Quando as pessoas visitam o Beauty in Town tiram fotografias, testam produtos, ouvem talks, recebem presentes das marcas e provavelmente imaginam que tudo nasceu de forma quase mágica: uma ideia, uns telefonemas e, voilà, nasce um evento cheio de vida. A verdade? Os bastidores não são assim tão mágicos. São intensos, caóticos, cheios de mapas de Excel, dezenas de reuniões, mensagens e telefonemas a todas as horas — mas também são apaixonantes.
Tudo começa meses antes, quando tenho aquele momento de inspiração em que penso: “E sem, nesta edição, fizéssemos algo ainda mais incrível?”. A partir daí, a fase de criação é quase como escrever um guião de cinema. Pego nas tendências do momento, da beleza ao lifestyle, misturo com as marcas que gostaríamos de ter presentes e imagino o ambiente ideal para três dias em que milhares de pessoas vão passar pelo espaço.
O primeiro passo prático: chegar às marcas. Aqui entram dezenas de emails, apresentações, uns quantos chá verdes (onde vou buscar alguma cafeína, já que não gosto de café) e uma boa dose de entusiasmo. A cada reunião, tento transmitir não só a nossa visão, mas também a confiança de que o Beauty in Town é uma plataforma única onde podem estar lado a lado com outras grandes marcas e com um público ávido de novidades.
Depois, começa a verdadeira maratona. Há que pensar em tudo: a parte criativa e o design do evento, a logística, as ativações, a agenda das talks, os conteúdos para comunicação, redes sociais e muito mais. Paralelamente, há o lado menos glamoroso, mas inevitável: as tabelas de Exel, cruzar custos com receitas. É uma dança delicada entre criatividade e pragmatismo.
E, porque não basta ter um espaço bonito, há que pensar em tudo o que não se vê: a logística para as equipas, a sonorização para as talks, a decoração que faz toda a diferença. E claro, a gestão das marcas, no antes, no durante e no depois.
À medida que os dias se aproximam, o ritmo acelera. A agenda de três dias de talks precisa de ser desenhada ao detalhe: quem fala, a que horas, quem apresenta, quanto tempo dura. Parece simples, mas garanto que exige a mesma energia de organizar um casamento, com a diferença de que aqui são dezenas de “noivos”.
E depois chega a noite das montagens. Enquanto a maioria das pessoas está a dormir, eu estou no centro comercial a ver estruturas a serem erguidas, mobiliário a chegar, cabos a serem estendidos e luzes a serem testadas. É uma mistura de stress com adrenalina. Todos me perguntam: “Dormes alguma coisa nesta noite?” Resposta: não. Mas quem precisa de dormir quando se tem aquela energia inexplicável de ver um sonho a ganhar forma? Confesso que, no Colombo, enquanto montávamos a primeira edição em fevereiro, chorei no meio da praça central.
Depois vêm os três dias do evento: corridas de um lado para o outro, sempre em contacto com as marcas, a dar entrevistas, a receber convidados e, claro, a “apagar fogos” (não literais, felizmente). E quando as portas se fecham ao público no último dia, ainda falta uma etapa: a desmontagem. Ver em poucas horas desaparecer aquilo que demorou meses a criar é sempre agridoce. Há um vazio, mas há também a vontade imediata de começar a trabalhar na edição seguinte (que já está a ser organizada, by the way!).
Organizar o Beauty in Town é viver num equilíbrio entre mapas de Excel e sonhos, entre logística e criatividade, entre telefonemas sérios e gargalhadas. Pode ser caótico, sim, mas a sensação de conquista e de realização fala sempre mais alto. Porque no fim, quando vejo as pessoas a experimentar produtos, a partilhar conteúdos, a sorrir sei que valeu a pena cada minuto. Quem corre por gosto, não cansa, certo?

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