Ainda a viverem na Rússia, os hoje quatro amigos nunca se tinham cruzado. Foi preciso uma guerra e uma mudança para Portugal para que os caminhos se cruzassem. Aleksei Bordiug, de 39 anos, era o único com experiência na restauração, antigo dono de vários espaços em São Petersburgo, que vendeu após o início do conflito.
Anna Davydova, Evgenii Efimov e Vlad Kazakov, com percursos na informática, conheceram-se no Porto, unidos pelo gosto e pela vontade de abrirem um bar. Quando o quarto elemento se juntou à festa, sabiam que era para avançar.
Chamaram-lhe Voyager 1, em homenagem à sonda norte-americana lançada em 1977. “Ela tinha uma missão circunscrita no tempo. E quando a terminou, continuou a enviar informação valiosa para a Terra. A história inspirou-nos, porque tem algo a ver com manter a ligação à terra, às pessoas, mesmo estando longe. É uma ligação entre a história de viajantes e a história da sonda”, explica Davydova, uma das sócias do projeto.
Ponto de encontro de russos expatriados, está aberto desde fevereiro e é também bar aberto aos portugueses e a todos os que por lá queiram entrar para comer e beber. Comecemos pela bebida: há torneiras com cervejas artesanais — e até uma com Aperol Spritz — e uma longa lista de cocktails preparados na hora, entre clássicos e potenciais improvisos.
Naturalmente, a bebida não pode ficar desacompanhada. Na carta de comida, os quatro amigos queriam apostar em “típica comida de bar com padrões de qualidade de um restaurante”, nota Aleksei. “Temos opções vegetarianas, clássicos e algumas coisas mais elaboradas. Andamos ali a meio caminho entre o bar e o restaurante.”
Pode provar o húmus com salada grega e pão pita (10€), salada de queijo de cabra com framboesas e vingreta de mel e mostarda (10€); ou algo mais pecaminoso como o frango frito com molho de chili (9€), um tártaro clássico (10€) ou fish & chips (14€).
A carta inclui ainda um panado de peru com puré de aipo e ragu de cogumelos (14€), costelinhas de porco com molho barbecue e kimchi (18€) e até um recém-chegado hambúrguer Voyager 1 (12€) com dois smash burgers, queijo Cheddar, picles e jalapeño.
“Estava fora de questão sermos apenas mais um bar com Super Bock e sangria. Queremos ter cervejas diferentes, da Escócia à Letónia; também queremos apostar muito na qualidade dos cocktails, sobretudo os de assinatura”, explica Davydova, que participou na pintura à mão do mural à entrada, onde é possível ver a estrutura da sonda que batiza o bar.
Instalado na rua da Picaria, o Voyager 1 tem capacidade para 60 pessoas, espalhadas entre as mesas altas e o longo balcão de madeira. Ainda por inaugurar está o espaço exterior nas traseiras, que esperam poder estrear ainda em agosto, a tempo dos últimos dias quentes na cidade.
“A ideia é que, tal como a Voyager, o bar seja também um espaço de descoberta de novos gostos, bebidas. E que as pessoas se divirtam pelo caminho”, conclui Alexei.
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