O festival Super Bock Super Rock deste ano teve que trocar o Meco pela Altice Arena devido ao risco de incêndio pelo qual o País passou. Isso obrigou a organização a mudar toda a estrutura em apenas dois dias mas, no final, esta edição acabou por ser bem sucedida e realizar-se quase como inicialmente foi pensada. No meio disto tudo, há um motivo de orgulho para o Porto.
Isabel Torres, jovem guitarrista de 26 anos, é natural da cidade e atuou no sábado, dia 16, no Super Bock Super Rock. Membro da banda de Declan McKenna, esta foi a primeira vez que pisou um palco português enquanto profissional, com a sua guitarra elétrica.
“Correu muito bem. Como nunca tínhamos tocado em Portugal, não fazíamos ideia de qual seria a reação, mas foi espetacular. O público português tem uma energia que já não víamos há bastante tempo, por isso superou todas as expectativas. Ainda estou a processar”, conta à New in Porto.
Esta foi também a primeira oportunidade de mostrar à família e aos amigos que cá vivem qual é o seu trabalho e que eles pudessem acompanhar Isabel num espetáculo ao vivo. Em relação à localização inicialmente prevista para o festival, garante que a banda até ficou a ganhar porque “o espetáculo de luzes, sendo num espaço fechado e escuro, tem muito mais impacto”.
Voltando ao início de toda esta aventura, Isabel começou a tocar guitarra aos oito anos porque gostava e ouvia muita música com o pai, que apesar de não tocar nenhum instrumento, é fã de música. Entre as suas inspirações estão nomes como John Mayer, Orianthi (guitarrista de Michael Jackson) ou Mark Knopfler — cujo solo de “Sultans of Swing” a fez trocar a guitarra clássica pela elétrica.
“Ouvíamos muitos músicos de rock como Dire Straits ou Pink Floyd. Ele mostrava-me muitos solos de guitarra e a partir daí surgiu a vontade de recriar estas músicas, tocando eu guitarra.”
Quando precisou de escolher uma profissão, sabia que aquilo de que mais gostava era de música e de tocar guitarra, por isso decidiu ir estudar em Londres porque achou que lá teria mais acesso a músicos internacionais. Aos 18 anos rumou até à BIMM Institute para fazer a licenciatura em guitarra elétrica.
Declan McKenna, com quem atuou agora em Portugal, assinou um contrato com a Sony Music aos 16 anos. Nessa altura, procurou músicos para tocarem com ele que fossem mais ou menos da mesma idade. Isabel, que tinha 20 anos e estava ainda a terminar o último ano da licenciatura, fez a audição e foi selecionada. Desde aí que têm trabalhado juntos e gravaram um álbum em 2020, “Zeros”, do qual estão a fazer a digressão, que seguirá para os EUA.
Entretanto, teve oportunidade de tocar com músicos como Mimi Webb, o que lhe valeu uma ida ao programa “The Ellen DeGeneres Show”. Fã de John Mayer, é patrocinada pela mesma marca de guitarras e foi convidada a ir à apresentação da guitarra do músico norte-americano.
Entre os sonhos para cumprir estão uma tour mundial onde possa tocar em grandes arenas e mostrar a sua música a diferentes culturas, tocar com outros artistas de estilos diferentes ou até mesmo dividir palco com artistas portugueses. Entre alguns dos seus favoritos e a quem admira estão nomes como Miguel Araújo, Carolina Deslandes ou Expensive Soul, mas “estaria aberta a trabalhar com mais do que um artista”.
Apesar de ser jovem e de estar apenas a começar a carreira, Isabel admite ainda que um dos objetivos ou sonhos para o futuro passaria por conseguir voltar ao Porto.
“Quanto mais tempo vivo fora, mais valor dou ao nosso País e à minha cidade do Porto. Acho que temos uma qualidade de vida que é difícil de recriar noutros sítios”, diz, acrescentando: “Sem dúvida, via-me a regressar ao Porto quando conseguir ter um repertório de artistas com quem trabalhe e que não seja tão necessário estar num sítio como Londres, poder ter uma base onde quiser e voar apenas para os concertos”.