cultura

Livraria Lello tem nova chancela editorial. O primeiro livro é uma carta de amor ao Porto

Ainda este ano, o espaço portuense vai lançar dois novos títulos: um dedicado à gastronomia e outro a Portugal.
A icónica livraria portuense.

Reforçar o seu papel enquanto editora e agente cultural. Esta é a maior missão da Livraria Lello, o que motivou a criação de uma nova chancela editorial. A Livraria Lello Curates pretende afirmar o livro “como objeto de arte” e o património “como linguagem viva”. O primeiro volume da coleção foi apresentado a 11 de abril e é uma homenagem ao Porto, a cidade que acolhe esta famosa livraria, considerada por muitos como “a mais bonita do mundo”.

Francisca Pedro Pinto, diretora da Livraria Lello, adianta que esta coleção que apresentar uma leitura curatorial do território, unindo o património material e imaterial, tradição e modernidade. Ainda em 2025 vão ser lançados mais dois livros, um dedicado à gastronomia e outro a Portugal — estes livros não são um roteiro, mas apresentam uma curadoria de fotografias, textos e ilustração para “eternizar” o País em forma de livro.

“Da arquitetura à gastronomia, do artesanato a outras expressões culturais, cada edição parte de um olhar visceral, inquieto e profundamente emocional, que pretende cuidar aquilo que permanece. Esta nova coleção nasce da vontade de ‘editar’ Portugal como o sentimos. Curar é cuidar e editar é eternizar”, defende a responsável.

E acrescenta: “Na Livraria Lello acreditamos que as cidades, como os livros, se leem. O Porto é o nosso primeiro poema”.

A chancela Livraria Lello Curates nasce também da vontade de oferecer um objeto de memória. A biblioteca mais famosa da cidade recebe leitores de todas as geografias, mas os portugueses continuam a estar entre os principais visitantes. Contudo, Aurora Pedro Pinto, administradora da Lello, admite que existia a necessidade de ter um produto mais especializado para o público “de fora”. 

O livro.

“Sentíamos, sobretudo para quem nos visita de fora, a ausência de um livro com curadoria, com matéria e com alma, à altura da experiência vivida na livraria. É assim que se constrói esta coleção: como prolongamento dessa experiência. É uma memória que se leva e que fica”, explica Francisca Pedro Pinto.

O primeiro volume da coleção é uma carta de amor ao Porto, na qual se percorre a cidade ao longo de um dia. A obra divide-se em três capítulos, que partem de uma expressão portuense. “Vergar a mola”, “Andar no laréu” e “Ir p’rá gandaia” — trata-se de uma leitura afetiva da cidade em três tempos essenciais, trabalho, lazer e festa.

O conceito gráfico pertence ao estúdio italiano Happycentro, “reconhecido internacionalmente pela sua linguagem visual distintiva e abordagem multidisciplinar”. Para esta edição, o estúdio desenvolveu o projeto editorial na íntegra, desde a capa, layout e demais elementos gráficos que compõem a identidade do livro. Entre eles, destaque para a caligrafia “Manoel” criada especificamente para a coleção, para conferir “personalidade” à leitura.

As ilustrações também foram concebidas de raiz e integram símbolos do imaginário portuense — as camélias, a francesinha, os azulejos, os martelos de São João, o alho-porro e a Ponte D. Luiz. 

Entre tantos detalhes singulares, surge uma animação subtil impressa no canto inferior das páginas. Uma gaivota levanta voo à medida que o livro é folhado. “É um gesto poético que transforma a leitura num voo — como se o olhar pairasse sobre o Porto”, explica o estúdio.

Esta identidade sai para fora do livro e estende-se até as montras da Lello, em forma de instalação artística. As duas montras exploram a fusão do livro físico e a linguagem digital. A primeira é, novamente, dedicada ao Porto e inspira-se na capa do livro. Recria, em papel, a vista da Ribeira a partir das encostas do Douro, com edifícios modelados em 3D. A segunda explora o universo da Livraria Lello Curates com uma composição visual de livros ampliados.

No interior da livraria está também uma peça interativa concebida pelo estúdio. Trata-se de uma pequena máquina analógica, feita em madeira e impressão 3D, que convida os visitantes a rodar uma manivela. A cada volta desenrola-se uma sequência de imagens em papel, como nos antigos folioscópios. 

O livro pode ser consultado na Livraria Lello, de forma gratuita. A estação de metro dos Aliados fica próxima do espaço.

 
 
 
 
 
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