Espanha é o primeiro país europeu a a legalizar uma baixa laboral por dores menstruais incapacitantes. A medida promovida pelo Ministério da Igualdade espanhol permite que mulheres com menstruação severa — a chamada dismenorreia — possam pedir baixa médica, ou seja, sem que os dias de trabalho lhes sejam descontados. Esta doença é um dos efeitos secundários mais dolorosos da menstruação, mas ainda poucos sabem realmente o que é e quais os sintomas.
O ciclo hormonal feminino e a perda cíclica de sangue por via vaginal que o caracteriza na ausência de fecundação afeta as mulheres a vários níveis: além do impacto psicológico também influência o bem-estar físico. Os sintomas variam de mulher para mulher, mas muitas vezes as alterações biológicas relacionadas com a menstruação provocam dores abdominais, abaixo do ventre, ou na zonas dos rins. Podem também desencadear o aparecimento de acne e, em alguns casos, até tonturas.
As cólicas menstruais podem acontecer antes, durante ou após o período. E podem ter outros sintomas associados como febres, vómitos diarreias, tonturas e enxaquecas. Esta fase do ciclo é realmente condicionante para muitas mulheres, que se veem incapacitadas de realizar as tarefas do dia a dia, como ir trabalhar.
O que é a dismenorreia?
Muitas mulheres ainda não acreditam que exista realmente um diagnóstico oficial para o sofrimento mensal causado pelas horríveis cólicas menstruais. Mas há. Chama-se dismenorreia e segundo Paulo Almeida, médico de medicina geral e familiar “caracteriza-se por uma dor forte no abdómen, lombalgia, dores na zona pélvica, e ainda dores na face interna dos membros inferiores”. Normalmente, este tipo de dores aparece antes da menstruação, e pode prolongar-se por um a três dias. “Algumas mulheres sofrem dores tão intensas, que as impedem de realizar as suas atividades quotidianas”, acrescenta o profissional de saúde.
Paulo Almeida explica ainda à NiT que existen dois tipos de dismenorreia: a primária que é provocada pelas cólicas menstruais normais, e a secundária provocada, por exemplo, pela endometriose, por quistos ováricos, ou inclusive infeções.
“No caso da dismenorreia primária, as cólicas menstruais comuns são provocadas por um excesso de prostaglandinas — hormonas responsáveis pelas contrações musculares e pelas cólicas abdominais e no baixo ventre — podendo justificar os espasmos que algumas mulheres relatam.”.
Em casos mais graves, em que as dores são realmente horríveis, o médico aconselha a procurar um especialista porque “quando isto se verifica podemos estar perante o segundo tipo de dismenorreia, causada por patologias mais graves”.
A boa notícia: existem tratamentos
Para ambos os tipos de dismenorreia existem, felizmente, tratamentos. Podem ser hormonais, mais invasivos ou mais naturais. “Tudo depende da resposta do organismo a cada um.”
“O tratamento sintomático da dismenorreia, poderá ser feito com anti-inflamatórios não esteróides (AINES), que aliviam a dor e inibem as prostaglandinas iniciando-se 24 a 48 horas antes, e mantendo-se um a dois dias após o início da menstruação”, indica o médico.
No caso destes últimos serem ineficazes, “podemos tentar a supressão da ovulação recorrendo a contraceptivos orais de estrogénio e progesterona em baixa dose, ou outro tipo de terapêuticas hormonais”. Mas, antes de recorrer à medicação podem ser tentados “tratamentos não farmacológicos, tais como a aplicação de calor local”, ou até com recurso a certos alimentos.
Segundo a nutricionista Bárbara Almeida de Araújo “as nossas escolhas alimentares nestes dias podem influenciar (e muito) os sintomas que aparecem com a menstruação”.
Carregue na galeria para conhecer alguns alimentos que podem ajudar a aliviar as cólicas menstruais.