cultura

Estivemos no concerto de estreia de Marquise nos Maus Hábitos e foi surpreendente

A banda portuense está a dar os primeiros passos na música e é a prova do crescimento cultural da cidade.
A banda em ensaio.

Tudo começa por M nesta banda portuense, formada por amigos de longa data, que nos transportam para uma nova era, que honra o rock portuense e português. Um refresco ao panorama musical, a Marquise é uma banda singular, com um som único.

O projeto é formado pela voz de Mafalda Rodrigues (20 anos); Miguel Azevedo no baixo (19 anos) e Miguel Pereira na guitarra (20 anos). A bateria está a cargo de Matias Ferreira, 20 anos. Estes quatro jovens vêm todos de raízes académicas completamente diferentes, com uma causa em comum: a música. O baixista está em Matemática Aplicada e Computação no Instituto Superior Técnico de Lisboa, Mafalda estuda na Faculdade de Arquitetura da UP e Matias em Cinema. O guitarrista seguiu o caminho da Produção Musical na ESART em Castelo Branco. 

Juntaram-se inesperadamente na adolescência, onde organicamente a música veio fortalecer as amizades de segunda natureza. O mesmo é notável na química em palco e no EP, lançado a 31 de março deste ano. Deram-se a conhecer ao mundo, pela primeira vez na festa académica da FAUP, mas estrearam-se a solo nos Maus Hábitos no passado dia 27 de julho. 

São nestes momentos, nos primeiros passos de uma banda como Marquise, que o brilho nos olhos os distingue de músicos já estabelecidos. Sobre o concerto, os quatro elementos admitiram à New in Porto que ficaram incrédulos com o público, principalmente quando ecoaram por toda a sala as suas vozes, enquanto os mesmos acompanhavam a banda, logo na canção de abertura, “Acordei Mal“. A banda não consegue definir um estilo específico, pois cada música traz uma mistura de diferentes influências e é exatamente por isso que se distingue de outros projetos portugueses. 

Mafalda contou-nos que antes de cada concerto, toda a banda gosta de passar o dia em conjunto a relaxar. Matias até partilhou que um dia foram para um riacho e passaram uma tarde de verão a falar, cantar e “fazer palhaçadas”. Contudo, depois destes momentos de relaxamento não significa que a pressão não regresse antes de entrarem em palco.

Todos os elementos confessaram à NiP que quando se aperceberam da quantidade de público dos Maus Hábitos, começaram a sentir os nervos a crescer, mas nada disso os impediu de darem o seu melhor e o mesmo foi provado pós-concerto. Quando Mafalda anunciou que iriam tocar a última música, o público incentivou a banda a cantar “só mais um tema”. Quando a banda saiu do palco, foram até ao público. Voaram abraços, parabéns, cumprimentos de pessoas desconhecidas, o que demonstrou a reação genuína do público e o afeto crescente pela banda. 

No concerto tocaram 14 músicas no total, sendo que apenas cinco estão lançadas. Prova de que a banda não parou de criar e todos os ouvintes esperam que o álbum saia em breve, pois a receção às novas músicas superou as expectativas. 

O repertório foi escrito em grupo, sendo que no processo artístico, as ideias nascem de um dos elementos e depois os restantes adicionam naturalmente o seu feedback, completando e complementando assim as canções e dando o seu toque especial em conjunto. Como Mafalda confessou, “é super espontâneo”.

Neste momento, a banda ainda não pode desvendar novidades pois ainda está tudo em processo de construção e a Marquise quer primeiro concentrar-se nas últimas apresentações e concertos e só se focar por completo num álbum mais tarde. 

O álbum vai ser composto apenas por músicas novas, pois a banda admitiu que o novo repertório já está a evoluir e afastar-se das canções do EP. Pode ouvir Marquise, em todas as plataformas streaming de música, incluído o SpotifyYouTubeMusic. Contudo se for amante do CD físico, o EP já está disponível nas bancas.

Para se descrever a Marquise, como Mafalda nos conta e a Nip concorda, o texto de Daniel Catarino resumo exatamente a essência da banda. Se ouvir o EP, as primeiras músicas lançadas pelos músicos, vai compreender perfeitamente este texto original. 

“A Marquise surge no País das morgadinhas, da tradição dos pavimentos melódicos dos anos 90, das baixelas marteladas e pratos ondulados pelo vento. Tudo começa por M, nos canaviais do rock que Júlio Dinis sonhou, onde meninas bonitas usam pedais de distorção e criticam ideias liberais — Marquise é Mafalda, Matias e Miguel vezes dois, como quem se olha ao espelho-elho-elho. Juntos fazem música de quem Kurt o Cobain, a piscar o olho aos génios suicidas de eras feitas à mão, com uma voz feminina capaz de os trazer novamente à vida. Em Seattle chovia o ano todo e os músicos fechavam-se na garagem a tocar. A Marquise queria ser uma varanda no Porto, mas taparam-lhe o ar livre. Agora, munida de garganta, baquetas e palhetas, ataca ferozmente as paredes para se dar a conhecer ao mundo. As canções estão a bater com força, abram-lhe uma janela.” 

Marquise são o reflexo da liberdade que a música deve transparecer e já nos seus primeiros passos na indústria, a banda conseguiu transmitir essa garra, a pureza da livre interpretação das suas canções e como eles próprios querem que as pessoas sintam e relacionem as suas músicas com as suas próprias vidas. A música é subjetiva exatamente por defender a liberdade e colocar em debate aquilo que faz de nós seres humanos.

No EP de Marquise todas as músicas transmitem exatamente essa liberdade, portanto, o desejo é que os músicos continuem esta procura incessante e honrem o rock portuense. Até agora, já ultrapassaram qualquer expectativa. 

A New in Porto esteve no concerto de estreia da Marquise nos Maus Hábitos e rapidamente compreendeu como é que encheram a sala. Carregue na galeria para ver fotografias da experiência.

MAIS HISTÓRIAS DO PORTO

AGENDA