A artista Catarina Carvalho Gomes interessa-se pelo trabalho de exploração vocal, aplicado ao teatro, pedagogia e linguística. Na passada sexta-feira, 15 de setembro, estreou-se como cantautora com o álbum “Novas Canções da Terra”.
Trata-se de um disco com uma sonoridade independente, com influências do jazz, pop, folk e fado, onde a prioridade é a escrita em português e a voz enquanto instrumento. As suas canções abordam o luto, o fascínio, o conflito geracional, o património e a solidão, utilizando algumas árvores de fruto como pretexto e âncora metafórica, estabelecendo assim relações entre os ciclos naturais da flora e os ciclos fisiológicos e emocionais do ser humano.
“’Novas Canções da Terra’ reflete o que fui pensando e sentido ao longo dos últimos quatro anos, passando pelo luto, o fascínio, os conflitos geracionais e aqueles valores mais tradicionais”, admite à New in Porto.
Desde 2019 que tinha esta vontade de dar início ao projeto, mas foi um processo espancado no tempo porque, até na altura, encarava-o como um passatempo. Só no ano passado começou à procura de financiamento e foi em maio que o disco começou a ser gravado, sendo finalmente produzido pela Feto-Espada, estrutura da qual é diretora artística.
Na elaboração do disco, contou com a colaboração de João Grilo no piano e arranjos, Pedro João na guitarra, Afonso Passos na percussão, Gonçalo Cravinho Lopes no contrabaixo, Teresa Campos na voz e Hélder Costa na produção musical. “O que quero é fazer músicas bonitas e especiais, que movam as pessoas por dentro”.
A artista de 26 anos é formada como atriz pela Academia Contemporânea do Espetáculo e licenciada em Ciências da Linguagem, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É professora de Voz Falada na ACE Famalicão, aliando conhecimentos da Fonética e da Fonologia ao trabalho técnico e criativo do intérprete.
Colaborou com os serviços educativos da Orquestra de Jazz de Matosinhos, da Casa da Música e da Braga Media Arts. Foi locutora da Rádio Estação, do Museu da Cidade e declamadora nas Quintas de Leitura do Teatro Municipal do Porto.
Em 2021 criou o monólogo “Diacrítico”, com Pedro Galiza, uma coprodução ASSéDIO e Grua Crua, do qual foi intérprete. Ainda integrou o Ensemble Caleidoscópio, dirigido por Bruno Pernadas, e fez parte do projeto “Frestão” de João Grilo. Agora, aventura-se enquanto cantautora com “Novas Canções da Terra”.