Fernando Távora era e continua a ser uma figura muito conhecida no mundo académico e não só. Durante anos, várias gerações de arquitetos formados no norte do País privaram de perto com ele. No entanto, há uma outra dimensão da vida desta personalidade que poucos conhecem. Como forma de homenagear a vida e trabalho do arquiteto, a Câmara Municipal do Porto tem desenvolvido uma série de dinâmicas ao longo de todo o ano e que se estendem até 2024.
Inserida nessas iniciativas, a Fundação Marques da Silva promove a exposição itinerante, “Fernando Távora, Pensamento Livre”, que foi inaugurada no final do mês de outubro e que se mantém patente até fevereiro de 2024. Conceição Melo, responsável pela Comissão de Coordenação das Celebrações do Centenário de Fernando Távora, explica à New in Porto a principal motivação desta exposição. “Além de nos mostrar sete obras arquitetónicas essenciais para conhecer a obra deste grande arquiteto, abre outras dimensões, evocando as referências que o nortearam, expondo os seus desenhos de viagem, os tratados de arquitetura, as obras de literatura modernista que colecionava, pela qual era apaixonado. É acompanhada de imagens atuais das obras expostas, da autoria do fotógrafo Paulo Catrica”.
Já Alexandre Alves Costa, curador principal da exposição, admite que nunca existiu no espírito da Fundação realizar “a” exposição retrospetiva de Fernando Távora, mas a falta de instituições com envergadura nacional que mostrassem interesse em dar a esta homenagem a dimensão merecida, levou-os a posicionar-se à frente e dar importância ao alargado espólio do arquiteto.
“É evidente que a referida ausência de interesse em organizar uma homenagem a nível nacional é uma injustiça, na minha opinião, ‘regionalista’, tem como explicação o facto do referido arquiteto ter exercido as suas, reconhecidamente notáveis, atividades disciplinares e didáticas maioritariamente no Porto, tendo sido, ainda, das mais importantes personalidades que foram o alicerce fundacional da chamada ‘Escola do Porto’”, avança, acrescentando: “Não será a grande exposição, mas a Fundação avançou para a exposição possível”.
A Casa de Ofir (1957/1958), o Mercado da Feira (1953/1959), o Pavilhão de Ténis na Quinta da Conceição (1956/1960), a Escola do Cedro (1957/1961), a Pousada de Santa Marinha da Costa (1972/1985), o Anfiteatro da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1993/2000) e a Casa dos 24 (1995/2003) são as sete obras que vão estar em destaque. Estes projetos de Távora, representados com desenhos e maquetas originais, pertencentes ao acervo de Fernando Távora, e também por novas imagens, captadas pela lente de Paulo Catrica, marcaram não só o seu percurso profissional como a arquitetura portuguesa.
Além das obras selecionadas, que ocupam o piso superior do Palacete Lopes Martins, é possível visitar, no piso da entrada, cinco mini-exposições temáticas complementares à mostra principal, que visam retratar a personagem, a sua vastíssima cultura, o seu método de trabalho, a forma como usou o Desenho e a História na prática projetual e como as suas aulas foram fundamentais para sucessivas gerações de estudantes entenderem o que é a Arquitetura e o seu exercício profissional, tudo isto sem intenção de se aproximar de uma mostra retrospetiva.
“Fernando Távora. Pensamento Livre” é uma iniciativa da FIMS e a ação central de “Távora 100”. Trata-se de um programa organizado pela Ordem dos Arquitectos, a Fundação Marques da Silva, a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, o Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra e a Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho, para assinalar os 100 anos de nascimento do arquiteto, e que conta com cerca de 30 iniciativas, ao longo de um ano.
A programação completa pode ser consultada no site oficial, com várias iniciativas agendadas, organizadas tanto pelas entidades que constituem a comissão organizadora do centenário como por diversas instituições parceiras, designadamente visitas guiadas, aulas abertas, lançamentos de livros, encontros, colóquios, workshops, entre outras atividades.
A mostra estará patente até fevereiro de 2024, viajando depois até Coimbra. Segue-se depois a cidade de Guimarães em maio de 2024 e ainda está em aberto a sua presença na Assembleia Geral da República, em Lisboa. Pode visitar a exposição de segunda-feira a sábado, entre as 14 e as 18 horas. Até aos 18 anos e para seniores, o bilhete tem um custo de 1,50€. Para o restante público, o valor é de 3€.
Se quiser visitar a exposição, saiba que a estação de metro do Marquês fica a poucos passos da Fundação Marques da Silva. De seguida, carregue na galeria para conhecer as dez melhores catedrais de Portugal.