Poucos sabem deste pormenor, mas as artes plásticas estão na génese do Coliseu do Porto. Ainda antes de ter sido construído em 1941, como a entidade que todos conhecemos hoje, este local costumava ser o antigo Jardim Passos Manuel, onde já se promoviam exposições e criações de jovens artistas, desde a pintura à dança, passando pelo cinema e a música.
Na componente das artes plásticas, destaca-se ainda a exposição de 1916, no Salão do Jardim Passos Manuel, onde Amadeo Souza Cardoso teve a sua primeira mostra individual com 114 obras, com o título “abstraccionismo”. Em 2023, o Coliseu estreou o seu próprio Serviço Educativo, com o objetivo de honrar esse legado, adicionando a todas as artes que o Coliseu já recebe, a pintura e as artes plásticas.
Nesse sentido, o Coliseu Porto Ageas inaugura o seu primeiro atelier de pintura de sempre. Entre os dias 14 de maio a 26 de junho, o primeiro atelier de pintura será orientado pela artista plástica portuense Filipa Godinho, sendo dedicado à arte do retrato. Para surpresa da artista e do Coliseu, a rápida adesão por parte dos amantes de pintura levou a abrir uma segunda data, que está prevista para o final do verão, a decorrer entre setembro e outubro.
Filipa é formada em Artes Plásticas e Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, tendo ainda o mestrado em Práticas Artísticas Contemporâneas. Desde sempre, que a sua área de estudo foi o retrato e, desde os 21 anos, que dá aulas do primeiro ciclo ao ensino superior.
“O retrato foi sempre o lugar mais apaixonante que encontrei entre todas as áreas de pintura. Uma vez que o Coliseu se encontra aberto a todas as artes com o seu Serviço Educativo, fazia sentido trazermos a pintura e sobretudo o retrato ao público”, começa por contar a artista à NiP, acrescentando: “Não estava nos meus planos especializar-me no retrato, mas sempre senti uma paixão por pessoas. A dado momento, quis fazer um projeto que envolvesse um grupo específico e, por motivos pessoais, fiz 14 retratos a utentes de um lar. Desde então, os caminhos abriram-se e aproximei-me mais dos retratos, sobretudo em óleo”, admite.
O atelier terá a duração de 20 horas, divididas por oito sessões. Nesta oficina serão abordados todos os aspetos do retrato, desde o pensamento até à criação prática. Os alunos vão poder desenvolver a técnica da pintura aplicada no retrato, com o desafio de representar artistas icónicos que já tenham passado pelo Coliseu. Os participantes irão ainda experimentar diversas técnicas de desenho, como carvão, caneta e grafite, assim como de pintura, como acrílico, aguarela e pastel.
Do formato da cabeça ao olhar, do sorriso à cor, luz e sombra, neste breve curso de pintura, os participantes vão desenvolver técnicas que permitam, acima de tudo, convocar a emoção e fazê-la habitar na imagem, dando vida aos olhares e rostos.
O curso vai começar pelo desenho, passando pelas formas e proporções do rosto nas diferentes idades, até às expressões e o que elas convocam, sem entrar no cliché de mexer nos olhos e sobrancelhas para transmitir tristeza ou alegria, mas ir até aos pormenores mais minuciosos para mudar por completo a emoção da imagem. Será ainda trabalhada a cor e como a mesma poderá influenciar o retrato em si.
A segunda edição deste curso decorre de 17 de setembro a 30 de outubro, com oito sessões, com uma duração de 2h30, sempre pelas 18 horas, no Salão Jardim, sala cujo nome homenageia a história contada acima. No final, os alunos vão ter a oportunidade de expor os trabalhos feitos no curso, no Coliseu e, quem sabe, serem vistos por alguns dos artistas retratados.
O custo do curso é de 160€ sem materiais ou de 200€ com materiais incluídos. As inscrições podem ser feitas online ou pelo email educativo@nullcoliseu.pt.
