Para muitos, ainda é difícil falar da pandemia de Covid-19. Dois confinamentos, várias restrições — sobretudo se falarmos na vida e no trabalho dos músicos — e os problemas pessoais associados são temas frequentes em muitas bandas e artistas, que lançaram novos registos de estúdio recentemente. Na banda portuense Conferência Inferno, esta opção não foi a exceção.
“O álbum apresenta letras um pouco negras, mas ao mesmo tempo músicas mais luminosas, como se falássemos de uma espécie de raio de luz, de esperança. Os temas abordados são similares e têm como inspiração sobretudo a sensibilização para a ansiedade e a saúde mental, que se viu muitíssimo afetada pela pandemia”, admite à New in Porto, Francisco Lima, vocalista da banda.
“Pós-Esmeralda” é o segundo álbum da banda e sucessor de “Ata Saturna” (2021) e apresenta uma reflexão do que a população viveu durante o tempo da pandemia. “Tratam-se de temas que foram escritos ao longo dos últimos dois anos, não com o intuito de criar um novo álbum, mas que agora, em estúdio, fez sentido juntar os temas para falar em sintonia”, acrescenta.
“Costumamos juntar-nos no nosso estúdio e vamos debatendo ideias prévias ou até algumas letras que individualmente começamos a escrever. Quando consideramos que temos um tema coeso — ou vários —, passamos dois ou três dias a editar, produzir. Também costumamos apresentar e experimentar alguns temas em concertos em vivo para perceber o feedback do público e, assim, vamos testando quais as músicas que fazem sentido manterem-se como singles e quais juntar para criar o álbum”, explica o vocalista da banda.
À New in Porto, o músico ainda avança que nem todos os temas que compõem hoje o álbum foram apresentados em concertos, pelo que serão uma novidade para os fãs da banda portuense. Além dos temas associados àquela fase “pós-azul”, isto é, depois de sairmos dessa fase “blue” (termo inglês usado para referir quando se está triste o deprimido), há temas dedicados ao romance e ao amor.
Lovers & Lollypops foi responsável pelo lançamento do disco em formato digital e vinil e pelos sons que a NiP conseguiu ouvir em primeira mão, onde é combinada uma estética rock com o pós punk, em que a eletrónica se junta com as letras de Francisco, que conta com José Silva nas teclas e Raul Mendiratta nos sintetizadores.
Para “jogar em casa”, a banda já anunciou ainda duas datas no Porto, no Ferro Bar, nos próximos dias 16 e 17 de novembro, quinta e sexta-feira. Para a apresentação do álbum nestes dois dias, a banda conta com alguns convidados, como Solar Corona Elektrische Maschine e o DJ Lynce para encerrar a primeira noite e, com Puto Mayo e Triunfo dos Acéfalos, na segunda.
“Pós-Esmeralda” será também apresentado noutras cidades do País. Com duas datas inseridas no Supernova, em Leiria, o álbum estreia-se a 27 de outubro, de seguida, a 4 de novembro sobem ao palco do MusicBox em Lisboa e, a 24 de novembro é a vez de Aveiro.