“Obrigado pelo encantamento da tua voz e do teu talento. E sim, vai pelo(s) céu(s) às cavalitas e que se soltem os beijos de quem lá mora e amas (Sara Tavares). Por cá continuaremos a tentar caçar sonhos e sóis.” Foi com estas palavras que Manuel Luís Goucha homenageou Nuno Guerreiro na sua conta de Instagram.
O vocalista dos Ala dos Namorados, com os quais lançou temas como “Solta-se o Beijo”, morreu esta quinta-feira, 17 de abril, aos 52 anos. O cantor estava internado num hospital em Lisboa desde segunda-feira.
A partir do momento que a notícia da sua morte chegou a público, as redes sociais encheram-se de publicações de tributo ao músico que, aos 16 anos, se mudou sozinho do Algarve para Lisboa, com o objetivo de perseguir uma das suas paixões: a dança.
“Sempre tão apaixonado pela vida, pelos animais, pela arte e música, pelas pessoas e pela mãe, Regina. Conheci-te tinha eu 20 anos, sempre tiveste sede de vida. Irei lembrar-me de ti intenso, provocador, selvagem, romântico, dedicado, inteiro e generoso. Não sabias parar ou abrandar o ritmo, colocando a alma e coração em tudo o que fazias, sentias e vivias. Sempre com uma certa inocência presente, nunca deixaste nada para amanhã, não fosse o Mundo acabar”, escreveu Pedro Crispim.
Já o maestro Rui Massena, também conhecido por ser jurado no “Got Talent”, descreveu Nuno Guerreiro como “uma pessoa livre e um dos melhores seres humanos” que conheceu. “Partiu um amigo com uma voz excecional. Nasceu cedo demais para um País conservador e com pouca escala artística. Até sempre”, acrescentou.
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Outros artistas portugueses homenagearam o cantor com menos palavras. Ana Bacalhau, por exemplo, usou os stories do Instagram para escrever apenas: “Querido Nuno”. “Estou incrédula. Fica em paz, Nuno”, disse, por sua vez, Rita Guerra. Já César Mourão e João Baião partilharam imagens do artista acompanhadas por emojis.
Entre tantas publicações, uma das mais emocionantes foi, naturalmente, a de Catarina Furtado, amiga do músico desde a adolescência e colaboradora na época dos Ala dos Namorados.
“O Nuno hoje voou bem alto. E lá ficou. Tão alto e tão longe como nos fazia viajar com a sua voz, singular, inconfundível, interminável. A falar do Nuno não gastamos adjetivos em vão nem os banalizamos. O Nuno era diferente para melhor. Conheci-o ainda na adolescência na Escola de Dança do Conservatório Nacional onde ambos estudámos”, começou por escrever.
“Depois fui seguindo bem de perto a sua carreira e escrevi letras para canções dos Ala dos Namorados, onde a sua voz transformava as palavras em todos os minerais mais preciosos. O ‘Solta-se o beijo’ foi uma delas. E foi assim que o Nuno se juntou eternamente num dueto com a Sara. Não escondo o orgulho desta união e a emoção dolorosa de já não os saber cá. Na última vez em que nos abraçámos, falámos da partida da nossa Sara mas também falámos das partidas que a vida prega. Falamos de silêncios. De mágoas. E de música. De afetos. Do tesouro que reside em nós de conhecermos alguém de quem gostamos desde o tempo em que a Inocência e as hormonas de super-heróis jogavam às escondidas. Fica para sempre em mim a partilha do seu olhar de menino homem”.
A notícia da morte de Nuno Guerreiro foi avançada por volta das 17h10 por Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, de onde era natural. “Um artista fantástico, com uma voz inconfundível e única, um louletano de alma e coração que, mesmo na ribalta, nunca esquecia a sua terra. A morte de Nuno Guerreiro deixa a nossa comunidade bem mais pobre. Loulé está de luto, o mundo artístico nacional está de luto! Descansa em Paz, Nuno”, disse o autarca em comunicado.
Leia o artigo da NiT e conheça como foi o último concerto de Nuno Guerreiro. Carregue na galeria e veja também imagens do espetáculo.