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Cocó, murros e cocaína na vagina: os momentos WTF de Depp contra Heard

A batalha judicial tem sido um palco pouco digno, onde se discutem movimentos intestinais, traições, mensagens escritas e agressões sexuais.

Eis que o interminável julgamento que coloca frente a frente Johnny Depp e Amber Heard parece, finalmente, estar a chegar a uma conclusão. Foram longas semanas recheadas de depoimentos bizarros, reações inesperadas e muitas revelações.

No centro do furacão, o turbulento passado do casal que se casou em 2015 e se separou um ano depois, num desenlace recheado de drama e acusações de violência. O fogo que parecia ter sido apagado reacendeu-se em 2018 com a publicação de um artigo de opinião de Heard no “The Washington Post”.

No texto, a atriz invocava ter-se tornado num alvo de uma cultura perversa que protege os abusadores e ataca as abusadas. O nome do ex-marido nunca é mencionado, mas Depp sentiu que, de forma implícita, Heard o estava novamente a rotular de abusador. E depois de um atribulado processo em tribunal no Reino Unido, movido pelo ator contra os tabloides, seguiu-se o pedido de indemnizacação contra a ex-mulher.

O julgamento que arrancou em abril precipita-se agora para um fim bombástico. Terá Depp direito aos 40 milhões que exige a Heard ou, pelo contrário, a ex-mulher conquistará o direito aos 100 milhões com que ripostou no mesmo processo?

Certo é que, seja qual for o valor da indemnização, a imagem de ambos sairá danificada. Mas não só.

As sessões de tribunal têm despertado o interesse de muitos curiosos, alguns pouco ortodoxos. Foi isso que aconteceu esta segunda-feira, 23 de maio, com um dos momentos mais inesperados a decorrer à porta do tribunal.

O filho perdido de Johnny Depp

Os trabalhos decorriam normalmente, quando a juiza ordenou que fosse efetuada uma pausa na sessão. Assim que deixou a sala, e ainda com Depp, Heard e todas as equipas no seu interior, um grito surge por entre as dezenas de pessoas que assistiam ao julgamento. “Este bebé é teu.”

As cabeças viraram-se para procurar a autora da afirmação — e também para perceber a quem era dirigida. “Johnny, eu amo-te. As nossas almas estão ligadas”, voltou a gritar uma mulher.

O ator fitou-a, riu-se e acenou. A mulher que carregava consigo um bebé acabaria por ser escoltada pela polícia para fora do tribunal. De acordo com o canal “Law & Crime”, a acusadora acabaria por confessar, no exterior da sala, que tudo não passava de uma brincadeira. Mas nem tudo foi tão pacífico.

A língua marota

Um dos momentos mais descontraídos dos últimos dias foi oferecido pelo psiquiatra David Spiegel que subiu ao palanque para afirmar que o comportamento de Depp é compatível com o de um abusador.

Despentado, sempre com uma garrafa de sumo na mão e solto nas palavras, o médico sujeitou-se ao violento contra-interrogatório da equipa de Depp. Na bancada, o ator e a sua advogada pareciam entretidos com o testemunho aos solavancos e esboçaram algumas gargalhadas tímidas.

A reação mais inusitada, contudo, veio quando o advogado questionou se teria usado na sua avaliação de Depp, o comportamento de personagens interpretadas pelo ator, no caso, a de Willy Wonka. Visivelmente estupefacto, Spiegel virou-se para a juiza, hesitou, coçou o queijo e, num gesto bizarro, agitou a língua pela boca, sempre aberta.

Os tiques provocaram o riso entre os que assistiam e, no final da resposta, já poucos se lembravam do que Spiegel tinha dito.

A selvagem violação

Naquela que foi, provavelmente, uma das mais graves acusações feitas por Heard a Depp, a atriz recordou um episódio particular que terá acontecido em 2015.

Segundo a atriz, o ex-marido teria tomado quantidades consideráveis de MDMA. “Pôs-se em cima de mim na mesa e começou a bater-me repetidamente na cara”, recordou.

A disputa tornou-se ainda mais violenta quando, segundo Heard, Depp a terá encostado violentamente contra uma parede e arrancado o vestido. “Quando dei por ela, estava deitada no balcão do bar”, notou. “Parecia que me estava a bater, mas conseguia sentir uma pressão, uma pressão e uma dor no meu osso púbico.”

Revelou ter sido penetrada por Depp com uma garrafa que, diz, não saber se estava ou não partida. No entanto, afirmou ter ficado a sangrar da vagina. “Nunca tive tanto medo na minha vida.”

O cadáver putrefacto

A lavagem de roupa do casal foi total, ao ponto das diversas mensagens privadas trocadas entre si serem lidas a alto e bom som na sala de tribunal. A que mais esgares admirados provocou foi a mensagem enviada por Depp a um amigo, na qual falava sobre Heard.

“Espero que o corpo putrefacto daquela puta esteja a decompor-se na mala de um Honda Civic”, escreveu. Depp mostrou-se arrependido do tipo de linguagem usado.

Não foi a única ocasião em que usou esse tipo de comentários. Chegou a falar em afogar e queimar a ex-mulher. “Vou foder-lhe o corpo queimado, depois de me certificar de que está morta.”

A infância problemática da família Depp

A defesa de Johnny Depp tomou um rumo inesperado quando a irmã mais velha, Christi Dembrowski, recordou a vida familiar e os traumas de infância. Segundo a própria, foram alvo de violência por parte da mãe.

“A mãe gritava com ele, batia-lhe, chamava-lhe nomes”, recorda sobre a experiência do irmão. “O nosso pai não reagia, nunca fez nada. Deixava que ela fizesse o que tinha a fazer. Era a única forma de lidar com ela. Ele sempre tentou manter a paz.”
Os abusos verbais e psicológicos também eram comuns. “Ela tinha umas quantas alcunhas para o Johnny. A favorita era ‘one eye’ — um olho, em tradução livre —, porque quando era miúdo, os médicos achavam que ele sofria de estrabismo e taparam-lhe um dos olhos para fortalecer o outro.” “Ele nunca respondeu de forma negativa. Ele habituou-se a isso. Aceitava tudo.”

A cocaína na vagina

Noutro dos mais dramáticos testemunhos de Heard, a atriz recorda a “busca de cavidades” feita por Depp num alegado momento de loucura induzida pelas drogas.

Em lágrimas no banco de testemunhas, a atriz descreveu o alegado incidente de 2013. “Onde é que está?”, terá questionado Depp, que surgira de rompante no quarto. “Há quanto tempo a estas a esconder?”, referiu sobre a cocaína que carregava habitualmente consigo. “Tu sabes muito bem do que raio é que eu estou a falar.”

Heard, emocionada, revelou que o ator a apalpou à procura da droga e que chegou a rasgar o vestido. Entre soluços, a atriz confessou que se seguiu um momento verdadeiramente humilhante. “Rasgou-me o vestido, agarrou-me os seios, tocou-me nas coxas, rasgou a minha roupa interior”, recordou. “Depois começou a fazer uma busca pelas cavidades, dizia que estava à procura da sua cocaína.” “Enfiou os dedos dentro de mim. Eu não sabia o que fazer, fiquei ali, parada. Ele continuava a contorcer os dedos dentro de mim.”

A visita de James Franco

O ator foi sempre uma espécie de terceiro elemento em todo o julgamento. Segundo Depp, Heard manteria com ele uma relação especial. De acordo com a atriz, Depp “tinha ciúmes” e odiava o colega que com ela tinha participado em dois filmes.

“Ele odiava, abominava o James Franco. Estava sempre a acusar-me de ter tido um caso com ele”, contou. Esses ciúmes terão levado, segundo Heard, a que Depp a atacasse durante um voo, mesmo perante os seus guarda-costas e assistentes. Depp, claro, nega tudo.

Toda esta história culminou num vídeo apresentado pela defesa de Depp durante o contra-interrogatório a Heard, onde a atriz é vista a abrir a porta do prédio e a conduzir Franco à penthouse que mantinha com Depp. Pelo caminho, no elevador, os dois aproximaram-se.

“Ele era meu amigo, vivia no prédio do lado. E francamente, já tinha esgotado toda a rede de pessoas que me podiam apoiar e agradecia toda a amizade que pudesse ter naquele momento.”

O caso do cocó

Foi um dos temas mais inusitados que atravessou todo o julgamento. O ator queixava-se de que Heard teria defecado no seu lado da cama e teria recebido mais tarde a imagem que o provava.
Quando confrontou Heard, explica o ator, a ex-mulher “atirou a culpa para os cães”. “Vivi durante muitos anos com eles e sei que aquilo não veio de um cão.”

Por seu lado, Heard garantiu no banco de testemunhas que não se tratou de uma partida. “Antes de mais, não acho que isso tenha sequer alguma graça”, notou. “Além disso, não esta num humor compatível com esse tipo de partidas. A minha vida estava a desmoronar-se. Acabara de ser atacada durante a festa do meu 30.º aniversário pelo meu marido violento, por quem estava desesperadamente apaixonada.”
A justificação? As fezes seriam de Boo, o animal de estimação do ator que, segundo Heard, terá ingerido a marijuana de Depp quando ainda era pequeno.

O olhar proibido

Foi uma entrada de rompante a de Camille Vasquez, advogada de Depp, no contra-interrogatório de Amber Heard. “Boa tarde, Sra. Heard”, disse.. “O Sr. Depp não olhou para si uma única vez desde que este julgamento começou, pois não?” “Já você, olhou para ele por diversas vezes, correto?” Heard respondeu que sim a ambas as questões.

“Sabe exatamente porque é que o Sr. Depp não lhe devolve o olhar.” “Sei sim”, notou a atriz. “Ele prometeu-lhe que nunca mais lhe veria os olhos.”

Heard acabaria por tentar reverter a situação no final do contra-interrogatório, ao explicar que o ex-marido não a olha nos olhos “porque sabe que é culpado”.

O famoso dedo de Depp

Naquele que terá sido um dos mais graves episódios de violência entre o casal — e que ficou devidamente registado nas sequelas físicas de Depp —, o ator foi levado a um hospital australiano sem parte da ponta do dedo.

A luta com Heard, durante as gravações do quinto filme da saga “Os Piratas das Caraíbas”, tem várias versões, mas feitas as contas, tudo terminou com o segurança do ator a encontrar a ponta que faltava do dedo dentro de uma toalha de papel perto do bar da mansão onde estavam alojados.

O pedaço foi colocado em gelo e levado para o hospital, na tentativa de salvar o dedo do ator, que acabaria por recuperar.

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