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Estivemos nos bastidores do concerto de Aurea no Coliseu do Porto

Artista celebrou mais de dez anos de canções e apresentou ao vivo o novo álbum, “Moods”.
Uma noite memorável.

As ruas da cidade enchiam-se de trânsito, buzinadelas e um corrupio de pessoas típico da hora de ponta de uma quinta-feira à tarde. Ao mesmo tempo, para lá das portas do Coliseu do Porto ainda não eram 18 horas e já soavam os testes de som para o concerto dessa noite.

Foi Aurea quem subiu ao palco da emblemática sala da cidade esta quinta-feira, 30 de março, para assinalar os dez anos de carreira — ou de “caminho”, como prefere chamar-lhe. Embora estejam já mais perto dos 15 anos, a cantora quis assinalar a data e, sobretudo, fazê-lo com aqueles de quem gosta.

“Tenho dito que é uma celebração, quero que seja uma grande festa. […] São uma grande festa e quero partilhar esta data especial com as pessoas que me têm acompanhado ao longo destes anos e que nos têm ido ver a uma série de sítios diferentes. Quero partilhá-la com os meus amigos, com a minha família, com toda a gente porque foram anos incríveis para mim, com muita coisa a acontecer, pisei muitos palcos diferentes, estive com muitas pessoas diferentes, conheci muitas pessoas, trabalhei com muitos artistas também e quero celebrar isso tudo”, explica à New in Porto.

Além dessa viagem pelo trabalho feito em mais de uma década, o espetáculo serve para apresentar ao vivo pela primeira vez o novo álbum, “Moods”. Esses estados de espírito, que se refletem nas músicas através da variedade, estão também presentes nesta azáfama de preparativos para uma grande noite.

Eram cerca das 18h30 e na sala do Coliseu do Porto testavam-se o som e as luzes, enquanto Aurea verificava a forma como a sua voz ecoava pela sala. Com um macacão preto desportivo, sapatilhas e o cabelo entrançado, passava uma imagem descontraída que disfarçava algum nervosismo por dentro.

Enquanto a artista trauteia algumas canções, sentada no palco, a equipa técnica divide-se entre os vários afazeres necessários para que tudo corra como esperado. De um lado, acertam-se holofotes, do outro, cortam-se tiras de tecido preto que encobrirão as plataformas onde se instalam os músicos.

Pelas 18h45 alguns dos elementos da equipa deixam o palco e Aurea dança enquanto algumas luzes com efeitos são projetadas. Afina ainda alguns detalhes com a equipa antes de começar a ensaiar Raissa, a jovem artista que fará a primeira parte do concerto.

Já passava das 19h30 e Aurea continuava com a equipa a testar as luzes para esta noite e alguns vídeos que iriam passar no ecrã gigante do palco. Com um sorriso na cara, teve ainda alguns minutos para falar com a New in Porto sobre esta primeira apresentação ao vivo do novo trabalho.

“É uma grande responsabilidade”, diz, antes de explicar a essência do álbum: “Temos muitos moods diferentes, fui mais egoísta neste disco e decidi convidar pessoas de que gosto e artistas que gosto e admiro para me fazerem músicas”.

Entre músicas de artistas como David Fonseca, Diogo Piçarra, Mallu Magalhães, Tózé Brito, Tiago Bettencourt, Isaura, Left ou Inês Apenas encontramos diferentes estados de espírito e sonoridades também muito distintas, das mais calmas às mais ritmadas. “Tem nomes muito diferentes, que compõem de maneiras muito diferentes e foi um desafio muito interessante de repente dar voz a estas músicas de que gostei à primeira.”

Juntando ao inglês o português, menos comum na artista, Aurea conta que “Volta” foi o primeiro tema que fez sozinha, mesmo que depois tenha tido a oportunidade de juntar-lhe a colaboração de António Zambujo. “Nunca esperei que a primeira música que fosse escrever sozinha fosse uma música em português e num estilo e num mood completamente diferente dos outros discos que fiz até hoje.”

Olhando para o percurso de mais de dez anos, diz sentir-se afortunada pelo caminho traçado. “Cresci enquanto pessoa, como mulher, como artista, como cantora. Aprendi muita coisa. Tive a sorte de trabalhar com pessoas muito diferentes, que me ensinaram muita coisa também, muitos concertos e fico muito feliz por isso”, aponta, continuando: “Sinto-me uma sortuda por tudo o que já aconteceu na minha vida e por todas as pessoas que continuam a ouvir a minha música e continuam a seguir o meu trabalho”.

Embora aparentasse alguma calma e descontração, sentada no camarim, questionámos se ao fim destes anos ainda havia algum nervosismo. A resposta não tardou.

“Muito! O nervosismo, conhecendo-me como conheço, acho que nunca vai passar, porque encaro as coisas e sempre encarei tudo na minha vida como um desafio e nunca esperando muito a seguir. […] É uma grande responsabilidade e acho que isso nunca vai passar porque sinto muito esse peso e quero muito deixar a minha família orgulhosa, os meus pais orgulhosos. Quero corresponder às expectativas dos fãs, isso sim, das pessoas que nos acompanham, isso para mim é o mais importante.”

Pelas 20h10, é no calmo camarim que Aurea aproveita para jantar, maquilhar-se e pentear-se, antes do aguardado momento. A equipa também está a jantar animadamente noutra sala, antes de subir para tomar um último café antes do espetáculo.

A azáfama aumenta perto das 21 horas, com algumas conversas soltas pelos corredores. Ouve-se um violino a aquecer e também um aviso de que o início poderá atrasar uns dez minutos porque o público continuava a entrar ou à procura de estacionamento para chegar até ao Coliseu.

Perto da hora, Raissa aproxima-se da zona de palco e vai saltitando com as suas bailarinas para aquecerem. Pelas 21h45 entra no palco e o público explode num aplauso. Cerca de 20 minutos depois dá por terminada a sua atuação e deixa o palco.

Cá atrás, afinam-se algumas cordas e a cortina levanta. São cerca de 22h09 quando Aurea se aproxima do palco, com algum nervosismo natural. No ecrã aparece um vídeo e o público faz-se ouvir. Entra em palco e “Só Ser” abre o concerto.

No final da primeira música o público aplaudiu, ao rubro, enquanto a cantora aproveitou para desejar que se divertissem. Poucos minutos depois, arrancou em palco os saltos altos com que tinha entrado para ficar descalça. “Há coisas que não mudam”, sublinha.

Acompanhada pelos seus músicos e por um quarteto de cordas, Aurea passeou por temas como “Frágil”, “Volta” ou “Cheiro de Amor”, sem esquecer “Didn’t Mean It”, “Ok Alright” ou “Busy”. Ao longo de mais de uma hora e meia de espetáculo houve lugar para vídeos, conversa com o público, aplausos, risos e até uma descida à plateia para contactar mais de perto com os fãs. Sempre com um sorriso na cara, deixou as emoções aflorar e disse por várias vezes que ia tentar controlar-se para não chorar.

À saída do palco, já depois do encore e da ovação do público de pé, Aurea abraçou cada um dos músicos e membros da equipa, agradecendo. “Já está”, ouve-se o desabafo.

Depois de uns minutos de descanso, a artista reuniu-se com os fãs que a esperavam no bar do Coliseu. Foram mais de 40 minutos de conversa, risos, fotografias e muitos abraços, antes de dar por terminado o dia.

“O plano nos próximos dez anos é continuar a cantar, a fazer a minha música e ser uma pessoa feliz, acima de tudo, a fazer aquilo que gosto com as pessoas de quem gosto também”, adianta ainda. O futuro mais próximo faz-se já esta sexta-feira, 31 de março, no Coliseu de Lisboa, num concerto para o qual ainda pode conseguir bilhetes.

Carregue na galeria para ver algumas imagens dos bastidores do concerto.

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