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Vem aí um workshop de entrada livre para assinalar o Dia Mundial da Obesidade

O médico Gil Faria alerta, em conversa com a NiP, para as mudanças no estilo de vida necessárias para combater a doença.
Procura-se sensibilizar as pessoas para os impactos da doença.

Frequentemente associamos a obesidade a um estilo de vida inadequado, más escolhas alimentares e ao sedentarismo. Mas a verdade é que se trata de uma doença bastante complexa e que está dependente de outros estímulos — como genética, hormonas, e estímulos ambientais, sociais, comportamentais e culturais.

As alterações de vida dos últimos 50 anos também têm levado a um aumento exponencial da doença. No entanto, e tal como afirma o médico Gil Faria, é necessária a existência de um “terreno fértil”, considerando que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 38 por cento da população tem excesso de peso e 14 por cento sofre de obesidade.

“É indiscutível que a taxa de obesidade global é várias vezes superior ao que existia num passado mais ou menos recente. Isso deve-se a uma combinação de fatores, incluindo mudanças nos padrões alimentares, aumento do sedentarismo (devido ao desenvolvimento tecnológico e a menor necessidade de trabalho físico), e até mesmo a disponibilidade de alimentos processados e ricos em calorias”, explica à NiP.

Nesse sentido e, juntamente com a Medici, associação de apoio à investigação e formação em medicina e cirurgia, no próximo dia 4 de março, segunda-feira, vai decorrer um workshop para assinalar o Dia Mundial da Obesidade. O anfitrião será o profissional de 44 anos, que conta com mais de 30 artigos científicos, redigidos sobre o tema e que realizou cerca de cinco mil cirurgias em Portugal. Foi mesmo o primeiro cirurgião português a conduzir cirurgias para o tratamento da obesidade em ambulatório, na Península Ibérica, quer sleeve gástrico, em 2021, como bypass gástrico, em 2023.

“Decidimos organizar este evento com o intuito de chegar a um público mais alargado que sofre em silêncio com esta doença e que vive, muitas vezes, rodeado de tabus e preconceitos”. O especialista acrescenta: “No nosso dia a dia percebemos, em contexto de consulta, que existem inúmeras dúvidas sobre a doença da obesidade, assim como em relação aos tratamentos existentes para combater esta patologia, designadamente a cirurgia bariátrica, que é uma intervenção médica, felizmente, cada vez mais segura e menos invasiva, e com excelentes resultados a médio e longo prazo”.

A iniciativa contará com dois testemunhos de pacientes já operados, que continuam a lutar diariamente contra a doença e que pretendem, com a sua história, incentivar outros doentes a procurarem ajuda médica profissional.

Tal como o especialista explica à NiP, a prática de exercício físico e uma alimentação saudável são componentes fundamentais no controlo e prevenção da obesidade. Contudo, uma vez instalada a doença, não se revelam suficientes. Nestes casos, o tratamento eficaz passa por uma abordagem multifacetada e multidisciplinar.

“Cada pessoa é única e o tratamento ideal deve ser personalizado, conforme a situação e necessidades de cada paciente. No entanto, é cientificamente claro que nos casos graves e resistentes de obesidade, o tratamento cirúrgico é a melhor alternativa; quer do ponto de visa de eficácia, quer do ponto de vista económico”, afirma.

A evolução técnica e tecnológica das últimas duas décadas tem contribuído para que a cirurgia metabólica (para regulação do descontrolo metabólico associado à obesidade) seja realizada com uma invasão mínima ao doente, praticamente sem dor e com uma recuperação funcional muito rápida. 

“O risco de complicações graves associadas a este tipo de cirurgias ronda os 1% e, em alguns casos selecionados, é inclusivamente possível realizar a cirurgia em regime de ambulatório. E quando realizada neste regime, possibilita ao doente o regresso a casa no próprio dia ou em menos de 24 horas após a cirurgia e a introdução da dieta apenas duas horas após a intervenção”, explica.

É o primeiro cirurgião português a realizar cirurgias para o tratamento da obesidade em ambulatório.

O reputado chef Álvaro Costa vai também participar na dinâmica com um showcooking onde pretende demonstrar que é possível comer de uma forma equilibrada e balanceada, com alternativas de fácil digestão, tal como é exigido no período pós-cirurgia.

“O meu plano passou por estabelecer refeições que se ajustassem às circunstâncias e satisfaça, acima de tudo, o prazer de comer. No evento vou ensinar a fazer três momentos à mesa que, apesar dos limites da cirurgia, vão trazer ao doente uma alimentação equilibrada e completa”, conta à NiP.

A base destas três propostas é o caldo, por se tratar de um tipo de alimento de fácil digestão e que ao mesmo tempo vai satisfazer as necessidades de cada pessoa. A primeira sugestão passa por fazer um caldo de cogumelos, seguido por um arroz de limão com robalo e coentros e, para finalizar, leite creme.

“O objetivo é demonstrar que, apesar de utilizarmos alimentos básicos e vulgares, a técnica do caldo e a utilização de outros elementos como algas e ervas aromáticas vai elevar o sabor concentrado dos alimentos sem representar um risco na recuperação e mudança de estilo de vida”, acrescenta.

A iniciativa está agendada para as 18h30, na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, localizada no número 405 da Rua Delfim Maia no Porto. A participação é gratuita, mas tem lugares limitados, por isso aconselha-se a inscrição prévia através do email geral@nullmedici.pt 

O médico Gil Faria ainda alerta para a importância da prevenção da doença e o papel que tem a nível emocional nas pessoas. “Gostaria de passar a mensagem de que é a importante a prevenção, o cuidado com a saúde e o respeito pelo nosso corpo. A obesidade é uma doença séria, que tem um impacto significativo na saúde física e emocional. É então fundamental adotar hábitos saudáveis, procurar ajuda profissional, quando necessário, e entender que cada vida é única. A empatia, a educação e o apoio mútuo são essenciais para enfrentar este desafio com sucesso.”

 
 
 
 
 
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