Uma verdadeira dança entre a arte e o movimento. Esta é a principal característica da exposição que chega ao Art Spot, a galeria de arte do Alameda Shop & Spot, esta terça-feira, 5 de setembro. Trata-se de uma ode ao desenho e à experimentação da pintura, aliados ao ensino das aulas de ioga e ao conhecimento do “ser”.
A exposição estará patente durante todo o mês de setembro, no piso 2 do centro comercial gerido pela consultora imobiliária CBRE. É uma mostra imersiva, onde cada uma das obras estão emparelhadas com um QR code que direciona os visitantes para uma música escolhida pela artista, aconselhando-se assim a utilização de fones durante toda a exposição para uma experiência completa.
“Procurei apresentar esse caminho interdependente desde a representação do corpo — onde tudo começa —, com desenhos mais figurativos, até aos abstractos que são a expressão do movimento do corpo, físico e emocional e, por isso, o meio de observação sobre mim mesma”, conta Joana Pessanha à New in Porto.
Natural do Porto e formada originalmente em Arquitetura, foi através do movimento gerado pelo início de um caminho no ioga, que a artista de 31 anos deixou em plena pandemia o dia a dia do escritório e abriu-se a um “quotidiano com tudo o que possa interessar e ser”. O regresso ao desenho, a experimentação da pintura, o ensino de ioga e como tudo se tem entrelaçado desde então. Assim nasce o JAP ESTUDIO, onde “cabe a ideia, a liberdade e o poder de lugar de experimentação”.
“Desenhar e observar sempre foi algo natural, intrínseco, mas nunca tive aquela coisa de andar de bloco atrás. Escolher o caminho das artes foi evidente sem que fosse necessariamente um objetivo. Não questionava. Embora gostasse muito de tantas outras disciplinas talvez, inconscientemente, percebi que o caminho artístico serve, precisamente, como um eixo condutor que me permite abrir-me a vários interesses e à vida. Talvez também por isso tenha escolhido arquitetura como formação, que tem essa mesma valência. No entanto, no curso e nos anos em que exerci, desencantei-me totalmente pelo desenho. Usei-o como uma ferramenta de reflexão prática, mas a memória de um ‘encanto sem regras’ que se perdeu causava-me muito desconforto. O ‘vou desenhar’ desapareceu durante oito anos. Até que surgiu o ioga na minha vida e algo, de forma tão orgânica e quase que ‘evidente’, mudou. Tudo começou a voltar e a acontecer, incluindo a vontade de experimentar pintar”, explica.
Sob o mote de abrir a possibilidade, poder e lugar da experimentação, seja através do meio que for, a artista apresenta a sua primeira exposição onde através da escura e interpretação dos diferentes trabalhos, desde atos de vulnerabilidade a envolvimentos constantes, cada um dos espectadores poderá conectar-se com o verdadeiro “eu”, ouvindo cada uma das obras.
Em toda a exposição, poderá encontrar-se com telas abstratas e desenhos de representação ou investigação, posições de ioga e a procura de novas temáticas. Num projeto que pretende mudar perceções, a artista convida os visitantes a explorarem um mundo intenso, onde não há lugar para a hesitação e não há outra hipótese a não ser a de seguir, confiar, continuar sempre em movimento.
Através dos asanas (posturas de ioga), o movimento do corpo guia o acesso ao subconsciente onde existe tudo aquilo que se é. Da observação implícita ao ato de eleição, assim surge a arte de Joana, uma expressão abstrata, espontânea e momentânea. Ouvir música rapidamente enquanto movimenta o corpo, levou-a a escutar realmente a música, a memória e o corpo, enquanto a cor se manifesta na matéria, criando a possibilidade de estender o que acontece no tapete de ioga para uma tela onde traça mapas do subconsciente.
“Surgiu com a experiência dos abstratos de grandes dimensões que, a certa altura, senti serem uma extensão da experiência no tapete de ioga. Também as telas são pousadas no chão, quase como um espaço habitável. Comecei por utilizar as músicas que punha nas aulas, a descobrir novas a partir da pintura que depois passava nas aulas. Tudo se foi alimentando. E a ideia da repetição está muito presente no movimento dos asanas e também na minha forma de ouvir música — em loop que pode durar meses e algumas até anos”, admite.
Para complementar a exposição, está marcada uma aula de ioga dada pela própria artista, onde todos estão convidados a “escutar-se” com o tapete e a descobrir o seu corpo. A aula decorre no próximo sábado, 16 de setembro, pelas 10h30 no espaço da artista e todas as inscrições irão reverter para o projeto de Joana, Prison Yoga Project Portugal — Associação Almaz. Para mais informações, os participantes poderão consultar o site do Alameda Shop & Spot.
Esta exposição de acesso gratuito estará patente durante todo o mês na galeria de arte do centro comercial, durante o horário de funcionamento do mesmo, das 10 às 23 horas. Saiba que pode facilmente ir até lá, pois a estação de metro do Estádio do Dragão encontra-se a escassos metros do centro comercial.