Os filmes podem ser considerados um ponto de partida para uma discussão alargada sobre a memória coletiva, as cidades, os comportamentos, o meio ambiente, a transformação das instituições, o acesso à justiça — ou a falta dela —, a educação, a saúde, entre outros. Baseados em factos da vida real, ou produtos da imaginação, os filmes são um meio que levanta várias questões.
É sob este mote que surge a décima edição do Porto/Post/Doc. Entre os dias 17 e 25 de novembro, o festival traz à cidade mais de 130 filmes que procuram apresentar aos portuenses um olhar contemporâneo e multifacetado sobre o mundo. Na passada quarta-feira, 2 de novembro, a organização divulgou a programação final para esta edição do festival.
À New in Porto, a organização confessa o desafio que é definir os filmes escolhidos e o próprio festival em si, como uma ferramenta para entender e transformar a sociedade, tendo em consideração o que acontece à nossa volta. “Quando, há cerca de um ano, a equipa de programação começou a tomar decisões, longe estava de imaginar que, pelos piores motivos, estas ganhariam um relevo e uma urgência inevitáveis. Cremos que, perante o horror quotidiano que os media e as redes sociais difundem, se impõe um regresso ao cinema do real — o meio por excelência para descrever o mundo na sua extraordinária complexidade e agir sobre ele através da congregação de múltiplos pontos de vista”, afirmam.
Um dos maiores destaques da programação vai para a principal competição do festival, que regressa com dez longas-metragens em estreia nacional, que vão desde o registo documental à ficção. Os realizadores por detrás destas mostras são María Elorza, que apresenta a sua primeira longa-metragem, “Hlin Çelik com a obra “Anqa”, Lina Soualem com a obra “Bye Bye Tibériade“, Agnès Perrais com o filme “Ciompi“, Tatiana Huezo, com o documentário “El Eco“, Vlad Petri com a história “Between Revolutions“, Daniel Kötter com a obra “Landshaft“, Maciek Hamela com a obra “In the Rearview“, Heald Hutter com “Up the River with Acid” e Peter Mettler, com “While the Green Grass Grows“.
No plano da língua portuguesa, há quatro grandes estreias: “À Procura da Estrela“, de Carlos Martínez-Peñalver, “Lindo”, de Margarida Gramaxo, “Samuel e a Luz“, de Vinícius Girnys e “Visão do Paraíso”, de Leonardo Pirondi. A exibição inclui ainda filmes de Basil da Cunha, Daniel Blaufuks, Leonor Areal, Melanie Pereira e Ricardo Leite.
No âmbito dos 50 anos do hip hop, o festival preparou um programa especial dedicado ao tema, com a exibição de filmes icónicos como “Style Wars, Stretch and Bobbito: Radio That Changed Lifes”. A iniciativa integra também duas conversas, “Palavras que transformam”, com Capicua, Fábio Silva e Rui Miguel Abreu e “Nó das Antes: Por onde anda o Hip Hop portuense”, com Ace, Maze, André Carvalho e Ricardo Farinha. Este programa organiza também, no dia 18, sábado, uma Block Party na Garagem Passos Manuel com atuações de D-One, Serial e Redoma.
Uma das outras novidades desta edição é o LAButa, um laboratório de cinema que desenvolve atividades complementares em torno da competição Cinema Novo e o 180 Media Lab, um ciclo de oficinas, apresentações e palestras orientadas. A edição 2023 do Porto/Post/Doc alberga ainda uma secção infanto-juvenil, com propostas direcionadas a escolas e um programa familiar a ter lugar no dia 19 de novembro, domingo, a partir das 15 horas, com uma sessão de cinema seguida de uma festa no Batalha Centro de Cinema. A programação conta ainda com várias ações apontadas para a indústria do cinema, convocando profissionais nacionais e internacionais do setor.
A sessão de abertura, no dia 17, sexta-feira inclui o Vai no Batalha de Pedro Lino, pelas 21 horas, e a sessão de encerramento, no dia 25, domingo, inclui os filmes “Time Takes a Cigarrete“, de Aya Koretzky, e “Antoine et Colette“, de François Truffaut. Espera-se que entre o dia 18 até ao dia 24, sejam exibidos por dia uma média de 18 a 25 filmes, em diversos locais da cidade desde o Batalha Centro de Cinema, o Maus Hábitos, a Casa Comum e outros locais próximos da estação de metro dos Aliados.
Pode consultar a programação diária no site do festival. Os bilhetes já se encontram à venda online, com um custo único de 5€ por sessão.
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