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“Beau Tem Medo”: chegou o novo (e bizarro) filme de Joachin Phoenix e Ari Aster

Depois de Joker, o ator voltou a assumir um papel desafiante que o obrigou a enfrentar inseguranças. Estreia esta quinta-feira.
Phoenix está de volta

Depois da louca viagem que levou Joachin Phoenix a interpretar o papel de Joker — e da preparação que, como admitiu, lhe afetou a saúde mental —, o ator voltou a arriscar tudo novamente.

No novo projeto de Ari Aster, responsável por filmes como “Midsommar” e “Hereditário”, Phoenix dá vida a Beau Wasserman, filho de uma bem-sucedida empresária. Perante a morte súbita da mãe, Wasserman vê-se obrigado a confrontar as suas ansiedades, os medos, os traumas e, pelo caminho, embarca numa espécie de pesadelo alucinante.

É descrito como “o filme mais bizarro filme” e marca também a vontade do realizador de se afastar, por agora, ao terror. No entanto, “o trauma mental”, assegura, “vai ter sempre lugar” nos seus filmes. E este não é exceção.

Originalmente feito sob o título “Disappointment Boulevard”, o projeto está há anos na gaveta de Aster, que o anunciou oficialmente em fevereiro de 2021. Os primeiros esboços foram desenhdos em 2011, com a curta-metragem “Beau”, que acompanha um homem de meia-idade em plena neurose provocada pela visita à casa da mãe, que não consegue concretizar porque, por algum motivo, não encontra as chaves.

Gravar o filme não terá sido uma experiência fácil, nota Joachin Phoenix, protagonista principal do elenco, que conta com nomes como Patti LuPone, Amy Ryan ou Nathan Lane. Isto apesar de estar mais do que calejado, sobretudo com o mais recente papel de Joker.

Nas entrevistas que antecederam a estreia — em abril nos EUA, esta quinta-feira, 4 de maio, nos cinemas nacionais —, Phoenix recordou um episódio que decorreu durante as filmagens e que o obrigou a tomar medidas drásticas para entrar em cena. Seria uma cena onde Beau estaria a tomar banho e Aster queria fazer num único take.

“Entrei em pânico”, explicou. Sentia que precisava de se sentir “livre” para se “revelar” durante a cena. “Estava um pouco relutante, até porque sei que isso soa estúpido, merdas de ator… Mas lembrei-me do que fiz antes da cena e não me sentia volátil. Sentia-me nervoso.”

Apesar da experiência, o ator de 48 anos estava nervoso. “Estava com uma equipa nova. Lembro-me de perceber que tinha de fazer algo estúpido, mas não o queria fazer.” Eventualmente, acabou por ganhar coragem.

“Simplesmente comecei a gritar. Foi o mais intenso e gutural grito de dor que consegui dar antes de gravarmos. Tinha que me humilhar, porque assim era impossível fazer uma figura mais estúpida do que aquela. Consegui libertar-me”, confessou. “Não sei porquê, mas senti que tinha de o fazer.”

A revelação, feita ao lado do realizador, veio com uma espécie de pedido de desculpas. “Sinto que ele ficou desconfortável, apesar de não estar presente”, notou o ator. Aster respondeu: “Lembro-me de perceber o que estavas a fazer. Senti que estavas a tentar gritar até ao ponto de te libertares do estado em que estavas. Foi chocante de uma forma excitante, porque acho que surpreendeu toda a gente.”

Esse espírito parece transparecer no filme, descrito por muitos críticos como “um exercício de surrealismo paranoico”. Bizarro e perturbador foram alguns dos adjetivos usados para o descrever, numa receção morna que levou a que se fixe nos 70 por cento no agregador Rotten Tomatoes.

É também algo que Phoenix reconhece, sobretudo quando se colocou no lugar de espectador. “Contorcia-me no assento”, confessou. “Ri-me durante o filme todo. Houve algumas cenas em que me contorci, sobretudo pelo que o Ari fez com o som. É um mundo tão rico e cheio de detalhes. É um filme que se sente, cheio de temas complexos, viscerais.”

A fama levou a que muitos considerassem tomar drogas antes de ir ao cinema ver “Beau Tem Medo”. “Disseram-me que havia um desses desafios e só queria avisar que não devem tomar cogumelos antes de ir ver o filme. Se o fizerem, gravem tudo — mas não o façam, por favor.”

Carregue na galeria para conhecer as novas séries que chegam à televisão em maio.

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