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Há uma nova exposição na Universidade do Porto sobre a arte no Estado Novo

“Bonecos de Barcelos — Identidade, Tradição e Criação Artística” estará patente até março de 2024. A entrada é livre.
Décadas de história e tradição.

Que aspeto tinha o galo de Barcelos original? Como era, de facto, a arte popular durante o Estado Novo? Qual era o papel dos estudantes da Escola Superior de Belas Artes do Porto nesta descoberta? Estas e outras questões serão respondidas na mais recente exposição promovida pela Universidade do Porto. “Bonecos de Barcelos — Identidade, Tradição e Criação Artística” foi inaugurada esta segunda-feira, 13 de novembro, estando patente até dia 2 de março do próximo ano.

Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez, arquitetos, começaram a colecionar peças deste género quando ainda eram estudantes da Escola Superior de Belas Artes do Porto. O seu professor da altura, António Quadros (1933-1944), abriu as portas a esta descoberta artística, que levou até à barrista minhota Rosa Ramalho (1888-1977). Este encontro entre professores, estudantes e barristas barcelenses deu lugar a uma expressão da arte popular, que era pouco valorizada e impactou a produção artística de figurado local. 

Do Alto-Minho, passando por Trás-os-Montes até ao Alentejo, num País pobre, estes dois estudantes e amigos encontraram a beleza de uma autenticidade sem retoques, que contrastava com a realidade projetada pelo Estado Novo, pelo Secretariado da Propaganda Nacional, António Ferro: “O País metropolitano não é grande e não será difícil, com método e paciência, ir retocando, pouco a pouco, a sua fachada, dando-lhe a tonalidade, a graça e a frescura de uma aguarela viva”.

Sergio Fernandez, um dos responsáveis pela mostra.

Além da produção em série, Alexandre e Sergio descobriram no seu percurso por barracas de feiras, peças produzidas manualmente e (re)conheceram a existência de objetos de arte que convidavam à contemplação. Na altura, esta atividade era feita “fora de horas” para conseguir equilibrar o orçamento familiar de alguma forma.

Rosa Ramalho, Rosa Côta e Teresa Mouca são alguns dos nomes que nunca deixaram de produzir obra própria. Nas feiras, estes bonecos apresentavam tal delicadeza de elaboração, característica que foi perdida na introdução no mercado concorrencial.

A exposição conta com cerca de 200 peças, representando o trabalho de seis barristas de diferentes estilos, sendo estes Rosa Ramalho, Júlia Ramalho, Teresa Mouca, Rosa Côta, Júlia Côta e João Côto. Do acervo, fazem parte peças alusivas ao universo da vida rural quotidiana, como carro de bois, a matança do porco, assim como os animais de lavoura e capoeira. Mas também serão apresentados documentos que representam, simbolicamente, os caminhos que Alexandre e Sergio percorreram na busca do que seria “a verdade”.

Esta mostra patente na reitoria da Universidade do Porto junta peças das décadas de 1930 a 1940 do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, assim como outros objetos das décadas de 1950 a 1970 das coleções e doações dos próprios amigos ao Museu. 

A exposição funciona durante a semana entre as 10 e as 13 horas e das 14h30 às 17h30. Já aos sábados, pode visitá-la entre as 15 e as 18 horas. A entrada é livre e a estação de metro dos Aliados fica próxima da reitoria da Universidade do Porto.

De seguida carregue na galeria para conhecer algumas das estreias e regressos à televisão e ao streaming que não vai querer perder.

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