cultura

Um comboio, emoções e acrobacias: estivemos no ensaio do espetáculo “Passagers”

Antigos artistas do Cirque du Soleil vão estar no Coliseu do Porto a 10 e 11 de fevereiro.
Fotografia de Philippe Escalier.

Quando num comboio se junta um conjunto de estranhos que, em vez de se sentarem em silêncio e ignorando os outros, tentam expressar as suas histórias utilizando o corpo, tudo pode acontecer. Em concreto, acontece “Passagers”, o espetáculo do coletivo circense Les 7 Doigts que sobe ao palco do Coliseu do Porto a 10 e 11 de fevereiro.

Num pequeno ensaio aberto à comunicação social, ao qual a New in Porto assistiu, foi possível ver a interação entre os vários membros do elenco, que inclui artistas de nove nacionalidades diferentes — oriundos de países como Brasil, Estados Unidos da América, Argentina, Finlândia ou Canadá. Neste caso, assistimos ao ato “Imperfect Strangers”, onde se destaca um número de trapézio.

Através dos seus corpos e da interação entre todos, os artistas tentam contar as histórias de cada um, sendo que o olhar dos espectadores acabará por seguir aqueles com quem criam maior afinidade. É normal, até porque há muita coisa a acontecer ao mesmo tempo. Numa coreografia bem pensada e onde não há margem para erro, tudo está pensado ao detalhe e é ao milímetro que cada um dos acrobatas se posiciona em palco, sobretudo para os números mais arriscados, onde voam entre os braços uns dos outros, seja pelo solo ou no trapézio elevado.

Dirigido por Shana Carroll, este espetáculo de circo contemporâneo tem passado por vários locais diferentes a nível mundial, atraindo diferentes públicos com os seus números de dança, acrobacia e expressão corporal. Tal como acontece com os anteriores espetáculos da companhia, “Passagers é uma celebração do Humano e uma reflexão sobre a importância e a beleza das relações interpessoais”, como explicam.

Do elenco atual faz parte o brasileiro Beto Freitas, que garante que o público pode esperar deste espetáculo um grande conjunto de surpresas. “É uma metáfora da vida, na verdade, como se a vida fosse uma grande viagem e que nós todos estamos a viajar no mesmo comboio, cada um tem o seu destino, esse destino pode ser alterado em qualquer momento por alguma situação mas na verdade estamos todos no mesmo comboio, cada um com o seu tempo”, aponta.

Tendo em conta que um dos objetivos dos artistas também passa por emocionar o público, é normal que cada um ao assistir ao espetáculo possa até chorar ou entusiasmar-se com a história contada no palco. Beto acredita que é um espetáculo para todos, independentemente da idade ou da nacionalidade e revela até que os colegas lhe pediram para traduzir algumas das falas para português, de forma a aproximarem-se mais do público portuense.

O acrobata está habituado a este mundo e até já passou pelo famoso Cirque du Soleil. Embora o mundo do circo e da ginástica acrobática não seja tão forte em países como Portugal ou Brasil quando comparado com outros, explica que nas companhias acabam por formar novas famílias que se ajudam enquanto andam em tour. Ao mesmo tempo, acredita que os artistas latinos têm outras qualidades que podem oferecer.

“Por não sermos tão quadrados, com uma técnica absoluta e única como a russa, por exemplo — trabalhei com russos e acho que nos adaptamos muito —, procuramos outras maneiras de estar no palco, não somente a técnica, a qualidade exata e perfecionista, mas também a adaptação. Agora, as companhias pensam de uma forma mais geral de como manter um espetáculo vivo e as pessoas conectadas”, diz, acrescentando: “O segredo é ser versátil ao ponto de saber o que é preciso trazer para cada companhia e reconstruir-se como artista”.

Criada em 2002 no Canadá por sete artistas que integravam o Cirque du Soleil, a companhia Les 7 Doigts — que diz respeito aos sete dedos de uma mão por serem sete membros —, tem como objetivo desde o princípio combinar diferentes disciplinas artísticas. Ao longo do tempo, tem ainda participado em grandes eventos à escala internacional e recebido prémios, além da apresentação dos seus próprios espetáculos.

No Porto, pode ver a mais recente criação tanto a 10 como a 11 de fevereiro, em ambos os dias pelas 21 horas. Os bilhetes custam entre 15€ e 37,50€ e estão disponíveis tanto online como nos locais habituais.

Sobre “Passagers”, Beto Freitas deixa ainda um convite ao público: “Podem vir porque terão uma surpresa enorme, sairão daqui super felizes, com os olhos deslumbrados com muita acrobacia, uma boa interpretação e uma boa conversa”.

Se ficou curioso, carregue na galeria para descobrir alguns dos momentos do espetáculo.

ver galeria

MAIS HISTÓRIAS DO PORTO

AGENDA