Desconstruída e com oito bailarinos em palco, assim será apresentada a versão da Quorum Ballet de “Romeu e Julieta”. A obra com direção artística de Daniel Cardoso chega ao Coliseu do Porto esta quarta-feira, 29 de março.
Embora se baseie no clássico de William Shakespeare, a obra está adaptada de forma a que possa representar o amor em qualquer forma, sem preconceitos e em qualquer tempo. Dá espaço à interpretação dos espectadores, mantendo as principais características da conhecida história.
Este espetáculo de “Romeu e Julieta” estreou pela primeira vez em 2020, embora com algum atraso devido à pandemia. A sua ideia vem de um conjunto de adaptações que a companhia fez de clássicos com acompanhamento de orquestra, entre os quais estão títulos como “Lago dos Cisnes” e “Sagração da Primavera”.
“Quando surgiu este desafio de pegar neste clássico com música de Sergei Prokofiev, a minha ideia era tentar fugir ao original da história porque esta história acaba por ser muito distante das pessoas, estes clássicos são peças que, sobretudo no formato clássico de dança, acabam por ser um pouco longe do público e as pessoas acabam por ver de longe, não têm um relacionamento direto com o que está a acontecer no palco”, começa por explicar à New in Porto o diretor artístico e coreógrafo, Daniel Cardoso, acrescentando: “A ideia aqui foi pegar na peça, no mesmo conceito, mas torná-la mais global e mais humana”.
Assim, os detalhes começam logo ao entrar na sala, quando o público recebe um programa de sala em formato de “Quantos queres?”, o tradicional jogo infantil que vai deixar à aleatoriedade a escolha do rumo da peça. Isto porque em palco estarão oito bailarinos, quatro Romeus e quatro Julietas, cujos destinos não estão definidos à partida, ou seja, a história pode desenrolar-se tanto entre dois Romeus como entre duas Julietas ou entre um Romeu e uma Julieta.
“A forma como aparece o Romeu e a Julieta é aleatória, tal como não podemos escolher quem amamos nem por quem queremos morrer mas, por outro lado, também tem este lado de brincadeira, quase aos olhos de uma criança, porque é um conceito que nós adultos, com a vida dura que levamos, olhamos com uma certa distância”, diz, sublinhando que esta “é uma forma de olharmos mais de perto, de o público ter contacto com este objeto, olhar para a história de uma forma mais direta e próxima”.
Independentemente de quem seja o Romeu e quem seja a Julieta, a história mantém-se fiel ao original, retratado tanto na peça de teatro como no bailado. O fim é aquele que muitos conhecem e, embora se trate de uma história dramática, o coreógrafo garante que existem alguns momentos leves e divertidos pelo meio.
“O Coliseu do Porto será um espaço ideal para virem ver o ‘Romeu & Julieta’ por uma questão de espaço. A peça foi idealizada para salas de grande dimensão e cenicamente e em termos de iluminação é uma peça muito rica”, explica Daniel Cardoso, sublinhando o trabalho de luz que acompanha as ações e encaminha o olhar dos espectadores.
A ideia é que o público veja pessoas em palco mais do que personagens, havendo espaço para a interpretação e imaginação de cada um. Como este é um amor sem género, idade ou tempo, a peça pretende refletir sobre o que o amor representa na vida e para cada um.
Desde que estreou, esta adaptação de “Romeu e Julieta” já percorreu várias salas nacionais e também numa digressão europeia que passou por locais como Alemanha, Dinamarca ou Letónia. Tanto nacional como internacionalmente, o feedback tem sido positivo por parte do público, mesmo com a diversidade de culturas.
“Penso que as pessoas acabam por sair tocadas pelo trabalho, conseguem relacionar-se de alguma forma que não seja só ir ao teatro para ver um bom espetáculo, mais do que isso. Acho que essa mensagem passa, de uma forma ou de outra.”
Embora conte já com cerca de 18 anos de existência, esta é a primeira vez que a Quorum Ballet se apresenta no Coliseu do Porto. O espetáculo está marcado para 29 de março, às 21h30. Os bilhetes custam entre 13€ e 25€.
Carregue na galeria para descobrir alguns detalhes da obra.
