Na quarta-feira, Woody Allen fez o que nunca tinha feito. Viajou até ao Porto para, ao lado da sua banda, dar uma lição de jazz na Super Bock Arena. A visita foi tema de conversa no encontro que tinha agendado para o dia seguinte, esta quinta-feira, 14 de setembro, na Cinemateca Portuguesa.
Foi lado a lado com Ricardo Araújo Pereira, e para uma plateia completamente lotada, que o realizador admitiu ter-se apaixonado pela cidade. “Estive no Porto esta manhã e a noite passada. É uma cidade maravilhosa, nunca lá tinha estado. Apaixonei-me. Foi fantástico”, justificou.
Questionado se pensava eventualmente fazer algum filme em Portugal, Allen foi esquivo. “Já estive em Lisboa algumas vezes, também adoro. Se tivesse uma ideia que funcionasse aqui, adorava”, explicou. “A minha família adora cá vir. Adorava passar aqui dois, três meses, em vez de vir só ocasionalmente passar alguns dias. Se arranjar uma boa ideia, talvez uma ideia com sardinhas.”
O realizador de 87 anos foi a estrela de Gravidade Zero, evento que assume o nome do mais recente livro do cineasta e que foi tema principal da conversa com Araújo Pereira. “Escrevi [o livro] para me divertir. Não é nada de profundo, foi apenas para que as pessoas se possam divertir. É por isso que se chama ‘Gravidade Zero’: não há nada que tenha gravidade ou peso”, explicou sobre a obra que, admite, tem grande influência do humorista S. J. Perelman.
O cinema foi eventualmente trazido à conversa. Questionado sobre os filmes da Marvel, afirmou que está “virtualmente farto” deles. Isto embora admita nunca ter visto nenhum. “Nunca vi um filme da Marvel. Nunca vi, mas sou contra.”
De fora desta conversa ficaram, naturalmente, os temas polémicos que tem manchado a sua vida e carreira, nomeadamente as acusações de que terá abusado sexualmente da filha da então companheira Mia Farrow.