Depois de ter apresentado “Wonder Memories — Peregrinos da Memória” em países como França e os Estados Unidos da América, a artista plástica Beatriz Albuquerque traz o projeto à sua cidade natal, o Porto. A exposição itinerante será apresentada na Cooperativa Árvore, entre os dias 14 de setembro e 5 de outubro.
Desde miúda que a artista de 45 anos passava os dias a desenhar, pintar e modelar. É formada pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Foi na The School of the Art Institute of Chicago e na Columbia University, que concluiu o seu mestrado e doutoramento, respetivamente.
Já foi distinguida com prémios como o Myers Art Prize: Cross Media Art (Nova Iorque), o Prémio Revelação pela 17.ª Bienal de Cerveira (Vila Nova de Cerveira), assim como o Prémio Ambient Series, PAC/Edge Performance Festival (Chicago). As suas exposições e performances individuais e coletivas já estiveram patentes em locais como o Museu de Arte Contemporânea de Chicago, o Centro Cultural de Chicago, a Plataforma Revolver em Lisboa e no Porto, o Museu de Serralves, a Galeria Nuno Centeno e a Galeria MCO.
Durante 18 anos, a artista viveu entre Chicago e Nova Iorque. Nesse período, o projeto “Wonder Memories” começou a germinar das peripécias partilhas, vividas e faladas e da importância que a história oral tem no nosso dia a dia. Em 2022, no decorrer de uma residência artística em Lille-Tourcoing-Roubaix, em França, começou a dar os primeiros passos, entrevistando portugueses locais.
Em 2023, volta a Nova Iorque para mais uma residência artística inserida no LouffaPalooza, sob o mesmo registo: entrevistar, registar, transformar, ativar em diferentes órgãos as histórias e memórias da diáspora emigrante, numa perspetiva de arquivo vivo orgânico, até agora.
“Esta exposição tem três propósitos. Chamar quem for ou tenha sido emigrante, natural de Portugal, e queira ser entrevistado ou fazer parte deste projeto. A ideia é juntar outros países aos emigrantes entrevistados em França e Nova Iorque e partilhar essas experiências tão importantes e preciosas. Em segundo, partilhar o registo e processo deste projeto ‘on-going’, tendo como ponto de partilha as memórias. Por fim, ativar este arquivo de forma sinérgica com performances no exterior”, explica Beatriz à NiP.
A dinâmica deste projeto tem uma multimédia de interação e apreciação. De forma passiva, o público pode ver os vídeos de algumas das entrevistas realizadas, esculturas, bordados, livros da artista, baseados nas respostas dadas pelos participantes. A mostra inclui ainda cianotipias, um processo de impressão fotográfica, técnica feita à mão para imprimir negativos monocromáticos das pessoas entrevistadas e objetos.
Ativamente, os visitantes vão ter ao seu dispor um espaço com postais no qual, quem quiser, pode escrever e pendurar na parede alguma mensagem. Haverá ainda uma vending machine com brindes.
Serão também realizadas duas performances durante a inauguração, que é gratuita e aberta ao público, no dia 14 de setembro, sábado. A primeira será no exterior, no miradouro do Passeio das Virtudes, pelas 16 horas. 40 minutos depois, haverá outra performance, desta vez na Cooperativa Árvore, com interação do público e prémios.
As pessoas que são ou tenham sido emigrantes, sejam portugueses e queiram deixar o seu testemunho neste projeto, são convidadas a aparecer pessoalmente para falarem com a artista. Em setembro, Beatriz vai estar presente às segundas e sextas-feiras, das 10 às 14 horas.
Se preferir, pode entrar em contacto pelo email wondermemoriesproject@nullgmail.com, para agendar ou escolher a melhor forma de integrar o projeto. Na entrevista, são realizadas 11 questões-base relacionadas com a experiência de emigração, as ligações ao país e a Portugal, entre outras.
A exposição poderá ser visitada de segunda-feira a sábado, de forma gratuita, até ao dia 5 de outubro. A estação de metro dos Aliados fica próxima da Cooperativa Árvore.