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Prémios NiP 2024: o melhor espaço cultural da cidade quer ser “diverso e democrático”

O Coliseu do Porto destacou-se devido aos seus mais variados espetáculos, mas também pelo projeto social “Elo 2”.
O Coliseu está agora mais aberto à cidade.

Não há sala mais emblemática no norte do País do que o Coliseu do Porto. Ao longo de 2024, a programação foi alargada, aberta ao público e adaptada às rotinas de todas as famílias locais, com 160 espetáculos agendados e diversas iniciativas.

Com 36,17 por cento dos votos, o Coliseu do Porto ocupa o primeiro lugar do pódio nos Prémios NiP, que decorreram nas últimas semanas de dezembro e distinguiram o melhor do lifestyle do concelho. A New in Porto falou com Miguel Guedes, presidente da entidade portuense, que reforçou que este resultado resulta do trabalho de todas as pessoas que fazem do Coliseu um espaço de “transformação e mudança”.

“Acima de tudo é sinal de que as pessoas se estão a relacionar com o Coliseu de uma forma cada vez mais afetiva e encaram-no como um espaço de pertença. O Coliseu pertence à cidade e à região. Esta votação, que é popular, deixa-me feliz e satisfeito. É sinal que o trabalho que está a ser efetuado pela equipa do Coliseu está a ser reconhecido e isso também se percebe pela quantidade de pessoas que nos visitaram ao longo de todo o ano”, acrescenta o responsável.

A diversidade e democratização do acesso à cultura são valores importantes para a instituição que, ao longo do ano, recebeu dezenas de espetáculos e atividades para todas as idades, independentemente do poder socioeconómico. “Temos uma programação que cumpre aquilo que está inscrito na identidade do Coliseu: fazer serviço público e tentar entregar à população um pouco daquilo que nos deixam quando nos visitam”, reforça.

Desta forma, o projeto social “Elo 2” deu a vitória ao equipamento. Trata-se de uma iniciativa cultural, social e inclusiva, em parceria com a Irmandade dos Clérigos e a Associação Comercial do Porto. Entre novembro de 2024 e até maio deste ano, estas três importantes instituições portuenses pretendem juntar no Coliseu, participantes de diversas nacionalidades, em aulas de música, dança inclusiva e teatro. O objetivo é a construir um espetáculo, que irá subir ao palco da sala cultural do Porto, a 20 de maio.

Depois do sucesso do lançamento do “Elo”, há um ano, em 2024 o projeto cresceu com o apoio da Associação Comercial do Porto (ACP) e prepara-se para uma nova fase. O programa pretende olhar para esta cidade — e País — cada vez mais multicultural, e celebrar e promover a partilha entre os participantes de diferentes nacionalidades, idades e contextos sociais, através das artes.

Com o “Elo 2”, as três entidades pretendem criar lugar e tempo para a experiência e fruição artísticas, num programa inclusivo, desenhado com sensibilidades, de modo a possibilitar, maioritariamente, a participação de pessoas que não têm proximidade às artes, e menos ainda ao lugar do artista — pretende-se criar então, um lugar onde todos terão oportunidade de ser artistas, cada um através do seu modo singular de “ser, estar, sentir, partilhar, fazer, existir”.

Nesse sentido, o projeto pretende simbolizar a ligação entre diferentes disciplinas artísticas — neste caso, música, teatro, dança e storytelling, com os setores educativo e social. É ainda aberto a todas as pessoas, independentemente da idade, contexto social, nacionalidade, com e sem deficiência. Ao longo de seis meses, haverá visitas guiadas ao Coliseu, Clérigos e Palácio da Bolsa, direcionadas aos participantes e às associações e comunidades ligadas ao projeto.

Além do “Elo 2”, promovido pelo Serviço Social do Coliseu, o mesmo recebeu as tradicionais férias de verão, para animar os longos dias de folga dos miúdos, bem como, em época escolar, promoveu diversas atividades pedagógicas pelas escolas do Porto, entre elas, a entrega de livros.

Outra novidade em 2024 no Coliseu, foi ainda a criação de um Clube de Teatro Ativista. A criação deste clube marca o início das comemorações do 30.º aniversário da Associação Amigos do Coliseu do Porto, cuja origem remonta a um movimento popular refundador em 1955, quando instituições públicas e privadas, empresas, coletividades e centenas de pessoas do Porto, da região e do País, se juntaram para impedir que o espaço se transformasse num local de culto religioso.

O objetivo deste clube é promover e contribuir para a sociedade defender o seu pensamento crítico e de intervenção. É por isso que abre este espaço, independentemente da classe social, idade, origem e ideologia. Se o Coliseu do Porto já é conhecido por receber e produzir um sem fim de obras, das mais variadas vertentes artísticas, a abordar as causas e problemáticas sociais atuais, agora quer mostrar-se (ainda mais) disponível para ouvir, conhecer, debater e agir, livremente, sobre estas mesmas causas.

A Adega do Coliseu foi inaugurada no verão, com o intuito de acolher jogadores de RPG — Role-Playing Game (jogos de interpretação de papéis, em português) e curiosos, para grandes sessões de convívio num ambiente medieval imersivo, que invoca o contexto de taberna digno dos mais extraordinários mundos fictícios.

Entre os espetáculos que mais se destacaram e marcaram o ano de 2024 no Coliseu, estão as duas apresentações de Caetano Veloso e a homenagem aos 40 anos do espetáculo de Zeca Afonso, que juntou nomes como Jorge Palma, Teresa Salgueiro e B Fachada no palco. Para 2025, as expectativas estão ainda mais elevados do que no ano passado. 

“2025 vai ser um ano extraordinário para o Coliseu. Temos muita coisa por anunciar, com espetáculos quase todos os dias. O nosso Serviço Educativo irá também, lançar em breve, dinâmicas belíssimas. Para além disso, vai ser um ano de obras profundas. Depois da reabilitação do nosso telhado que foi um sucesso, vamos apostar na reabilitação do envolvente do Coliseu, bem como requalificar o interior da sala principal e investir na criação de melhores acessos”, adianta o presidente à NiP, que admite existir um grande projeto que será “anunciado em breve” e que deverá estar concretizado até aos últimos meses do ano. Segundo o próprio, irá trazer “uma outra alma suplementar à sala principal do Coliseu do Porto”.

Nos Prémios NiP 2024, o segundo lugar na categoria de “Melhor Espaço Cultural” foi ocupado pela Livraria Lello com 27,12 por cento dos votos e o terceiro lugar foi para o museu imersivo Neonia, com 21,27 por cento dos votos.

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