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Estudo revela que jejum intermitente pode aumentar risco de morte

Investigação analisou 20 mil adultos e aponta para riscos de problemas cardiovasculares.
Tenha cuidado.

O jejum intermitente parece estar em todo o lado. Para uns, é o regime da moda, para outros significa uma enorme e bem-sucedida mudança na rotina alimentar. De forma simplificada, consiste em passar um determinado período sem comer ou com uma ingestão limitada de líquidos sem açúcar, como chá ou café.

Várias celebridades do cinema e da música são fãs deste método: Jennifer Aniston, Scarlett Johansson, Halle Berry, Chris Martin, Bruce Springsteen e Chris Hemsworth são apenas alguns exemplos. Rishi Sunak, primeiro-ministro do Reino Unido, também segue este tipo de padrão alimentar, tal como a NiT já lhe contou neste artigo. No entanto, o jejum intermitente pode não ser assim tão saudável como se pensa: um novo estudo mostra que as pessoas que aderem a esta dieta têm um risco 91 por cento maior de morte por doenças cardiovasculares.

Os resultados foram apresentados numa conferência da American Heart Association na segunda-feira, 18 de março. O estudo analisou 20 mil adultos dos Estados Unidos, acompanhados entre 2003 e 2018, e concluiu que as pessoas que limitavam a sua alimentação a menos de oito horas por dias tinham uma maior probabilidade de morrer por doenças cardiovasculares em comparação com quem comia em intervalos regulares de 12 a 16 horas por dia. Os cientistas descobriram ainda que este risco aumentado aplicava-se também a pessoas que já viviam com uma doença crónica ou cancro. 

O modelo mais comum de jejum é o 16/8, o que pressupõe 16 horas de jejum, seguidas de refeições numa janela horária de oito horas. Alguns estudos anteriores apontavam que este tipo de alimentação poderia trazer benefícios para a saúde, como melhorar a pressão arterial, reduzir a glicose no sangue e o colesterol.

“Restringir o tempo de alimentação diária a um curto período, como oito horas por dia, ganhou popularidade nos últimos anos como uma forma de perder peso e melhorar a saúde do coração”, disse o autor principal do estudo, Victor Wenze Zhong, professor e presidente do departamento de epidemiologia e bioestatística da Escola de Medicina da Universidade Jiao Tong de Xangai, na China. “No entanto, os efeitos a longo prazo para a saúde, incluindo o risco de morte por qualquer causa ou doença cardiovascular, são desconhecidos”, completa. Os resultados do estudo sugerem que as pessoas que praticam jejum intermitente durante longos períodos, especialmente aquelas com problemas cardíacos ou cancro, devem ser “extremamente cautelosas”, sublinhou o especialista.

A investigação também concluiu que as pessoas que fazem jejum intermitente têm menos massa muscular magra do que quem se alimenta durante períodos mais longos do dia. Os cientistas ressalvam ainda que os resultados mostram apenas uma relação entre jejum intermitente e morte por doença cardiovascular, mas não conseguiu mostrar uma causa e efeito.  É possível, por exemplo, que as pessoas que restringiram a ingestão de alimentos a uma janela diária de oito horas tivessem outros hábitos ou fatores de risco que poderiam explicar a sua maior probabilidade de morrer de doença cardíaca.

“Embora o estudo tenha identificado uma associação entre uma janela alimentar de oito horas e morte cardiovascular, isso não significa que a alimentação com restrição de tempo tenha causado morte cardiovascular.” Serão necessários mais estudos para entender melhor os mecanismos biológicos por detrás da associação entre uma alimentação com restrição de horários e resultados cardiovasculares adversos. É também preciso perceber que fatores podem estar relacionados com a morte por doença cardiovascular, como o peso e o stress.

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