O novo ano traz consigo não só uma ou duas, mas várias mãos cheias de espetáculos que vão subir ao palco dos pilares do Teatro Municipal do Porto: o Teatro do Rivoli e o Teatro de Campo Alegre. Na passada quarta-feira, 29 de novembro, Cristina Plantas Leitão e Drew Klein, codiretores do TMP, revelaram que vem aí um semestre cheio de estreias e reencontros.
Ao todo, estes dois teatros portuenses vão receber 80 espetáculos. Do teatro à dança, passando pela música até a literatura, o TMP apresenta-se como uma casa aberta para toda a gente que será palco de 11 estreias absolutas, das quais oito são produções nacionais. Há 20 coproduções que incluem artistas ou companhias locais.
De janeiro a junho, o TMP pretende ainda questionar algumas das problemáticas atuais em Portugal e no resto do mundo. O objetivo é que o teatro municipal — apesar de viver rodeado por uma cidade, uma região e um País — se afirme num mundo que está em constante ebulição.
“Abordar a complexidade do mundo prende-se com o nosso esforço continuado de apresentar realidades vividas em palco. Nesse sentido, partilharemos trabalhos que dão a ver um conjunto de histórias e experiências que compõem o diversificado tecido da nossa sociedade, incluindo descobertas pessoais e genealógicas, diferentes formas de protesto artístico, momentos tanto de luto como de êxtase e assim por diante”, contam os codiretores à NiP.
O arranque da nova temporada está marcada para os dias 12 e 13 de janeiro, com a peça “Bravo 23!”, no Grande Auditório do Rivoli. O espetáculo, da autoria do Teatro Praga, apresenta-se como “alegre, estouvado, para sacudir os espíritos mais calados e agitar o público com uma revisão que irá fazer o público trautear canções e aplaudir a vida”.
Nos dias 19 e 20 de janeiro, vai haver sessões gratuitas para celebrar os 92 anos do Rivoli. “Por tradição, no aniversário apresentavam-se grandes companhias e este ano resolvemos rasgar um pouquinho com essa tradição. É um programa que nos confronta com a realidade”, descreveu Cristina Planas Leitão. Poderá assistir a sessões de dança, experiências de realidade virtual e ainda um DJ set.
Já em fevereiro, nos dias 9 e 10, o Teatro de Campo Alegre recebe “A Missão da Missão”, de Aurora Negra. Trata-se de uma “revolução feminina e negra de sete mulheres em ciclos constantes de esperança que reconhecem a urgência de construir utopias em realidades mais igualitárias”.
“Este espetáculo tem por base os movimentos de libertação africana e a importância fundamental da participação feminina nessas lutas pela liberdade”, explicam Cristina e Drew.
Em março, ainda no Auditório de Campo Alegre, o destaque vai para “A Night in the Belly of the Beast” logo nos dias 1 e 2. O espetáculo é da autoria do Ensemble — Sociedade de Actores. A história explora uma tragédia rock sobre a volatilidade das relações de poder, criada a partir da música original de Ricardo Pinto e com letras e dramaturgia por André Lourenço. Este espetáculo multidisciplinar irá juntar músicos, atores e bailarinos em palco.
De regresso ao Rivoli, nos dias 8 e 9 de março, sobe ao palco a coreógrafa Marlene Monteiro Freitas para a companhia Dançando com a Diferença com “ÔSS” (osso em crioulo). A performance é dirigida para miúdos a partir dos seis anos e cria mundos com inspiração mitológica misturadas com poesia, alta cultura e cultura pop.
Abril é o mês que consagra 50 anos da Revolução dos Cravos. Em consequência será feita uma reflexão sobre conceitos como ditadura e paz numa sociedade preocupada com o sucesso desmedido. Para o efeito, nos dias 4, 5 e 6, poderá assistir ao espetáculo “G.O.L.P.”, de Gonçalo Amorim e Alexis Moreno, no Rivoli.
Já de 24 de abril a 5 de maio, a oitava edição do DDD – Festival Dias da Dança vai celebrar a Liberdade no Porto, Matosinhos e Gaia. O primeiro avanço da programação é a apresentação de “VOICE NOISE, de Jan Martens, no Grande Auditório do Teatro Rivoli, no Dia Mundial da Dança.
Nas restantes estreias da temporada, ficamos pelo Rivoli. Nos dias 30 e 31 de maio, e 1 de junho, a Companhia Nacional de Bailado vai juntar três nomes maiores da dança contemporânea: Hofesh Shechter, Vasco Wellenkamp e Ohad Naharin, para um espetáculo que promete ser arrebatador.
Ainda em junho, nos dias 6 e 7, estreia o projeto portuense “Visões Úteis”, com direção artística de Inês Carvalho. A peça é o culminar de um longo processo de proximidade, cumplicidade, escuta, criação e superação. Criadores ciganos e não-ciganos lançam um olhar novo sobre um rico legado cultural e patrimonial. “Para fazer soar mais alto e mais longe a voz cigana, para fazer ecoar o direito, no avesso e nas costuras da cidade e da sociedade”.
Para encerrar o semestre e, de regresso ao Porto, (LA)HORDE/Ballet National de Marseille apresenta “Age of Content” em estreia nacional. Nos dias 14 e 15 de junho, a peça virá questionar o público sobre a relação física e emocional com a abundância de conteúdo e realidades simultâneas que caracterizam o mundo atual. Numa era onde os mundos virtuais já não são uma mera representação da realidade, mas têm uma existência própria e autónoma com influência direta na forma como nos deslocamos e comunicamos.
Na programação é feito ainda um especial destaque às Quintas de Leitura, que celebra nesta edição, 23 anos. Para assinalar o aniversário, será editada uma antologia intitulada “Mudança é preciso”. A primeira sessão ocorre logo no dia 11 de janeiro, no Auditório de Campo Alegre, acontecendo mais duas sessões, uma a 15 de fevereiro e no dia 23 de março, data em que se celebram os 23 anos da iniciativa.
Esta temporada inclui também espetáculos com sessões escolares. Nos dias 22, 23 e 24 de fevereiro, decorre o espetáculo “Uma Partícula Mais Pequena do Que Um Grão de Pó”, para maiores de seis anos e a 9 de março é a vez de miúdos e adultos assistirem a peça de teatro “Antiprincesas — Antónia Rodrigues”. Todas as sessões decorrem no Campo Alegre.
É de destacar que o TMP ainda terá dentro da programação espetáculos de entrada gratuita. Quanto aos restantes, os bilhetes poderão ser adquiridos na bilheteira do Teatro Rivoli ou no Campo Alegre, variando o preço entre os 2,50€ e os 12€, dependendo do espetáculo.
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