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Este cinema portuense vai dedicar um ciclo à “Idade de Ouro” da cultura afro-americana

O Batalha Centro de Cinema celebra o Harlem Renaissance de fevereiro a abril com uma seleção de filmes especial.
"Paris Blues" é um dos filmes em exibição.

O Harlem Renaissance tratou-se de um movimento cultural, social e artístico que surgiu no bairro do Harlem, em Nova Iorque, durante as décadas dos anos 20 e 30. Entre 8 de fevereiro e 16 de abril, o Batalha Centro de Cinema dedica um ciclo de filmes a este período.

Também conhecido como a “Idade de Ouro” da cultura afro-americana, nesta altura destacaram-se figuras como Langston Hughes, W. E.B. Du Bois e Zora Neale Hurston, na literatura e no pensamento crítico; Duke Ellington e Billie Holiday, na música; e Oscar Mucheaux e Josephine Baker, no cinema. Alem disso, lançou as bases para o Movimento dos Direitos Civis.

O Harlem Renaissance foi encarado também como uma força de afirmação e exploração de questões relacionadas com sexualidade e identidade, onde membros da comunidade LGTB, como Alain Locke, Ethel Water e Langston Hughes desempenharam papéis fundamentais.

Nesse sentido, o Batalha Centro de Cinema propõe um “retrato fílmico” deste período e da sua influência na contemporaneidade. No ciclo estão incluídas obras de Zora Neale Hurston, Oscar Micheaux, Isaac Julien, Dudley Murphy, Martin Ritt, Otto Preminger, Akosua Adoma Owusu, Edmond T. Gréville e Marc Allégret.

A sessão arranca com a comemoração do centenário de “Body and Soul” (1925), de Odcar Micheaux, com apresentação do cineasta norte-americano Billy Woodberry. Por sua vez, Akosua Adoma Owusu, cineasta e artista ganesa-americana reconhecida pelo trabalho no cinema experimental e na exploração de temas como identidade cultural, diáspora africana e questões de género, estará também presente no cinema portuense, a 20 de março, para uma conversa sobre W. E. B. Du Bois seguida da exibição da sua obra.

O programa inclui ainda duas sessões: Duke Ellington com “Black and Tan” (1929), de Dudley Murphy, a primeira aparição do músico no cinema, seguido de “Paris Blues” (1961), de Martin Ritt; e “Anatomy of a Murder” (1959), de Otto Preminger — todos com banda sonora de Ellington. Josephine Baker, figura icónica do século XX que quebrou barreiras ao tornar-se uma das primeiras mulheres negras a alcançar fama internacional no mundo do entretenimento, também estará em destaque em duas sessões programadas por Gisela Casimiro (artista, escritora e ativista).

Princesse Tam-Tam” (1935), de Edmond T. Gréville, é exibido a 23 de março, e “Zouzou” (1934), de Marc Allégret, a 4 de abril, numa sessão antecedida por uma conversa entre Gisela Casimiro e David J. Amado (artista, realizador e ativista) acerca da influência de Baker no Harlem Renaissance.

Ainda no âmbito deste ciclo temático, o programa Famílias apresenta, a 15 de março, o musical “Cabin in the Sky” (1943), de Vincente Minnelli, uma das primeiras grandes produções de Hollywood com um elenco composto maioritariamente por pessoas negras, antecedido pela exibição da curta-metragem “Date with Duke” (1974), de George Pál, protagonizada por Duke Ellington.

Pode consultar o programa completo online, bem como comprar os bilhetes a partir de 4€. A estação de metro dos Aliados fica próxima do Batalha Centro de Cinema.

Carregue na galeria para (re)ver as estreias que chegaram às salas de cinema português nas últimas semanas.

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