Apesar de ainda não termos passado pelo Natal ou Ano Novo, há quem já esteja a pensar em todos os espetáculos que não pode perder em 2025. Se for o seu caso, temos boas notícias. O Teatro Municipal do Porto (TMP), que engloba os teatros Rivoli e Campo Alegre, divulgou a programação para a sua 10.º temporada. Apesar de manter-se fiel às tradições, está de olhos postos no futuro das artes performativas no concelho, no País e no mundo.
De janeiro a junho, o TMP vão apresentar 25 espetáculos — seis estreias absolutas e dez estreias nacionais. Pelos palcos vão passar nomes consagrados das artes internacionais, como Lucinda Childs e Anne Teresa de Keersmaeker, mas também há lugar para criadores nacionais emergentes, como é o caso de Mafalda Banquart e Marco Mendonça.
A entidade assume-se como um “espaço que está sempre a mudar”. E, segundo avança o diretor artístico, Drew Klein, “nos próximos seis meses, o TMP vai transformar-se num skatepark, num tribunal para um julgamento de bruxaria, num snack-bar sul-coreano, nas ruas de Buenos Aires e por aí fora”.
É “nesta abundância de possibilidades que vemos um reflexo da própria vida”, diz Klein, garantindo que o Teatro Municipal do Porto é um espaço onde se homenageia o tradicional, o familiar, mas também se espera pelo novo e inovador.
A programação arranca logo em janeiro, com eventos dedicados à música. É neste mês que se assinala o 93.º aniversário do Rivoli, por isso, o espaço estará aberto à cidade, gratuitamente, durante quatro dias. O levantamento dos bilhetes acontece, nos dias das sessões, a partir das 10 horas, nas bilheteiras locais do TMP.
De 23 a 26, quinta-feira a domingo, o público poderá assistir, em estreia nacional, “Madriglas” de Benjamin Abel Meirhaeghe’s. O encenador dá vida aos “Madrigali Guerrieri et Amorosi” de Monteverdi.
Nos mesmos dias, serão ainda apresentados “Casio Tone Respire”, reflexos da vida moderna por Silvia Real e Sérgio Pelágio, bem como o espetáculo de 12 horas, “The Complete National Anthems of the World”, de Carlos Azevedo Mesquita, onde se ouvem gravações a capella de hinos nacionais.
Já em fevereiro, o Rivoli recebe, em estreia nacional, nos dias 7 e 8, sexta-feira e sábado, “La Luz de Un Lago”, da companhia catalã El Conde de Torrefiel. O espetáculo junta fragmentos de vida de personagens que vivem em lugares e tempos diferentes. Envolve amor, trabalho e violência, num mundo que colapsa visualmente entre miragens e alucinações.
Nos dias 14 e 15, também sexta-feira e sábado, segue-se a estreia de “O Fim do Visto” de Teresa Coutinho, desta vez no Campo Alegre. A dramaturga inspira-se na história de “Cassandra” de Christina Wolf, numa peça que mistura pesquisa e ficção, elementos históricos e reflexões sobre desfechos políticos futuros. Com o objetivo de provocar a reflexão sobre o perigoso crescimento da extrema direita na Europa, Teresa apresenta uma fábula sobre o medo, a passividade e a repetição cíclica de mecanismos de opressão.
Em fevereiro arranca ainda a primeira sessão das já habituais Quintas de Leitura. Acontece no dia 27, estando também marcadas sessões para 27 de março e 29 de maio.
De 28 de fevereiro a 1 de março, e pela primeira vez no Teatro Municipal do Porto, Mette Ingvartsen transformará o palco num autêntico parque de skate, em coapresentação com a Culturgest. Em “Skatepark”, a coreógrafa explora a velocidade e a energia do movimento sobre rodas. No palco vão estar um grupo de skaters para “representar a emergência de uma comunidade definida pela persistência e pelo trabalho árduo no sentido da prática contínua”, refere a organização.
O Rivoli recebe entre 6 e 8 de março outra estreia absoluta. “Steal you for a moment” recupera uma colaboração antiga, que remonta ao início das carreiras da coreógrafa norte-americana, Meg Stuart, e o coreógrafo português, fundador e diretor artístico da EIRA, Francisco Camacho.
Dias 21 e 22 de março, o Campo Alegre recebe a estreia de “ARUS FEMIA” de Zia Soares. A encenadora angolana inspirou-se nas mulheres guineenses para um espetáculo que apresenta cenários distópicos. O mês encerra com o regresso de Lucinda Childs Dance Company ao Rivoli, nos dias 28 e 29, para a estreia nacional de “Four New Works”. Trata-se do primeiro trabalho da bailarina e coreógrafa de 84 anos, na última década.
Em abril, Marco Mendonça apresenta o seu primeiro trabalho no TMP enquanto encenador. Nos dias 4 e 5, “BlackFace” tomará conta do palco com um espetáculo que mistura um solo, uma conferência musical, stand-up comedy, fantasia, teatro físico, burlesco, documental e sátira. Tudo a partir de experiências pessoais e da história do “blackface” enquanto prática teatral racista. Marco procura explorar os limites do que pode, ou não, ser representado num palco.
Já nos dias 10 e 11, a encenadora argentina, Lola Arias, apresenta pela primeira vez em Portugal, “Los Dias Afuera”. É uma peça de teatro documental que conta a vida de seis pessoas a partir do momento em que saem da prisão. As biografias cruzam-se num álbum de histórias imprevisíveis.
Está de regresso mais uma edição do DDD — Festival Dias da Dança
A nona edição do festival de dança ocorre entre 23 de abril e 4 de maio e, para além de levar a dança aos espaços culturais do Porto, passará ainda por Matosinhos e Gaia.
A programação será divulgada apenas em fevereiro, mas até lá, e ainda no ramo da dança, a NiP consegue avançar o regresso de Anne Teresa De Keersmaeker ao Rivoli nos dias 6 e 7 de junho. Em “Exit Above — After de Temptest”, a coreógrafa belga volta a explorar a relação entre a música pop e a dança. O ponto de partida é a canção “Walking Blues”, de Robert Johnson, embora a viagem remeta para “Der Wanderer”, de Schubert.
Já nos dias 13 e 14 é a vez da estreia de António Parra com a peça “O Mundo Mágico do Tudo Bem”. Trata-se de uma companhia de circo cansada da sua missão, que decide fechar as portas durante o espetáculo e torna o público refém. Cansados das máscaras, de fugir à realidade e ao que os perturba, os artistas decidem encaram a realidade: a humanidade falhou.
Masterclasses, workshops e espetáculos para famílias
Já é uma tradição pelo Teatro Municipal do Porto. Antes, durante e depois dos espetáculos, há encontros que procuram aproximar coreógrafos e público. De janeiro a julho, a entidade portuense oferece masterclasses, workshops, conversas e conferências com Lucinda Child, Gael Dormenger, Teresa Coutinho e Francisco Camacho.
A participação em todas as iniciativas é gratuita mediante a apresentação do bilhete do respetivo espetáculo. As inscrições devem ser feitas pelo email bilheteira.tmp@nullagoraporto.pt.
O teatro é um lugar para todos e a abrangente programação do TMP confirma-o. A 14 de fevereiro, Joana Estrela & Nicolau, apresentam no Rivoli a peça infantil “Dois Ratos”, uma história de amizade entre o rato da cidade e o rato do campo. Já a 22 de março é a vez de “Os Lobos de Pedra” no Campo Alegre. Nesta história, Sandra Neves/Trupe Fandanga apresenta a viagem de um rapaz aos labirintos do seu coração onde habitam lobos obscuros e luminosos.
A 5 de abril, Gabriella Iacono e Gregory Grosjean contam uma história da dança a partir de coreografias icónicas que recriam, utilizando apenas as mãos, em “Du bout des doigts (Na ponta dos dedos)”. Por fim, “Outra vez miau!”, do Teatro de Ferro, estreia no Rivoli a 31 de maio. Esta criação parte da memória pessoal de como certas histórias e brincadeiras eram (e são) solicitadas vezes sem conta pelas novas gerações.
O ciclo Make Trouble está de regresso
“Musa Insistente” de Leandro de Souza, e a estreia de “As Secretárias”, The Five Lesbian Brothers por Maria Inês Marques são o grande destaque para o regresso do Make Trouble, nos dias 17 e 18 de janeiro. Maria Inês Marques recupera o texto da peça estreada em Nova Iorque em 1993. O espetáculo procura recuperar a estética dos slashers e da ficção televisiva das décadas dos anos 80 e 90.
Nos dias 13 e 14 de março, acontece a estreia nacional de “Haribo Kimchi” de Jaha Koo e “FLOWERS!” de Mafalda Banquart/Silent Party. No primeiro, a cena acontece num “pojangmacha”, um típico carrinho de venda de comida de rua que encontra na Coreia do Sul. Já no segundo, Mafalda Banquart desafia o público a revolucionar a forma como olhamos e experienciamos o mundo. Combina performance, reflexão filosófica e um DJ set, inspirado, entre outras tantas coisas, pinturas de Monet e discografia de Miley Cyrus.
O TMP mantém as parcerias com outras entidades portuenses
Em 2025, a entidade portuense colabora novamente com o Festival Porta-Jazz, a decorrer de 30 de janeiro a 2 de fevereiro. O ciclo “Palcos Instáveis”, em parceria com Instável — Centro Coreográfico, acontece nos dias 31 de janeiro e 1 de fevereiro, bem como em março, nos dias 28 e 29.
O Understage, em coprodução com Matéria Prima, Lovers &Lollypops e Amplificasom, realiza-se no Rivoli a 17 de janeiro, 21 de fevereiro, 14 de março, 4 de abril, 30 de maio e 13 de junho.
De 13 a 25 de maio, acontece mais uma edição do FITEI — Festival Internacional de Teatro e Expressão Ibérica. Por fim, o TRENGO — Festival de Circo do Porto, da Erva Daninha, decorre dias 27 e 28 de junho. Os bilhetes para os espetáculos da temporada 2025 já se encontram à venda online, bem como nas bilheteiras do Teatro Rivoli e do Teatro Campo Alegre.
O TMP acredita num acesso alargado à cultura, é por isso que oferece sessões com preços acessíveis — pessoas com necessidades específicas, maiores de 65 anos, em situação de desemprego e estudantes, usufruem 50 por ceno de desconto.