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Raquel Gralheiro, a artista que faz retratos coloridos de figuras famosas

Aos 54 anos, a artista viseense com base no Porto continua a expor em galerias, mas também noutros locais mais acessíveis. Dizemos-lhe onde.
Obras de arte que falam por si só.

Quando a NiP passou pela nova brasserie francesa na cidade, não pôde deixar de reparar na arte divertida e colorida que pontuava a decoração. Retratos pop que encaixavam como uma luva no ambiente do Scarlett e que têm a assinatura de Raquel Gralheiro, artista que não nasceu no Porto, mas que por aqui se estabeleceu.

Natural de Viseu, a artista de 54 anos nunca se viu a fazer outra coisa. “Eu queria ser pintora, era a grande vontade, o grande sonho”, explica à New in Porto, enquanto recorda as dificuldades de crescer e se orientar para as artes numa cidade com menos investimento na educação artística, pelo menos quando comparado com Lisboa e Porto.

Acabaria por se mudar para o Porto em 1996, numa tentativa de concretizar o sonho. Primeira paragem: o curso de Artes Plásticas e Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Entre a formação mais tradicional, foi aperfeiçoando as competências, a “comunicação através das imagens” que, diz, “é como aprender uma língua nova”.

Ainda não tinha acabado o curso quando chegaram os primeiros convites para expor os seus trabalhos. Estreou-se com “Strawberry Room”, no espaço portuense Por Amor à Arte Galeria, em 1999. Pelo caminho participou em eventos e concursos, entre eles a Bienal de Cerveira. “O meu trabalho sozinho começou a dar nas vistas, a falar por si só e a abrir-me portas”.

Do nada, galerias estrangeiras começaram a interessar-se pelo trabalho da artista que tinha então apenas 24 anos. Sem capacidade financeira para viajar pelo mundo com os seus trabalhos, essa expedição ficou a cargo da galeria. E assim as suas obras começaram a viajar da Grécia a Itália, Espanha, Argentina, Brasil, China. A primeira exposição como artista profissional, e já não como estudante de artes, aconteceu em 2002 na Diana Gallery, em Atenas, onde apresentou a série “Odisseia nas Tintas II”.

Raquel trata as suas obras como o seu maior bem, as suas “crias”. E é no atelier onde, agora aos 54, continua a sentir-se “mais feliz e realizada”. Não consegue escolher favorita uma entre as cerca de 400 pinturas. Confessa que todas elas são uma expressão da sua personalidade.

“Eu não sei estar noutra forma no mundo, é a minha forma de comunicar e de me expressar por excelência. Para mim, a pintura é espontânea, da mesma forma como falo e me exprimo, pinto. Obviamente posso precisar de um apoio por exemplo se pintar um retrato da Frida, agora se ela vai ter flores, se vai ter um macaco, eu pego numa tela e espontaneamente vão surgindo os restantes elementos da pintura. É correr o risco de vamos ver como sai.”

Não se preocupa muito com o local onde estão expostas as suas obras, seja numa galeria ou num espaço como o Scarlett. É uma fervorosa adepta da “democratização da arte” que, afirma, deve “estar acessível a todos”. “Não é um luxo”, afirma.

“Infelizmente as artes plásticas passam facilmente para esse patamar de luxo no momento em que entra num Museu. É extremamente aborrecido nós termos de pagar para ver arte ou para tê-la em casa. (…) A pintura muitas vezes é colocada em locais que a tornam pouco acessível as pessoas.” Foi também por isso que aceitou o convite feito pela brasserie francesa. É por lá que estão alguns destes retratos coloridos de figuras famosas, de Carmen Miranda a Frida Kahlo, de Audrey Hepburn a Andy Warhol, sempre acompanhadas de um animal. E se gostar mesmo muito, saiba que pode comprar qualquer uma das obras para expor em casa.

Carregue na galeria para conhecer algumas das obras de Raquel Gralheiro.

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