre o casario da Baixa do Porto, está longe de ferir a vista e de ser o objeto intruso que muitos clamavam que iria ser. Ao fundo, a silhueta da cidade, com a Torre dos Clérigos a despontar por entre os telhados.
Chama-se Sala de Prova, embora seja muito mais do que isso. Por ali fazem-se, naturalmente, provas singulares e em eventos especiais, mas o grande objetivo é que às suas mesas, portugueses e estrangeiros se sentem a admirar o postal, munidos de petiscos, pratos e bons vinhos.
O vinho é a peça central desta sala. “Queremos mostrar sobretudo a região do Douro e dos Vinhos Verdes, o que se tem feito de melhor, a nova geração de produtores, as novas ideias. Queremos ter o que não se encontra em qualquer lado, mas queremos também ter os grandes vinhos”, explica Carlos Nunes Santos, responsável pelo espaço.
A carta tem mais de cem referências, muitas delas a copo — até vinhos como o famoso Barca Velha, cujo copo tem um custo de 350€. Existem oito provas pré-definidas pelo enólogo Bento Amaral, que começam nos 25€ e podem chegar aos 750€, embora haja também a possibilidade de criar provas personalizadas.
Vinhos à parte, os copos pedem o acompanhamento devido, neste caso numa carta criada pelo chef Luís Américo. “Temos confiança total nele e demos-lhe total liberdade para criar uma carta que procurou juntar a portugalidade e a contemporaneidade”, explica o empresário.
Bem abastecida de petiscos, a carta arranca com umas inusitadas amêndoas crocantes envoltas em especiarias (6€), que podem abrir caminho a clássicos como os bolinhos de bacalhau (7€) ou croquetes de alheira (7€). Há ainda pastéis (de massa tenra crocante) com recheio de queijo e camarão (8,5€) e de cogumelos, queijo e trufa (8,5€).
Além das tradicionais tábuas de queijos e enchidos, o verão pede um sortido das sugestões frias que incluem, naturalmente, ostras (3€), bem como propostas como o tártaro de atum com guacamole e pico de gallo (12€) ou o foie gras curado recheado com ameixas de Elvas (16€).
Nas sugestões mais robustas, há arroz de cogumelos e curgete (14€), bacalhau no forno com puré de grão e ovo raspado (20€), rosbife de pato com mousse de tupinambor e compota de alperce com vinho do Porto (20€) e, por fim, tornedó do lombo com cogumelos shimeji salteados (25€).
Para fechar, um fondant de figo com iogurte grego e nozes (8€) comanda o elenco de sobremesas, que se completa com uma tarte tatin (8€), toucinho do céu de abóbora (8€) e mil-folhas de chocolate (8€).
Tudo isto se serve nas poucas mas luminosas mesas dispostas ao longo da fachada envidraçada da torre. Lá no topo, a 21 metros de altura, não há canto que o sol não ilumine. A Sala de Prova tem capacidade para 50 pessoas, sentadas às mesas e cadeiras também desenhadas por Souto Moura, que interveio igualmente no design interior — e esboçou a enorme mesa de quatro metros disposta à entrada, local de excelência para as provas.
Embora o nome possa enganar, a Sala de Prova é isso mesmo, mas é também wine bar, restaurante, espaço para conversas, música e cocktails. A sala foi inaugurada com um jantar de harmonização com vinhos do Porto — e segue-se, a 28 de maio, por exemplo, um sunset com harmonização do rosé da Titan of Douro, das 18h30 às 20h, com entrada a 10€. Mais se seguirão.
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