Três meses após o encerramento da Livraria Latina, a cidade do Porto prepara-se para perder mais um estabelecimento histórico ligado ao mundo dos livros. A Livraria Nunes, situada na Avenida da Boavista, era uma das mais antigas no distrito. Encerrou definitivamente este sábado, 19 de abril.
O motivo: as mudanças nos hábitos de consumo dos clientes, que vieram alterar o negócio. Apesar das dificuldades, a loja mantinha a atividade. Porém, há cerca de um ano, quando arrancaram as obras para a instalação do canal de metrobus na avenida, a situação agravou-se, segundo o proprietário, Manuel Nunes.
Sem espaço para parar ou estacionar por perto, os clientes (que se deslocam de automóvel) foram reduzindo as idas ao espaço, o que ditou a decisão final.
Inaugurada em 1987, a antiga Livraria Estudo foi adquirida em 1999, por Manuel Nunes, que lhe deu o seu nome. Apesar da oferta diversificada, que incluía livros novos e usados, material escolar e papelaria, tornou-se conhecida pela secção dedicada a edições antigas e descontinuadas.
O Porto tem vindo a perder lojas históricas em várias partes da cidade. Uma das mais recentes foi a Livraria Latina, inaugurada em 1942, por Henrique Perdigão. Durante o regime de Salazar, foi local de venda ilegal de obras proibidas escritas.
Desde fevereiro de 2022 que o edifício pertencia ao grupo LeYa. A empresa revelou, em outubro passado, que pretende fechar vários espaços da marca em Portugal, com a exceção da loja em Lisboa. A “enorme pressão imobiliária” não deixou “grande margem” ao grupo, explicou na altura Pedro Sobral, então presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros e diretor-geral de edições da LeYa, à “Lusa”, aqui citado pelo “Observador”.
A Latina fechou portas nos primeiros dias de janeiro deste ano. Pouco antes, a 30 de setembro do ano passado, também fechou a FNAC no Porto, que, após 25 anos, passou a ser uma loja da Primark.