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The National: um amor aos portugueses sem fim à vista no último dia do Primavera Sound

Os Pulp também brilharam no Parque da Cidade do Porto, este sábado, 8 de junho, bem como The Legendary Tigerman e os Mannequin Pussy.
Durante duas horas, os The National entregaram tudo o que os fãs esperavam.

A chuva ameaçava com estragar os planos do último dia do Primavera Sound. Ainda assim, pelas 16 horas, quando as portas do Parque da Cidade do Porto abriram, os festivaleiros demonstraram que tinham energia para mais um dia e, nem sequer o cancelamento de última hora do concerto de Ethel Cain abafou as emoções.

O cartaz deste sábado, 8 de junho, chamava por uma geração mais velha, mas isso não impediu os jovens de se juntarem à festa rija do último dia do maior festival do Porto, que misturava rock, punk e até eletrónica. Os The National foram os grandes protagonistas do terceiro e último dia do evento, mas nomes como Pulp, The Legendary Tigerman e os Mannequin Pussy também deram muito que falar.

Matt Berninger e os The National já são velhos conhecidos dos portugueses. Declararam o seu amor por Portugal pela primeira vez em 2005, durante o festival de Paredes de Coura. Desde então, já se apresentaram em diversos palcos nacionais. como o NOS Alive, MEO Arena e Campo Pequeno, com igual sucesso. A ligação entre a banda norte-americana e os portugueses continua forte, e isso confirmou-se no Primavera.

Dos milhares de quilómetros que a banda já fez na estrada, boa parte foram em território nacional. Este sábado, a banda contabilizou o seu 22.º concerto em Portugal, mas foram recebidos como se fosse a primeira vez. “Sea of Love” foi o tema escolhido para o arranque da noite, com Matt Berninger, vocalista e letrista, vestido de preto como a tradição manda. Mas antes da primeira música ecoar no recinto, o músico fez questão de desejar a todos um “feliz mês Pride”.

“Eucalyptus”, “Tropic Morning News”, “Don’t Swallow the Cap” e “Bloodbuzz Ohio” seguiram-se no alinhamento, mas só serviu de aquecimento para o que se seguia. Foi em “The System Only Dreams in Total Darkness” que o vocalista desceu do palco para cumprimentar a primeira fila, e a seguir, milhares de vozes ecoaram ao som de “I Need My Girl”.

No desfile de canções seguiu-se “Mistaken for Strangers”, “Apartment Story”, “Conversation 16”, “Abel”, “Alien” e “Smoke Detector”. Sempre em total comunhão com os festivaleiros, seguiu-se mais uma mão cheia de grandes sucessos da banda norte-americana como “Day I Die”, “Rylan”, “England”, “Graceless” e “Fake Empire”, garantindo os melhores momentos da noite.

Já tinham desfilado 18 músicas, mas ninguém mostrava vontade de ir para casa. Para encerrar o concerto, num clima total de festa, seguiu-se a emotiva “Light Years”, com o Parque da Cidade encher-se das luzes dos telemóveis. Num momento que foi deixado para a crítica política, com a dedicatória de “Mr. November” a Joe Biden, e Matt a apelar ao voto no atual presidente norte-americano. O vocalista ainda aproveitou o momento para — aos berros — atacar a Donald Trump. “Fuck Trump”, afirmou.

Durante duas horas, os The National entregaram tudo o que os fãs esperavam, e mais uma vez, receberam amor em troca, com “Terrible Love” e “About Today” para finalizar.

Outro grande destaque da noite do terceiro e último dia do festival foram os Pulp, que tocaram em Portugal pela terceira vez. A banda britânica formada em 1978, regressou à estrada no ano passado e garantiu aos festivaleiros que se encontravam no Parque da Cidade, uma viagem ao baú das memórias do final do século passado.

Temas como “Pink Globe”, “This is Hardcore”, “Babies”, “Commom People”, “Underwear” e “Like a Friend”, fizeram o público cantar e dançar, como se ninguém estivesse a ver. O concerto acabou com uma celebração apoteótica coletiva, a modo dos quase 50 anos de história da banda inglesa.

Os festivaleiros tiveram ainda a oportunidade de “engolir” a fúria dos Mannequin Pussy. Formados em 2010 nos Estados Unidos da América, esta banda não se esconde. São punk rock, noise e até um pouco de nação alternativa. Tem a eletricidade como meio de produção e a mensagem como bandeira. No meio de riffs, manifestaram-se — aos berros — contra a opressão, seja a dos Estados Unidos, da sociedade patriarcal ou de Israel.

Liderados pela feroz Missy Dabice, a banda fez sentir o “barulho” de quase 15 anos de carreira, com gritos, força punk rock e sensibilidade e agenda política. A chuva, convidada inesperada, veio como uma lufada de ar fresco, no meio do concerto.

Os The Legendary Tigerman também declararam todo o seu amor ao Primavera Sound, entre versões de Suicide, Nancy Sinatra e Daniel Johnston. Liderada por Paulo Furtado, que antes atuava sob o nome de “Legendary Tigerman” a solo, agora em formato trio, distribuiu abraços, mensagens antiguerra e apelos ao voto nas eleições europeias, num concerto que devia ter acontecido na sexta-feira, mas que acabou por ser promovido ao palco maior do festival.

Durante três dias, o Primavera Sound Porto recebeu 100 mil pessoas, com 40 mil a destacarem-se no concerto de Lana del Rey. A organização já confirmou que o festival estará de regresso em 2025, ao Parque da Cidade do Porto, entre os dias 12 e 14 de junho.

Carregue na galeria para rever os melhores momentos da última noite do festival.

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