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Tudo o que precisa de saber sobre a 15.ª edição do Porta-Jazz

Sob o mote "Contra o relógio, a favor do tempo", o evento portuense traz cinco dias de concertos, masterclasses e jam sessions.
O Fragoso Quinteto apresenta uma nova peça no sábado, 1 de fevereiro.

Marque na agenda: o primeiro grande evento cultural do Porto está quase aí. O Porta-Jazz regressa para a sua 15.ª edição entre os dias 31 de janeiro e 1 e 2 de fevereiro, no Teatro Rivoli, pilar do Teatro Municipal do Porto. Como é habitual, o Maus Hábitos tem as honras de receber o warm up do evento, na terça-feira, 28 de janeiro. A abertura oficial acontece no Espaço Porta-Jazz, dia 30.

Com o lema “Contra o relógio, a favor do tempo”, o festival contará com cinco dias de concertos, masterclasses, jam sessions e até atividades para toda a família. Em tempo de balanço, João Pedro Brandão, da direção do evento, deixa um desafio: “Parai todos os relógios. Construamos, pelo menos por instantes, um tempo novo e diferente”, enquanto ainda convida a um balanço dos últimos 15 anos.

Ao longo de 15 anos, a Associação Porta-Jazz transformou-se no epicentro de uma comunidade multigeracional sediada no Porto e é muito gratificante ver consolidado o seu alcance nacional e internacional. Demos voz e palco a várias gerações de músicos, editamos mais de 110 discos através do Carimbo Porta-Jazz, aprofundámos parcerias nacionais e internacionais, fizemos encomendas de repertório original e ajudámos a afirmar o jazz nacional”, defende.

A festa de boas-vindas de mais uma edição do Porta-Jazz acontece com um concerto no Maus Hábitos. As honras são do duo Lukraak, pelas 21 horas. A dupla promete contar a sua história a partir de um encontro no metro de Amsterdão. A sua música mistura a liberdade coletiva com a igualdade radical, como meio de ligação — e provocação.

Passado dois dias, quinta-feira, 30, o Espaço Porta-Jazz recebe pelas 21h30, o grupo do baterista Acácio Salero, Samurai Magazine. Em palco, apresentam “Bushido — O Caminho do Guerreiro”, influenciado pela cultura japonesa no século X. Trata-se de um trabalho que viaja no tempo até aos dias de hoje, pela mão de João Guimarães, Dalila Teixeira, Gonçalo Sarmento e Acácio Salero.

Uma programação versátil e multigeracional

Inaugurado o festival, na sexta-feira, 31, o Rivoli recebe, às 18h15, Joana Raquel com o seu disco “Queda Áscua”. Com base no acústico, a cantora e compositora apresentará um repertório que acolhe a espontaneidade e assenta no conceito de canção.

De seguida, em parceria com a plataforma lituana, Improdimensija, há lugar para uma conversa com dois dos mais destacados músicos e improvisadores da Europa, o pianista Agustí Fernández e o saxofonista Liudas Mockûnas. Já às 21h30, Marques/Cabaud feat. O’Gallagher & Williams apresentam “Wabi-sabi”. Parceiros de longa data, Gonçalo Marques e Demian Cabaud convidam o saxofonista John O’Gallagher e o baterista Jeff Williams, grandes nomes do jazz nova-iorquino, para um passeio pelas suas composições originais.

A apresentação é seguida pelo projeto luso-espanhol, Ursa Maior, concebido exclusivamente para celebrar os 15 anos do Festival Porta-Jazz. O mesmo é composto por uma pequena multidão de músicos ligados à associação. É uma espécie de ensemble monumental que quer refletir a ambição, o movimento fervilhante e o espírito coletivo que são características desta comunidade.

A primeira noite no Rivoli termina no TMP Café, pelas 23h30, com um concerto de estudantes da ESMAE JAZZ, seguida de uma jam session. No sábado, 1 de fevereiro, o festival arranca pelas 16 horas com os PAIRA de João Pedro Dias, Gil Silva, Pedro Molina e Gonçalo Ribeiro. Este projeto, também luso-espanhol, convida, através da readaptação de composições em tempo real, desfrutar e navegar na estabilidade e instabilidade, e escutar os diálogos em pleno ar.

Segue-se o trio eclético e provocativo composto por Almut Kühne, Joke Lanz e Alfred Vogel, em parceria com o festival Bezau Beatz. Em “How Noisy Are The Rooms?” (que tão barulhentas são as salas, em português), procuram testar a compreensão perante as diferentes perspetivas sobre o som, emitindo uma forte e constante energia com os elementos que chocam entre si, como uma explosão sonora.

Já pelas 18h15, o contrabaixista João Próspero, apresentará o disco de estreia “Sopros”, inspirado no universo do escritor japonês Haruki Murakami, para quem a música, é um processo de criação constante. 

Em parceria com a AMR — Genėve, chega ao Porto o Emmanuelle Bonnet Quartet, um coletivo que se foca na improvisação e experimentação, construindo através da liberdade dos sons e texturas, o seu discurso em tempo real. Já pelas 21h30, o saxofone alto José Soares apresente o ensemble SOMA, criado para o festival Guimarães Jazz em 2023. Musicalmente, reúne influências de música experimental, noise e contemporânea. As composições e imagens terão como ainda textos de Gonçalo M. Tavares, Robert Musil, Gastón Bachelard, Clarice Lispector e Maria Gabriela Llansol.

Segue-se Fragoso Quinteto com “Carta Derrocada”. O grupo musical apresenta o seu segundo disco, composto por canções sem palavras, improvisação e exploração tímbrica. A noite acaba mais uma vez no TMP Café, com um DJ set de Rui Miguel Abreu, seguida de mais uma jam session.

O último dia do festival arranca pelas 18h15 com a música escrita por Duarte Ventura e Hugo Ferreira para o quarteto GODUA e registada em “STOP”, um disco dedicado ao centro comercial portuense onde todo o trabalho se desenvolveu, incluindo os ensaios e a gravação. Segue-se a proposta da Associação Robalo – congénere da Porta-Jazz em Lisboa: o trio Sonic Tender composto por João Carreiro, Guilherme Aguiar e João Valinho. No palco, vão apresentar “Odd Objects” onde procuraram transmutar fontes sónicas num objeto sonoro unificado.

Pelas 21h30, Demian Cabaud apresenta o seu décimo álbum, “Árbol Adentro”. O disco mistura elementos da música tradicional argentina com jazz contemporâneo. A fechar, uma estreia. O Ensemble Mutante, da compositora e improvisadora eslovena Kaja Draksler, traz uma peça para piano, piano preparado, vocoder microtonal e três vozes: Mariana Dionísio, Sofia Sá e Vera Morais. A apresentação inspira-se no trabalho de dois poetas americanos, Dean Young e Robert Frost, juntando música improvisada e contemporânea.

Para a despedida, em festa, o público é convidado para um Baile Swing, no TMP Café, a partir das 23h30. Uma jam session dedicada ao estilo swing, liderada pelo trio de Ricardo Moreira.

Atividades paralelas no festival

A presença de Agustí Fernández no cartaz levou o festival a convidar o pianista espanhol para fazer uma masterclasse com músicos, estudantes e curiosos, dia 31 de janeiro, às 17 horas, no Pequeno Auditório do Rivoli. No dia seguinte, o TMP Café recebe pelas 15 horas, o resultado do desafio feito pelo festival aos cursos de jazz do Conservatório de Música da Jobra e do Conservatório de Música do Porto. Os estudantes do ensino secundário vão mostrar o trabalho desenvolvido nas aulas de combo, partilhando com o público aqueles que são alguns dos promissores sons da geração vindoura do jazz nacional.

No domingo, dia 2, o Festival Porta-Jazz convida miúdos e famílias para um momento de “Diversão/ Improvisação”, às 11h30, na Sala de Ensaios do Rivoli. Já às 17 horas, o TMP Café será palco de um Coro Instantâneo dirigido pela cantora e improvisadora Almut Kühne. Sem necessidade de qualquer preparação prévia, os presentes serão desafiados a usarem as vozes como instrumentos de um ensemble. Pretende-se proporcionar um lugar de desmistificação perante o ato de cantar, de improvisar, partilhar e comunicar, orientado por cantores experientes, que guiarão o coro por uma viagem em liberdade.

Os bilhetes para o Festival Porta-Jazz estão à venda online e na bilheteira do Rivoli. Por bloco de concertos (tarde ou noite), o custo é de 7€. A atividade “Diversão / Improvisação”, dia 2 de fevereiro, às 11h30, na Sala de Ensaios do Rivoli, custa 2,50€. A programação no Café TMP é de entrada livre. 

Para os concertos do warm up, nos Maus Hábitos, a entrada é livre. Já no Espaço Porta-Jazz, o bilhete custa 7€, sendo gratuito para membros da Associação Porta-Jazz.

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