No final de 2022, o icónico Café Embaixador, junto à Avenida dos Aliados, que esteve a funcionar durante 65 anos, foi alvo de uma ação de despejo por parte do proprietário. No verão deste ano, ficámos a saber que a cadeia de fast food americana, Burger King, iria instalar-se neste espaço histórico. Depois de dois anos encerrado e seis meses em obras, esta segunda-feira, 25 de novembro, abriu o novo restaurante da marca.
“Era uma abertura muito esperada. Estávamos à procura de um local emblemático para abrir um restaurante na Baixa do Porto. Já estamos há 23 anos na cidade e, com 43 restaurantes na região do Porto, era um local muito procurado — pelo ícone que a Baixa representa para a cidade”, começa por contar à New in Porto, Diamantino Carvalho, responsável territorial da marca na zona norte do País.
O novo espaço rivaliza agora com o McDonald’s, localizado a cerca de 30 metros, na Praça da Liberdade desde 1995. Tal como aconteceu quando o franchising substituiu o Café Imperial e teve de manter diversos elementos da sua arquitetura art déco, o Burger King também teve de respeitar os traços do edifício que foi, desde sempre, um local de tertúlia para os portuenses.
Em janeiro de 2019, o Café Embaixador recebeu o título de “Porto de Tradição”, programa municipal que visa apoiar estabelecimentos com um passado marcante. No entanto, algumas questões legais que surgiram no mesmo ano, a juntar ao facto de o senhorio iniciar processos de despejo no tribunal, fizeram com que a atribuição do prémio perdesse valor.
Ainda assim, o Burger King garante que durante os trabalhos de requalificação e as obras, a grande prioridade foi garantir que “quem entrasse, reconhecesse o Café Embaixador como era antigamente”. Para isso, a cadeia esforçou-se por manter a essência do antigo Café Embaixador, sobretudo, os característicos painéis que diariamente convidam turistas a entrar, apenas para fotografá-los.
Por se tratar de um património histórico, a Câmara Municipal do Porto e a UNESCO exigiram que a estrutura do espaço fosse mantida. Os painéis foram requalificados por estudantes da Universidade do Porto. O chão do piso inferior foi mantido e apenas foi trocado o do piso superior. “Era um chão laminado e quisemos pôr um que fosse parecido com o original que está no piso inferior”, refere o responsável.
“Desde o início foi quase uma obrigação manter o estado atual do espaço, por ser património. Preservámos a fachada, os painéis, as colunas e a caixilharia. Tentámos manter tudo o que era histórico e emblemático do Café Embaixador, incluindo o seu logótipo. Tentámos ter em conta a própria vontade e até a revolta dos portuenses, pelo encerramento de vários comércios, para dar lugar a marcas mais de massa”, sublinha.
As colunas douradas também foram restauradas e mantidas, bem como o letreiro exterior com o nome do Café Embaixador. “Fizemos questão de manter o letreiro porque sabemos o que significa para os portuenses e queremos que continuem a sentir-se em casa e que seja um ponto de encontro, como sempre foi”, defende Diamantino, revelando que, devido à deterioração do letreiro, o mesmo não poderá ser iluminado, ao contrário do que acontecerá ao letreiro do Burger King, inserido por cima.
Estes são os únicos elementos que denunciam o que ainda resta do antigo Embaixador. De resto, o espaço deu lugar a mesas com cadeiras almofadadas, letreiros néon, quiosques para pedidos digitais e sofás. O novo Burger King do Porto tem capacidade para 156 pessoas, mais 44 na esplanada.
Esta abertura faz parte de um ambicioso plano de expansão por parte da marca na zona do Porto. Em abril, foi inaugurado um Burger King no ViaCatarina Shopping, localizado a poucos minutos do novo espaço. Diamantino revelou que a marca ainda tem várias aberturas para anunciar, todas nas proximidades do centro do Porto.
Porém, o responsável não avançou se o Burger King teria comprado o espaço ou se estaria a pagar uma renda. O “Porto Canal”, aquando do encerramento do Café Embaixador, avançou que a notícia não apanhou de surpresa Lino Perestrelo, antigo arrendatário e gerente do espaço.
“Não era intenção do senhorio, descendente da família Pinto Leite, aumentar as rendas. Queria que fôssemos embora. Passámos a pagar 3300 euros com a atualização das rendas. Corria o boato de que o McDonald’s pagava 30 mil euros de renda, ou seja, era pretensão do senhorio aumentar para isso”, afirmou o antigo arrendatário, citado aqui pela mesma publicação.
Esta abertura, além de contribuir para a economia local e dar resposta à elevada procura turística na zona, garante 57 postos de trabalho e mais sete colaboradores para a gestão da loja. A diferença em relação aos outros restaurantes da cadeia é que o Burger King Embaixador deverá abrir a partir as 10 horas — para fazer frente à concorrência, apesar de não oferecer pequenos-almoços como o McDonald’s, mas também para atender às necessidades dos clientes, sobretudo turistas.
“Vemos que há muitos turistas que preferem fazer a refeição mais cedo do que nas horas que, nós portugueses, estamos habituados, daí ser necessário a abertura da loja muito antes da hora do almoço, por exemplo”, explica.
Por lá, poderá provar os hambúrgueres feitos na grelha, o que diferencia a oferta da cadeia face aos concorrentes mas também garante a qualidade da carne. Na loja vai encontrar os famoso gouda rings, os anéis de queijo gouda que voltaram, bem como bites de Cheetos ou queijo, asinhas de frango, aros de cebola e nuggets de frango ou vegetarianos. O preço destas opções começa nos 3,95€.
Na grelha tem menus como o “Brutal Bacon” com uma ou duas carnes (a partir de 11,25€), o duo bacon cheddar (9,95€), o angus grill (11,65€), bem como opções de frango a partir de 6,95€ e alternativas vegetarianas a partir de 3,70€.
Carregue na galeria para ver como ficou o novo Burger King no antigo Café Embaixador. A estação de metro dos Aliados fica a poucos passos do restaurante.