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Jafumega assinalam 45 anos em concerto no Porto

Banda da cidade vai atuar no North Music Festival e promete algumas surpresas para este ano.
Fotografia de Jorge Bacelar para Jafumega.

The Chemical Brothers e The Legendary Tigerman são alguns dos nomes que compõem o cartaz do primeiro dia da edição de 2023 do North Music Festival, mas há outro que diz mais aos portuenses: os Jafumega. A banda da cidade está a completar 45 anos e promete um concerto cheio de energia.

Formado em 1978, o grupo mantém da sua formação original a voz de Luís Portugal, José Nogueira com os saxofones e teclado e ainda Mário Barreiros nas guitarras. Se no início dos anos 80 “Ribeira” e os sons de rock da banda portuense conquistaram o País, hoje é precisamente na zona ribeirinha da cidade que fazem o seu regresso ao Porto.

Falar de regresso é importante porque os Jafumega tiveram um interregno entre 1985 e 2013, altura em que voltaram a apresentar-se ao público. Desde esse momento até agora, têm tido uma agenda mais limitada, mas não deixaram de se apresentar em conjunto.

“A partir daí temos tido uma atividade pequena, controlada pelas nossas vidas profissionais, pela vida profissional de cada um, com pouco tempo livre para poder usufruir dos Jafumega”, começa por explicar à New in Porto Luís Portugal. Nos últimos anos passaram por festivais como o Sol da Caparica, o Festival do Crato, a Festa do Avante ou, mais recentemente, em 2022, a Feira de São Mateus, em Viseu.

Em 2015, juntaram o seu rock à música da Filarmonia das Beiras, num arranjo que deu uma nova sonoridade aos Jafumega. Agora, aceitaram o convite para o regresso aos palcos do Porto.

“É especial tocar no Porto porque é a nossa cidade, foi aqui que nós nascemos e vivemos sempre. Uma das nossas músicas mais emblemáticas chama-se “Ribeira” e fala justamente da zona da Ribeira. Vamos estar a tocar no North Music Festival ao lado da Ribeira, por isso é um concerto especial”, confessa José Nogueira.

Existem outras músicas dos Jafumega que se tornaram êxitos e têm inspiração no Porto, como “Kasbah”, por exemplo. Essas estarão certamente no alinhamento, tal como sucessos como “Latin’America”.

Embora tocar num festival seja uma experiência diferente de um concerto próprio e de acharem que a hora a que subirão ao palco não será a melhor, estão confiantes. “Esperemos que esteja lá muita gente que nos queira ver, é para eles que vamos tocar, mais do que para nós”, sublinha ainda José Nogueira.

Quando a banda começou, chegaram a atuar também para públicos reduzidos, por isso não se intimidam caso a plateia não seja tão grande como gostariam. “Por gostarmos de tocar é que ao fim de 45 anos continuamos a subir ao palco com o mesmo gosto com que subíamos nos anos 80. Quando não for assim, fechamos a panela e deixa de fumegar. Por enquanto, temos imenso gosto em estarmos juntos e em subir ao palco para cantar as nossas músicas”, diz Luís Portugal.

Ao fim de 45 anos, continuam a prometer boa música e garantem que a paixão é a mesma, embora alguns temas possam ser tocados de forma diferente devido à experiência que ganharam entretanto e aquilo que foram vivendo ao longo dos anos que, naturalmente, acabou por ter impacto.

“Todos nós mantivemos uma carreira musical ao longo destes anos, com outros grupos, outras músicas. Somos hoje aquilo que éramos mas somos muito mais do que aquilo que éramos, como músicos, como pessoas, temos toda uma vida vivida que traz uma experiência que não tínhamos quando começámos”, aponta José Nogueira.

A diferença entre a música que se fazia no início dos anos 80 e aquela que se faz hoje em dia em Portugal é grande, garantem, sobretudo porque a aposta passa agora pelo digital, mas Mário Barreiros acredita que é aí que está a mais-valia dos Jafumega. “Isso é uma das razões que faz com que aquilo fazemos seja diferente e apetecível de ouvir, porque hoje a música é muito mais eletrónica, menos tocada por instrumentos em tempo real e quando subimos ao palco as pessoas vêem isso. No nosso caso é o contrário, é tudo feito em tempo real ali no momento. Isso, quando é bem feito, bem executado, faz a diferença.”

Isso traz ainda a possibilidade de manter os concertos mais autênticos, de improvisar e ir dando ao público aquilo que ele peça no momento. Quanto ao futuro, não se preocupam demasiado com o que possa surgir, embora admitam que gostavam de dar continuidade ao projeto que têm com as bandas filarmónicas. É algo que já está a ser delineado e que poderá chegar a diferentes pontos do País ainda este ano. Até lá, os fãs podem seguir atentamente as redes sociais da banda para saber onde serão os próximos concertos.

Quanto ao North Music Festival, decorre entre 26 e 28 de maio na Alfândega do Porto. No mesmo dia dos Jafumega há ainda outra banda portuense da mesma época, os Trabalhadores do Comércio. O restante cartaz conta com nomes como Ivete Sangalo e Nininho Vaz Maia a 27 de maio ou Robbie Williams e Pedro Abrunhosa no último dia.

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