Dois imigrantes, vindos de realidades diferentes, mas com um sonho comum: abrir um restaurante. Matias Castelli e Alejandro Villamizar conheceram-se no ginásio e rapidamente perceberam que podiam unir forças para realizarem o objetivo partilhado. A conjugação de vontades deu origem ao SAVRA, que abriu em fevereiro, na Rua do Almada, no Porto, com uma missão: provar que a cozinha de autor pode ser “criativa, acessível e profundamente emocional”.
Matias, de 22 anos, é argentino com raízes italianas — cresceu num ambiente de cozinha tradicional, entre tachos, panelas e a exigência constante do restaurante-hotel dos avós, em Tomás Jofré, uma vila gastronómica perto de Buenos Aires. Antes de vir ao nosso País, acompanhou o trabalho do pai num restaurante de cozinha argentina na capital de dito país.
“Esta experiência permitiu-me, desde novo, ter experiência em ambientes exigentes de alta cozinha. Não só me deu o sentido de responsabilidade, como a paixão pelo serviço”, admite.
Já Alejandro, venezuelano de 29 anos, passou a infância no estado de Sucre, terra de peixe fresco, especiarias e sabores tropicais. Naturalmente, na cozinha, sempre se interessou pelos produtos frescos e locais. Apesar de ter formação em Química, trocou a mistura de substâncias por ingredientes e panelas. Mudou-se para a Argentina, onde aprofundou a sua formação em cozinha, antes de rumar a Portugal. Assim, a ligação entre os dois tornou-se inevitável.
“Somos dois jovens com histórias diferentes, mas com o mesmo propósito: criar uma experiência gastronómica autêntica, baseada na emoção e na qualidade”, explicam. E a cidade já começou a responder: poucos meses após a abertura, o SAVRA ocupa o 7.º lugar no TripAdvisor entre mais de 2.500 restaurantes do Porto. “É algo que valida o nosso trabalho e a excelência que procuramos”, defendem.
Embora se definam como um restaurante internacional, há uma marca clara que une os pratos da carta: a herança ítalo-argentina, com toques caribenhos e muita ousadia. A dupla dá ainda especial destaque aos produtos locais, adaptando-os ao conceito do espaço. “Naturalmente, tínhamos de estar enquadrados com a realidade portuguesa, por isso, não poderiam faltar as famosas bolinhas de alheira, aqui apresentadas em formato de croquete à espanhola, acompanhadas por um iogurte cítrico”, explicam.
Misturam ainda especiarias japonesas, chinesas, indianas, e claro, latinas. Segundo os agora sócios, isto permite-lhes ter um leque de sabores que tem sido muito bem recebido. “O nosso objetivo é demonstrar que é possível traçar uma linha entre diferentes culturas gastronómicas sem deixar de ser quem realmente somos, nem de alcançar os nossos clientes”, sublinham.
O nome do espaço, SAVRA, foi inspirado numa palavra hebraica que remete para a razão e intuição — um equilíbrio que está presente em cada prato. “O nome surgiu de um erro de tradução, mas acabou por fazer todo o sentido. Queríamos transmitir a ideia de racionalizar sentimentos através da comida. E isso é exatamente o que fazemos aqui”, acrescentam.
Há uma aposta clara numa carta curta, onde cada prato é pensado ao detalhe — e não há dois iguais, nem por acaso. Um dos grandes destaques é o risoto de pimentão fumado com cogumelos e porco preto, descrito por muitos clientes como “um espetáculo de sabores”. Também se destacam os sorrentinos (uma espécie de raviolis, com formato maior, típicos da Argentina), as bolinhas de alheira com iogurte cítrico, e a burrata com presunto crocante.
Para beber, há cocktails de autor que surpreendem tanto quanto os pratos. O valor médio por refeição ronda os 25€, e a dupla admite já ter tido clientes que voltaram em três dias diferentes só para poderem experimentar os restantes pratos.
Inaugurado oficialmente a 15 de fevereiro, os fundadores prometem lançar a temporada de verão do SAVRA a 1 de julho, que será “mais ousada e refinada”. O espaço, em constante evolução, reflete o espírito desconstruído do projeto: minimalista, elegante, com detalhes orgânicos que complementam a experiência sensorial da comida.
“A decoração acompanha o nosso conceito. Queremos que as pessoas se sintam confortáveis, mas também intrigadas. Que cada detalhe seja um convite à descoberta”, contam. A escolha da localização foi quase acidental — ou, como dizem os fundadores, “foi o espaço que nos encontrou”. A Rua do Almada está a reinventar-se, e tornou-se o cenário ideal para um projeto com alma e ambição.
O SAVRA destaca-se não apenas pelos sabores ousados, mas também pelo serviço. “Muitos clientes dizem que aqui vivem uma experiência personalizada. Nós gostamos de ouvir, de adaptar, de conversar. Isso cria uma ligação emocional”, admitem.
E é ao jantar que essa ligação mais se sente — e é por isso a altura favorita do dia da dupla. “Há clientes que chegam exaustos, maldispostos… E saem completamente diferentes. Sorridentes, leves. Isso é o mais gratificante”, revelam.
Para os apreciadores de brunch, o SAVRA disponibiliza uma variada oferta que inclui guacamole ou húmmus para começar (a partir de 5€), wrap de frango (9€) panquecas com diferentes sabores desde nutella a salgadas (a partir de 8€), croissant com ovos e bacon (8€) ou tostas com ovos benedict (9€), vegetariana (8€) ou com ovos mexidos, ou estrelados (6,50€).
À hora do almoço ou do jantar, encontra propostas como salada de burrata com presunto e compota de frutos vermelhos (8€), risoto de shitake e Portobello (16,90€) 200 gramas de coração de alcatra com puré de batata cremoso (21,90€) ou mariscos em molho de pimentão fumado com arroz cremoso de coco e gengibre (19,90€). Nas sobremesas, há propostas como mouse de chocolate com chantilly (6,50€), tiramisu (7,50€), crumble de ananás com calda de maracujá (11,90€) ou uma mouse de chocolate branco com frutos vermelhos (11,90€).
Matias e Alejandro garantem que o espaço se destaca pela “originalidade e autenticidade” e querem ir mais longe, apesar do desafio e da concorrência. “Sonhamos alto. Porque não uma estrela Michelin um dia?”, deixam no ar.
Carregue na galeria para ver mais imagens do SAVRA, o novo restaurante de cozinha de autor do Porto, situado a poucos metros da estação de metro dos Aliados.

LET'S ROCK






