Democratizar o acesso ao cinema é o mote do Batalha Centro de Cinema. É por isso que ainda este mês arranca por ali um novo ciclo com entrada gratuita para todos os portuenses (e não só). “Câmara Sónica” dedica-se à exploração sonora e à sua relação com o cinema e a imagem em movimento. Com curadoria da artista Diana Policarpo e do compositor João Polido, o programa convida artistas nacionais e internacionais a apresentarem criações originais comissariadas para o Centro de Cinema, a par de obras existentes que se destacam pela forma como desafiam os limites entre o visual e o sonoro.
A primeira apresentação acontece já na próxima quarta-feira, 28 de maio, pelas 21h15, com “Psalms Trust Vol. 3”, uma performance de Klein. Reconhecida pela sua prática multidisciplinar que se divide entre música, vídeo e performance, artista nigeriana-britânica, que já apresentou o seu trabalho em espaços como o MoMA (Nova Iorque) ou no underground New Cross Inn (Londres), traz um espetáculo que cruza as fronteiras entre realidade e ficção, misturando detetives, vampiros e uma inquietação contemporânea.
Segue-se a 18 de junho, quarta-feira, também pelas 21h15, “As If Reality?”, de Selwa Abd (Bergsonist). Desenvolvida durante a residência artística no ISSUE Project Room (2022), esta performance parte do livro “Reality+: Virtual Worlds and the Problems of Philosophy”, de David Chalmers, para investigar mundos possíveis (ou impossíveis) através de fragmentos intuitivos. Chalmers propõe assim que os mundos virtuais nos oferecem novas paisagens e possibilidades.
Selwa Abd aprofunda essa ideia, criando simulações sonoras e visuais que questionam o presente e especulam sobre o que virá. “As If Reality?” confronta-nos com realidades em colisão e lança a pergunta: para onde vamos, enquanto o planeta colapsa?
Todos os eventos decorrem no Bar High Life, espaço de convívio do Batalha Centro de Cinema, com entrada gratuita mediante levantamento de bilhete no próprio dia — máximo de dois por pessoa.
Antes disso, a 27 de maio, pelas 19h15, o Batalha Centro de Cinema volta a apresentar mais uma sessão do ciclo “Luas Novas”, uma iniciativa que celebra, a cada Lua Nova, o surgimento de novas vozes no panorama cinematográfico português. Desta vez, o destaque vai para Alexander David, ator e realizador que tem vindo a afirmar-se como um dos nomes mais estimulantes da nova geração.
Formado em Estudos de Teatro na Universidade de Évora e em Representação na Escola Superior de Teatro e Cinema, o seu percurso nas artes cénicas é amplo e consistente. Antes de mergulhar na realização, o artista construiu uma carreira notável enquanto ator, com passagens por filmes de cineastas como Gabriel Abrantes, João Botelho, João Pedro Rodrigues, entre outros. Em 2023, dá o salto para a realização com a longa-metragem “Primeira Idade”, estreada no prestigiado Festival de Roterdão.
O filme transporta-nos para um universo intrigante e quase mitológico, onde apenas existem miúdos, regidos por códigos próprios. Um ano depois, regressa a Roterdão com a curta-metragem “À Tona d’Água”, uma história de verão contada pelos olhos de uma criança pré-adolescente.
As duas obras serão exibidas no Batalha, numa sessão seguida de uma conversa entre Alexander David e o crítico de cinema Renato Cabral.