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Com 43 anos, Trabalhadores do Comércio atuam no North Music Festival

Banda portuense tem um novo single e prepara o lançamento de mais um álbum ainda este ano.
São portuenses com orgulho.

Desde a década de 80 que os Trabalhadores do Comércio são uma banda de referência para o Porto e levam as tradições e expressões da cidade ao resto do País. Depois de mais de dez anos sem novidades, acabam de lançar um novo single e vão atuar no North Music Festival.

Entre nomes como The Chemical Brothers, The Legendary Tigerman ou dos também portuenses Jafumega, a banda sobe ao palco do North Music Festival, na Alfândega do Porto, a 26 de maio. Temas como “Chamem a Polícia” ou “Taquetinho Ou Lebas Nu Fucinhu” não faltarão, mas há mais para descobrir.

“Para nós, tocar no Porto é sempre estar a tocar em casa, a jogar em casa, como se costuma dizer no desporto”, diz à New in Porto um dos elementos mais antigos da banda, Sérgio Castro. “Acima de tudo, é interessante e para nós muito gratificante tocar num festival desta dimensão porque já não estamos tão habituados a este tipo de coisas”.

Embora se mostre entusiasmado com este regresso aos palcos do Porto, o músico explica que este tipo de concerto não é aquele de que mais gostam, uma vez que preferem opções mais inimistas como teatros, onde é mais fácil a interação com o público. Esta é, ainda assim, admite, uma oportunidade para chegar a diferentes públicos que poderão até nem conhecer os Trabalhadores do Comércio.

Criado em 1980, o grupo trouxe a música pop ao Porto mas rapidamente passou a levar o Porto ao resto do País. Essa é, aliás, uma das características que o distingue, uma vez que fizeram questão de manter o sotaque e até evidenciá-lo.

“A importância do Porto [para os Trabalhadores do Comércio] é total e absoluta”, começa por sublinhar Sérgio Castro, continuando: “Acho que se há alguma banda que representa a cidade e o falar do Porto e toda esta área do norte de Portugal são os Trabalhadores do Comércio, que realmente levam o Porto às máximas consequências. Nós representamos o Porto de cima a baixo desde a linguagem ao linguajar, à pronúncia, à forma mesmo de usar o humor, o humor é nítidamente o humor tripeiro”.

Esta foi, aliás, uma luta do grupo desde o início. Assumiram o amor pelo norte e quiseram mostrar que, mesmo que não fosse bem visto naquela altura, não se envergonhavam de ter sotaque e até usavam isso a seu favor.

Olhando para o presente dos Trabalhadores do Comércio, foi a 1 de maio que a banda lançou “Na Desportiba”, o primeiro single deste regresso e do novo álbum que se chamará “Objecto” e que deverá chegar ao público no final do ano. O tema vem acompanhado por um videoclip realizado por Alberto Almeida e tem divertido o público que o vê.

“O que nós tentámos com esta canção e a escolha da mesma para ser uma canção de apresentação foi algo que não foi unânime. Eu próprio, apesar de ser o compositor da canção, não tinha grande vontade de começar por aqui porque tenho sempre uma tendência a pensar que somos mais sérios do que isto. Por outro lado, houve uma certa tendência da parte de alguns elementos do grupo, e não só, gente externa ao grupo que convive connosco, que achou que devíamos utilizar esta canção como cartão de apresentação, de reapresentação depois de tanto tempo parados.”

O álbum em si está a ser preparado e incluirá temas originais, homenagens a grandes figuras da música nacional — como Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira — e até parcerias com outros artistas. No caso dos originais, o público pode contar sempre com um certo toque de humor, que caracteriza a banda, que atualmente é composta por Joe Médicis, Daniel Tercio, Pony, Miguel Cerqueira, Jorge Filipe, Daniela Costa, Álvaro Azevedo e Diana Basto, além de Sérgio Costa, embora nem todos participem sempre nas atuações ao vivo.

O último trabalho apresentado pelos Trabalhadores do Comércio tinha sido “Das Turmêntas hà Boua Isperansa”, em 2012. Depois disso, a banda fez alguns vídeos durante a pandemia e os confinamentos, num registo um pouco mais cómico.

Parte da justificação para esta espécie de interregno está ligada ao facto de alguns dos elementos estarem emigrados e a banda ter também menos concertos agendados do que aqueles que gostaria. Ainda assim, a composição não parou, tanto que no novo álbum algumas das músicas foram escritas em 2013, 2014 ou até 2016. Com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores, o novo projeto avançou e foi possível ao grupo garantir o pagamento de um estúdio e das deslocações necessárias.

Para o futuro próximo, os objetivos da banda passam por terminar o álbum e lançá-lo, ao mesmo tempo que começam a ter também alguns concertos já agendados. As datas concretas e todas as novidades vão sendo apresentandas através do seu site e das redes sociais como a página de Instagram.

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