O Coliseu Porto Ageas, a Irmandade dos Clérigos e a Associação Comercial do Porto formam o novo “Elo”, um projeto cultural, social e inclusivo. Entre novembro de 2024 e maio de 2025, três das mais importantes instituições portuenses pretendem juntar no Coliseu, participantes de diversas nacionalidades, em aulas de música, dança inclusiva e teatro. O objetivo é a construir um espetáculo, que irá subir ao palco da sala cultural do Porto, a 20 de maio do próximo ano.
Depois do sucesso do lançamento do “Elo”, há um ano, em 2024 o projeto cresce com o apoio da Associação Comercial do Porto (ACP) e prepara-se para uma nova fase. O programa pretende olhar para esta cidade — e País — cada vez mais multicultural, e celebrar e promover a partilha entre os participantes de diferentes nacionalidades, idades e contextos sociais, através das artes.
“A ACP preza o desenvolvimento social, económico e cultural da região, pelo que faz todo o sentido vincular-se ao projeto ‘Elo’, pelas características particulares que apresenta, gerando integração e valor social através das artes performativas e da cultura”, começa por contar Nuno Botelho, presidente da Associação, à NiP.
E acrescenta: “Parece-nos uma forma, não apenas criativa, mas humana e estimulante para acolher e integrar aqueles que mais precisam, ao mesmo tempo que se combatem preconceitos, estereótipos e marginalizações, que infelizmente persistem na nossa sociedade”, sublinha.
Com o Elo 2, as três entidades pretendem criar lugar e tempo para a experiência e fruição artísticas, num programa inclusivo, desenhado com sensibilidades, de modo a possibilitar, maioritariamente, a participação de pessoas que não têm proximidade às artes, e menos ainda ao lugar do artista — pretende-se criar então, um lugar onde todos terão oportunidade de ser artistas, cada um através do seu modo singular de “ser, estar, sentir, partilhar, fazer, existir”.
“Queremos criar uma experiência transformadora, onde se pretende valorizar e partilhar a riqueza cultural de cada participante. Com o apoio de duas das principais instituições da cidade, estamos empenhados em colocar a arte ao serviço da comunidade, abrindo caminhos para um Porto que celebra a diversidade. É a nossa forma de celebrar a cidade e as pessoas que a habitam, independentemente do lugar de onde vêm”, reforça Miguel Guedes, presidente do Coliseu.
Por sua vez, o padre Manuel Fernando, presidente da Irmandade dos Clérigos, complementa: “O Elo 2 representa mais do que um projeto artístico — é uma oportunidade de união e expressão para todos os que chama o Porto de casa. Acreditamos verdadeiramente que acolher e dar espaço à diversidade fortalece a nossa comunidade e é com grande orgulho que apoiamos esta iniciativa que dá voz (e palco) a quem, muitas vezes, poderá estar distante das artes. Queremos que todos sintam que têm um lugar onde são ouvidos e celebrados”.
Nesse sentido, o projeto pretende simbolizar a ligação entre diferentes disciplinas artísticas — neste caso, música, teatro, dança e storytelling, com os setores educativo e social. É ainda aberto a todas as pessoas, independentemente da idade, contexto social, nacionalidade, com e sem deficiência. Ao longo de seis meses, haverá visitas guiadas ao Coliseu, Clérigos e Palácio da Bolsa, direcionadas aos participantes e às associações e comunidades ligadas ao projeto.
O teatro será orientado pelo ator e encenador Pedro Lamares, com o apoio de Carolina Rocha e Carlos Correia. Assim, vai formar-se um grupo composto por jovens de instituições sociais e com inscrições abertas para o público em geral, com ou sem experiência em teatro.
A dança inclusiva será orientada pela professora e bailarina Eliana Campos, com o apoio de Beatriz Bizarro. O objetivo é ter em atenção as características e potencialidades de cada participante, para a criação de um espetáculo onde todos se poderão transcender.
Por fim, a música terá uma forte presença, em dois territórios diferentes. No Coliseu e numa escola do Porto, lugar onde convivem atualmente dezenas de nacionalidades e línguas diferentes. Em ambos, os participantes serão orientados pela cantora e multi-instrumentista Patrícia Lestre, apoiada por Carolina Rocha e Carlos Correia. Os participantes vão aprender a produzir música recorrendo aos seus talentos e vontades, ora através do corpo ora de instrumentos musicais e voz. O grupo escolar será composto por alunos, pais, professores e auxiliares.
Entre visitas, aulas abertas ao público e a apresentação final, o projeto prevê acolher cerca de dois mil pessoas. A apresentação final no Coliseu transporta em si uma simbologia e significado que são a força essencial do projeto: todos serão conduzidos e apoiados num grande trabalho em rede que culminará na elevação ao palco numa das mais icónicas salas de espetáculo do País.
Em 2023, o projeto contou com a participação de Pedro Abrunhosa. A segunda edição terá como madrinha Selma Uamusse. A cantora, nascida em Moçambique em 1981 e a viver em Portugal desde 1988, transporta na sua música e voz portentosa diferentes influências que já a levaram a brilhar no rock (WrayGunn) afrobeat (Cacique’97), passando pelo gospel, pela soul e pelo jazz (Gospel Collective, tributos a Nina Simone e Miriam Makeba e Rodrigo Leão).
As inscrições podem ser feitas online ou na bilheteira do Coliseu Porto Ageas. A estação de metro dos Aliados fica próxima da entidade portuense.