Acabar uma relação longa ou mais curta é sempre um processo difícil de ultrapassar. Existem muitas histórias e momentos de partilha, mas também certos objetos que ao longo da relação foram ganhando um certo valor — sentimental — e aos quais existe a tendência para atribuir uma dimensão humana e pessoal. Tal também pode aplicar-se no fim ou início de uma fase nova e nem sempre se encerra apenas nos objetos.
“Caixas” é o nome do novo single do cantor João Couto, 28 anos, inspirado no complicado processo de deixar o passado para atrás no fim de uma fase da vida, o encerramento de um capítulo importante ou o fim de uma relação. A música é também inspirada no verão da pandemia, onde testemunhou vários fins de relações no seu grupo de amigos e marca um novo capítulo na carreira do músico.
“Houve um dia em particular, numa mudança de casa de uma amiga, em que uma coisa que ela me disse me chamou a atenção. Quando ia começar a pegar numa caixa com plantas, ela disse-me: “Cuidado, essa é a MINHA orquídea”. A forma como ela frisou isso, como as coisas dela tinham essa importância por muito pequenas que fossem, como a personalidade e as memórias dela estavam agarradas a tudo o que estávamos a tirar daquele T0 mexeu comigo. Esta questão de atribuir uma dimensão humana e pessoal aos objetos foi algo que me inspirou e esta canção reflete sobre tudo o que levamos connosco quando algo que nos define tanto — neste caso, uma relação — acaba, e obviamente não se encerra apenas nos objetos”, conta à New in Porto.
No passado sábado, 16 de setembro, o cantor e compositor gaiense iniciou a digressão “Canções Sobre o Meu Carro e o Meu Quarto”. Numa sessão de estúdio, surgiu o nome ao acaso, pois de certa forma, os temas de João decorrem no seu carro ou quarto. Mas afinal, representa uma analogia que não foi deixada ao acaso. A sua música é um processo de introspeção, de momentos passados que representam uma fase menos boa do cantor. “É bom olhar para atrás, cantar estas canções e saber que hoje me encontro num lugar melhor, mas ao mesmo tempo, posso transmitir sentimentos e pensamentos pessoais com os quais o público consegue identificar-se, seja porque esteja a passar pelo mesmo, ou já tenha passado. É uma mensagem de esperança e superação”, admite.
Ainda neste processo de introspeção, o quarto representa esse momento íntimo, o “cantinho” onde o compositor se refugiou. Já o carro representa aquela sensação de descoberta e liberdade. Nesta digressão será possível ouvir originais do último disco, lançado em 2021, “Boa Sorte”, que foi ainda considerado um dos álbuns do ano por alguns meios de comunicação social. No entanto, os êxitos radiofónicos como “Canção Só” e “Os Meus Amigos” também se fazem à estrada, assim como o seu álbum de estreia “Carta Aberta” (2018).
No repertório está incluído o seu último single “Caixas” e músicas que escreveu ou partilhou com artistas de renome nacional, tais como Ana Bacalhau, Os Azeitonas, Perpétua, Samuel Úria, Tomás Adrião, entre outros. A digressão começou na Sala Amarela em Chaves e chega ao Porto no dia 3 de dezembro, domingo, depois de passar por Argoncilhe em Santa Maria da Feira no dia 21 de outubro e em Lisboa, no Auditório Carlos Paredes no dia 17 de novembro.
“Para esta digressão escolhi coliseus com uma dimensão mais pequena porque quero dar ênfase à intimidade das minhas canções. Além disso, também permite momentos espontâneos e uma maior interação com o público”, explica. O artista ainda confessou que já está a trabalhar no próximo álbum e que nos concertos poderá ser ouvida uma outra música nova que está a preparar.
O compositor deu os seus primeiros passos na música em bandas de garagem, onde escreveu as suas primeiras canções que partilhava online. Os anos de descoberta acabaram em 2015, com a vitória no programa “Ídolos” na SIC. Sobe ao reconhecido palco portuense a 3 de dezembro, mas antes disso, no próximo sábado, dia 30, participará no Sofar Sounds, num concerto secreto no Porto. A Sofar Sounds é uma plataforma mundial que organiza performances em locais secretos e publica as mesmas no YouTube.
Fique atento às redes sociais do artista para descobrir o local desta apresentação e se quiser voltar a vê-lo ao vivo no Coliseu do Porto, os bilhetes já se encontram à venda e poderá deslocar-se até lá de metro, pois as estações de São Bento e do Bolhão ficam próximas do recinto.