Na passada sexta-feira, 15 de março, todos os olhares de portuenses e turistas que passavam pela cidade, viraram-se para a Torre dos Clérigos, no espetáculo que marcava o regresso da iniciativa multimédia “Spiritus” a um dos cartões-postal da cidade.
O relógio no topo da torre marcava as 21 horas quando o espetáculo iniciou. “A melhor maneira de viajar é sentir. Sentir tudo de todas as maneiras. Sentir tudo excessivamente. Porque todas as coisas são, na verdade, excessivas. E toda a realidade é um excesso, uma violência, uma alucinação extraordinariamente nítida que vivemos todos em comum com as fúrias das almas”.
É o excerto do poema “Afinal, a Melhor Maneira de Viajar é Sentir”, de Álvaro de Campos, que pode ouvir-se no começo do espetáculo imersivo. Livremente inspirado neste texto, o “Spiritus” surge, num jogo de luz, som, arquitetura e poesia, para dar vida à arquitetura barroca da Igreja dos Clérigos, transportando todos os presentes numa viagem abstrata, emotiva e multissensorial ao centro de si mesmo.
O evento de sexta-feira foi de entrada livre, por isso, ninguém que estivesse por perto, ficou indiferente ao que estava a acontecer. Ao contrário do que normalmente acontece na experiência no interior da Igreja dos Clérigos, o espetáculo que decorreu no fim de semana foi completamente diferente. Música ao vivo e dança aérea vertical complementaram o videomapping, que deu outra vida à estrutura externa da Torre dos Clérigos.
Desenvolvido conjuntamente pela Irmandade dos Clérigos e pelo atelier criativo OCUBO, o espetáculo ao ar livre pretendia proporcionar à cidade um momento de contemplação e deslumbramento num dos maiores símbolos da cidade. À NiP, António Tavares, diretor executivo da Irmandade dos Clérigos, afirmou que o sucesso que o espetáculo imersivo ‘Spiritus’ tem tido desde a sua primeira edição, com mais de 150 mil pessoas a visitar a Igreja dos Clérigos, revela que “estão a trabalhar no caminho certo”.
“Em cada nova edição tentamos trazer algo de novo. Esta entidade já é conhecida pela sua história, como monumento, pela sua cultura, pela vista que oferece da cidade. Esta experiência imersiva permite-nos atrair novos públicos e dar um novo motivo às pessoas para visitarem o espaço, mesmo aquelas que não gostam de história, não ficam indiferentes ao espetáculo. E a experiência acaba por oferecer sempre algo diferente a cada visitante”, acrescenta o responsável.
Dito isto, a arquitetura da Torre ganhou a vida com um espetáculo de videomapping, que se fez acompanhar pela soprano Fabiana Pereira Magalhães e o violinista Rogério Monteiro, para dar uma “amostra” da experiência vivida nos concertos imersivos que vão estar disponíveis novamente. A mostra junta ainda as interpretações dos organistas Rui Soares e Fernando Cruz, conduzindo melodias como Vocalise de Wojciech Kilar; Chevaliers De Sangral de Hans Zimmer e Beethoven’s 5 Secrets de OneRepublic.
Ao som da última interpretação, ninguém ficou indiferente à arrebatadora exibição de dança aérea vertical de Chloé Apfel, que marcou o fim deste curto espetáculo, dando início à nova temporada do “Spiritus”.
“Em 2023 o espetáculo deu à Igreja o “Local Mais Notável” do mundo pelos Remarkable Venue Awards. Este pequena amostra é uma forma de agradecermos à cidade, a portuenses e turistas pelo apoio que têm demonstrado à iniciativa desde o primeiro dia há dois anos”, admite à NiP, Eduardo Canessa, responsável pelo atelier criativo OCUBO.
“Foi um desafio tirarmos o espetáculo da Igreja, uma sala que nos dá uma perspetiva de 360 graus e convertê-lo numa projeção de 75 metros de altura, na vertical. Mas permitiu-nos traçar planos futuros para, edição pós edição melhorar e trazer novidades em forma de agradecimento à cidade”, acrescenta.
O responsável pelo ateliê ainda admitiu à NiP não dar certezas se o espetáculo ao ar livre iria ser algo rentável. “Primeiro não conseguimos controlar o acesso por tratar-se de um espaço aberto, mas podemos sempre abordá-lo como uma amostra, um pequeno miminho, para as pessoas ficarem com uma ideia do que podem esperar se assistir ou ao espetáculo ou ao concerto imersivo, que tem uma outra dimensão de espetacularidade que não conseguimos proporcionar a 100 por cento no exterior”, explica.
Poderá assistir o espetáculo imersivo todos os dias, na Igreja dos Clérigos, a partir das 18 horas. Já os concertos imersivos, acontecem apenas uma vez por mês, estando marcado o primeiro para o próximo dia, 25 de abril, pelas 21 horas. “É claro que a experiência vai estar associada às comemorações da Revolução dos Cravos, forma parte do nosso empenho em trazermos sempre um elemento diferente ao próprio espetáculo”, revela à NiP, António, diretor executivo da Irmandade dos Clérigos.
Os bilhetes para ambos espetáculos já se encontram à venda online, a partir dos 10€. A estação de metro dos Aliados fica próxima do monumento.
Carregue na galeria para ver mais pormenores do espetáculo imersivo, criado exclusivamente para a Igreja e Torre dos Clérigos.